Início Atualidade 16ª edição do Festival Terras sem Sombra decorre em 13 concelhos alentejanos

16ª edição do Festival Terras sem Sombra decorre em 13 concelhos alentejanos

16ª edição do Festival Terras sem Sombra decorre em 13 concelhos alentejanos
Texto: LUSA Foto: Nuno Veiga/LUSA

A 16.ª edição do Festival Terras sem Sombra, apresentada em Lisboa esta terça-feira, decorre até julho em 13 concelhos alentejanos, sob o mote “Uma Breve Eternidade: Emoções e Comoções na Música Europeia (Séculos XII-XXI)”.

De caráter itinerante, o festival tem, em 2020, como país convidado a República Checa e projeta concertos, conferências temáticas, espaços de pedagogia artística, visitas guiadas e iniciativas de salvaguarda dos recursos da biodiversidade, sendo todas as atividades – mais de mais centena – com entrada livre.

Um dos destaques da edição deste ano é um núcleo programático pensado para as crianças, o “Kids Terras sem Sombra, com o objetivo de reunir as famílias em torno da música e dos patrimónios artístico e natural”, explicou à agência Lusa a diretora executiva do certame, Sara Fonseca, realçando “a firme vontade de partilhar e projetar o legado cultural e natural do Alentejo” e “o interesse em criar novos públicos”, referindo o papel que desempenha na descentralização cultural.

Este ano estão programados 18 concertos, que abarcam um amplo repertório musical desde a Idade Média até à atualidade, e o festival vai acontecer em Vidigueira, Barrancos, Mértola, Arraiolos, Viana do Alentejo, Beja, Ferreira do Alentejo, Castelo de Vide, Sines, Alter do Chão, Santiago do Cacém e Odemira, mais três concelhos que no ano passado.

Do cartaz fazem parte o Tiburtina Ensemble, o violoncelista Pedro Bonet, o contratenor José Hernández Pastor, a flautista Monika Streitová e a pianista Ana Telles, que vão interpretar obras de compositoras para Flauta e Piano, o ensemble La Ritirata, o Kállai String Quartet, a soprano Andión Fernandez acompanhada pelo pianista Alberto Urroz, o grupo vocal Utopia Ensemble, o Clarinet Factory, e o ensemble Cupertinos, que apresentam o concerto “Salve Regina: O Culto de Maria na Obra de D. Pedro de Cristo”.

Este ano a programação inclui um “concerto-surpresa”, no dia 13 de junho, num “lugar-surpresa” e a “uma hora-surpresa”. Segundo fonte da organização, a ideia é conjugar a tradição dos Santos Populares com o Solstício de verão, “uma ideia promissora, naquilo que será um jogo entre a expectativa, o imaginado e aquela que será a efetiva concretização”.

Do cartaz fazem ainda parte o Smetana Trio, fundado em 1934 pelo pianista Josef Pálenícek, pelo violinista Alexandr Plocek e pelo violoncelista František Smetana, e a Orquestra Barroca Musica Florea que apresenta um concerto de música dos séculos XVII e XVIII, intitulado “Deus, Pátria, Rei: A Música da Era Barroca em Praga”.

A par da programação musical, o festival projeta um conjunto de visitas guiadas por peritos a vertentes pouco conhecidas do património material e imaterial e de sensibilização sobre as vantagens de preservação da biodiversidade. Este ano, entre outras, está previsto uma visita ao Sítio Arqueológico romano de São Cucufate, na Vidigueira, um encontro sobre o barranquenho, “a língua – não oficial – da zona raiana de Barrancos”, uma visita sobre o legado islâmico em Mértola, um encontro sobre os Tapetes de Arraiolos, outro sobre o Chocalho e a Arte Chocalheira, entre outros que vão atravessar as memórias judaicas de Castelo de Vide, a cestaria em Odivelas, no concelho de Ferreira do Alentejo, as artes tradicionais da pesca, em Sines, a Coudelaria de Alter, o sítio arqueológico de Miróbriga (Santiago do Cacém) ou o Forte de São Clemente, em Vila Nova de Milfontes.

No âmbito da valorização do património natural, a edição do Terras sem Sombra deste ano vai efetuar ações de salvaguarda ‘in situ’ nos laranjais da Vidigueira, no rio Ardila, que nasce em Espanha e desagua na margem esquerda do rio Guadiana, próximo de Moura, uma iniciativa de sensibilização sobre agricultura sustentável em Mértola e outra sobre a proteção da raça bovina Garvonesa ou Chamusca, na Herdade da Mata, em Alcáçovas, que desde 1994 a tem preservado.

O uso alimentar da bolota colhida nos montados de Arraiolos, a produção artesanal da cal, na freguesia de Trigaches, em Beja, as redes funcionais da biodiversidade de Ferreira do Alentejo, a Serra de São Mamede, os peixes, moluscos e crustáceos, o cavalo Lusitano e o uso da salada na dieta mediterrânica são outros temas abordados nesta edição do Terras Sem Sombra.

O festival é apresentado esta terça-feira na Academia das Ciências de Lisboa, instituição fundada por duas figuras ligadas ao Alentejo: o abade Correia da Serra e João Carlos de Bragança e Ligne de Sousa Tavares Mascarenhas da Silva, 2.º duque de Lafões.

O festival é organizado pela associação Pedra Angular, com múltiplas parcerias, que viu a Direção-Geral das Artes atribuir-lhe um apoio de 137,5 mil euros para 2020 e 2021 no âmbito do programa de apoio sustentado bienal, na área da programação.