
“Há factos que têm gravidade, não vou disfarçar, e que se estão a passar em Portugal nessa matéria, mas não quero fazer em Bruxelas nenhum comentário sobre isso”, disse Pedro Passos Coelho, à entrada para a reunião do PPE de preparação da cimeira europeia de chefes de Estado e do Governo, que decorre até sexta-feira, em Bruxelas.
Às questões dos jornalistas portugueses, o antigo primeiro-ministro remeteu para mais tarde outros comentários às “questões, que são graves, mas que merecem ser devidamente respondidas em Lisboa”.
“Reconheço que há uma situação que tem gravidade, e que precisa de ser devidamente respondida, mas não aqui”, concluiu.
Esta manhã, também em Bruxelas, o primeiro-ministro, António Costa, escusou-se a comentar se Carlos Costa deve abandonar o cargo de governador do BdP, recordando que a instituição “goza de independência”.
O líder do PSD disse ainda esperar que “o Governo esteja comprometido” a afastar preocupações do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem. Passos salientou que o dirigente comunitário também mostrou “satisfação (…) por ver o governo português a manifestar-se comprometido com a correção dessa perceção” negativa sobre o rumo das contas públicas nacionais.
“Acho que o governo deve ser sensível a isso. Ainda hoje ouvi uma declaração, creio que do presidente do Eurogrupo, a dar conta das preocupações que existiam com o processo orçamental, mas com satisfação (…) por ver o governo português a manifestar-se comprometido com a correção dessa perceção. E, eu espero que o governo português estava de facto comprometido com isso.”
Passos Coelho considerou que “os partidos podem ter as suas divergências quanto à melhor forma de proceder”, mas não podem deixar dúvidas no exterior, “sobre a nossa capacidade e a nossa vontade para cumprir os compromissos, que assumimos no passado, para manter a trajetória económica num sentido positivo”, advertindo que “sempre que do ponto de vista externo existirem dúvidas (…) isso prejudica-nos a todos”.