Este documento incide sobre os aspetos sociais da cibersegurança, isto é, como os cidadãos em geral pensam e agem neste domínio. Mostra, por exemplo, que 49 % dos inquiridos estão preocupados com a segurança dos dados pessoais e que 73% evitam mesmo revelar informação pessoal online. Já no que respeita à preocupação com os pagamentos online, denota-se uma descida de 47%, em 2017, para 38%, em 2018.
Uma das maiores preocupações diz respeito ao software malicioso, em relação ao qual 75% mostram estar, o que se traduz num aumento de 4% em relação a 2017.
O relatório utiliza diversas fontes reconhecidas, tais como o Eurobarómetro, o Eurostat, o Instituto Nacional de Estatística ou a Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, privilegiando os dados mais recentes, bem como aqueles que permitem leituras em linha temporal e tem como objetivo informar a comunidade sobre esta componente, de modo a contribuir para a construção de estratégias de educação e sensibilização eficazes e políticas públicas conscientes.
Comparativamente com a UE, no que toca à mudança de comportamento por causa de preocupações com a cibersegurança, os portugueses têm menos cuidados com o uso de palavras-passe. De acordo com os dados divulgados, 13% (29% na UE) dos inquiridos utilizaram diferentes palavras-passe para diferentes websites, 12% (27% na UE) optam por palavras-passe mais complexas que no passado e 16% (21% na UE) mudaram a palavra-passe regularmente.
O roubo de identidade, a fraude bancária e a pornografia infantil são os crimes no ciberespaço considerados mais sérios – 75%, 78% e 85% respetivamente.
Ao contrário da UE, o discurso de ódio online é considerado dos menos sérios (46% em Portugal consideram muito sério, enquanto na UE a percentagem é de 61%). Comparando com a UE, o assédio online é pouco discutido com os filhos: 11% (20% na UE) dos pais admitem que falam disso com os filhos e também há uma baixa percentagem (24%) que afirmam ter sistema de segurança no smartphone previamente instalado no equipamento.
Já 3% sentem-se muito bem informados e 52% não se sentem bem informados quanto ao risco de cibercrime.
Trata-se do primeiro Relatório setorial, de vários a serem lançados pelo Observatório de Cibersegurança, pretendendo-se cobrir as seis Linhas de Observação definidas (Riscos & Conflitos, Economia, Sociedade, Ética & Direito, Políticas Públicas e Inovação & Tecnologias Futuras).
Recorde-se que o Observatório de Cibersegurança foi criado em 2019 pelo Centro Nacional de Cibersegurança com o objetivo de promover a partilha de conhecimento multidisciplinar sobre a cibersegurança em Portugal. Desta forma, foi construído em articulação com a comunidade, nomeadamente stakeholders e representantes académicos das áreas em causa.