A TPF – CONSULTORES DE ENGENHARIA E ARQUITETURA, S.A. é hoje um dos principais players no domínio da engenharia em Portugal, perpetuando uma dinâmica assente na qualidade, excelência e rigor. No sentido de contextualizar junto do nosso leitor, de que forma é que a marca tem vindo a promover uma vertente positiva na sua atuação, apostando incessantemente na inovação?
A TPF começou por materializar a visão estratégica de apoio à inovação em 2012 com a criação de uma comissão para a modernização informática. À época, a digitalização ainda não se tinha transformado na buzzword dos dias de hoje. Foi no seio dessa comissão que se identificou o BIM (Building Information Modelling) como o futuro do setor AECO (Architecture, Engineering, Construction and Operation). A TPF apostou, desde logo, na formação dos colaboradores e na definição do núcleo BIM. O sucesso do trabalho desenvolvido no departamento de Estudos e Projetos permitiu que o núcleo crescesse e alargasse a sua área de intervenção, sendo hoje um departamento de suporte a todas as áreas da empresa, designado Centro de Inovação e Tecnologias de Informação e Comunicação. A TPF tem hoje um papel ativo na comunidade BIM, pertencendo a diversos grupos de trabalho, participando em congressos e partilhando a sua experiência através da divulgação de artigos.
De forma a informar o nosso leitor, o que é o BIM e que vantagens aporta esta metodologia ao mercado?
De acordo com a Comissão Técnica de Normalização CT 197 é o “uso de uma representação digital partilhada de um ativo construído para facilitar os processos de projeto, de construção e de operação, formando uma base confiável para apoiar a decisão”. Essa representação é orientada a objetos e paramétrica. Isto significa que cada objeto representa um elemento da construção, como uma porta, e que se relaciona com outros elementos. Estas relações são dinâmicas. Se a parede se deslocar, então as portas associadas a essa parede também se irão deslocar. Para além disso, cada elemento tem propriedades, não havendo limites para a informação que podemos associar aos elementos e muito menos para o uso que podemos fazer dela e é aí que está o potencial do BIM.
A que desafios vem responder o BIM e, sobretudo, porque se tornou crucial na Indústria AECO?
Um dos grandes desafios a que o BIM procura dar resposta é à gestão da informação. Num processo tradicional, cada entidade funciona como um silo, agregando um conhecimento do empreendimento que, em parte, se perde no envio da documentação produzida à entidade seguinte. Ao promover um ambiente comum de dados (CDE), o BIM procura eliminar essas perdas.
Um outro desafio a que o BIM procura dar resposta é à afetação mais eficiente dos recursos. Num processo tradicional, o esforço está concentrado na fase de preparação de obra. Nessa fase, o custo de alteração ao projeto já é considerável. O que se pretende com o BIM é deslocar esse esforço para a fase de conceção, onde a capacidade de fazer alterações é mais elevada. Esta mudança só é possível com planeamento. É necessário que se definam claramente os requisitos de informação e que se convoquem as diferentes entidades fornecedoras no início do processo para que, em conjunto, possam definir o Plano de Execução BIM (BEP).
De que forma tem o BIM um impacto positivo em todas as fases do ciclo de vida de um projeto?
Dando apenas alguns exemplos, ao usar as
ferramentas disponíveis para deteção de interferências, é possível antecipar potenciais problemas em fase de obra e resolvê-los de forma menos onerosa durante a fase de projeto. Tirando partido das ferramentas de análise e simulação, é possível estudar os materiais e as soluções que garantem maior eficiência do empreendimento durante a sua fase de operação. A gestão e manutenção dos empreendimentos beneficia, ainda, do acesso à informação centralizada e estruturada disponível no CDE.
Que análise perpetua da utilização do BIM em Portugal? Estamos bem posicionados comparativamente a outros congéneres europeus?
Os países nórdicos foram dos primeiros a aplicar esta metodologia. Nos últimos anos assistimos também a iniciativas dos Governos francês, alemão e espanhol. Contudo, nenhum país investiu tanto como o Reino Unido, que tornou o BIM obrigatório em 2016. O nosso Governo ainda não assumiu este compromisso, nem sabemos se o vai fazer. Ainda assim, o lançamento de obras públicas com requisitos BIM está a promover a maturidade BIM do setor em Portugal. É, ainda, de saudar a presença de Portugal na Comissão Técnica 442 do Comité Europeu de Normalização que se dedica ao BIM. A TPF orgulha-se de fazer parte da CT 197 que é o mirror committee do CEN/TC442.
A TPF oferece serviços nas áreas de negócio de Estudos e Projetos e Gestão e Supervisão de Obras. De que forma é que cada um dos mesmos são suportados em metodologias e processos BIM?
A implementação da metodologia BIM na TPF começou no Departamento de Estudos e Projetos e só mais tarde passou para a Gestão e Supervisão de Obras. Neste momento ambas as áreas de negócio estão preparadas para responder a solicitações com requisitos BIM. Os Estudos e Projetos, por estarem no início do processo de materialização de um empreendimento, gozam de maior liberdade na definição da metodologia a usar. A Gestão e Supervisão de Obras acaba por estar mais dependente da metodologia utilizada nas fases anteriores. Ainda assim, há uma série de medidas que podem ser adotadas para trazer para a obra os conceitos BIM. Mesmo quando não há modelos, continua a fazer sentido promover um CDE. É possível tirar partido das aplicações móveis e disponibilizar checklists digitais. A centralização da informação permite gerar relatórios e indicadores que tornam mais claro o estado dos trabalhos, facilitando a toma de decisão.
Acredita que de futuro, o modelo BIM será inevitável, por exemplo, a nível internacional, até porque sabemos que atualmente muitos concursos internacionais já requerem que a candidatura seja feita em BIM.
O BIM já é inevitável, apesar de ainda se verificar alguma resistência na sua implementação. A transição é complexa e isso pode desmotivar um pouco as empresas. Mas, a verdade é que quanto mais tarde se aceitar que o BIM veio para ficar, mais difícil será fazer essa transição. As empresas que não apostarem no BIM correm o risco de ir perdendo a sua quota de mercado para as empresas da concorrência que o fizeram e que já estão a beneficiar do aumento da produtividade e a recuperar o investimento com um retorno que pode ser muito significativo. Para além disso, as empresas que apostaram no BIM reforçaram a qualidade dos seus serviços, o que terá naturalmente um reflexo na imagem das suas marcas.
O que podemos continuar a esperar por parte da TPF de futuro e quais serão os desafios da marca para 2020?
A TPF sempre teve como linha orientadora manter-se a par dos avanços tecnológicos mais recentes. A investigação e o desenvolvimento fazem parte do nosso ADN empresarial desde sempre, como o comprovam as múltiplas ligações da empresa ao mundo académico, através de parcerias profícuas com diversas Universidades. Apesar das dificuldades impostas pelo contexto pandémico que marcará indelevelmente o ano de 2020, acreditamos que só mantendo esta atitude podemos melhor servir os nossos Clientes e os nossos Colaboradores. Queremos continuar, no futuro, a ser uma empresa conotada com os mais altos padrões de qualidade, com a qual e na qual haja satisfação e orgulho em trabalhar.