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“CONTRIBUIR SIGNIFICATIVAMENTE PARA A INDÚSTRIA COM SOFTWARE INOVADOR”

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“CONTRIBUIR SIGNIFICATIVAMENTE PARA A INDÚSTRIA COM SOFTWARE INOVADOR”

Quando foi edificada a CSI Portugal e de que forma é que a marca tem vindo a contribuir para o mercado, apostando em pilares como a excelência, a diferenciação e uma dinâmica positiva de valor através de produtos e serviços de vanguarda?
Em 2004, em resultado de uma grande paixão por software, elementos finitos e engenharia, dei os primeiros passos para estabelecer uma atividade empresarial focada naquilo que desde 2009 se transformou nas marcas CSI Portugal e CSI España. Por outro lado, a CSI Computers & Structures, empresa americana sediada na Califórnia, com a qual mantemos uma estreita ligação e dependência, iniciou a atividade em 1975, numa década de ouro e clara expansão das tecnologias associadas aos elementos finitos. A tecnologia subjacente aos produtos que vendemos, os elementos finitos, é por si um pilar fundamental da evolução tecnológica nas últimas décadas da civilização moderna. Sem os elementos finitos não teríamos o mundo que conhecemos hoje e não teríamos os desenvolvimentos que hoje reconhecemos em estruturas, aeronáutica, aeroespacial, naval, medicina, electrónica, geotecnia e muitas outras áreas onde a modelação de problemas do nosso mundo pode ser simplificadamente resolvida com a resolução de equações diferenciais. A nossa missão tem sido garantir uma consistente qualidade e evolução dos nossos produtos e fundamentalmente prestar aos engenheiros que usam estas tecnologias, serviços de suporte técnico e formação muito focadas nos problemas de engenharia e numa clara e transparente aplicabilidade de conceitos científicos e académicos em problemas reais, contribuindo para uma formação contínua que vai muito para além da simples utilização do interface do software. A nossa maior diferenciação qualitativa está a montante, relacionada com a nossa paixão por engenharia, desenvolvimento de software e elementos finitos.

Sabemos que hoje, cada vez mais, vivemos num período em que a Transformação Digital, mais que uma necessidade, passou a ser uma exigência. Neste sentido, de que forma é que a CSI Portugal tem vindo a promover e a apoiar os seus clientes neste processo para um domínio mais inovador?
Por termos tido desde sempre um foco em software, temos estado naturalmente envolvidos na transformação digital. Vários aspetos relacionados com, por exemplo, o licenciamento dos nossos produtos, com a forma como gerimos a relação comercial e de suporte com os clientes, com as ferramentas que usamos para ministrar formações, com as tecnologias que usamos para desenvolver software e soluções para clientes, demonstram claramente a forma como estamos, nós e os clientes, profundamente dependentes e enraizados nas tecnologias digitais. Apostamos também em inovação, mas neste caso associada a tecnologias computacionais que são usadas nos nossos produtos e que fazem parte do nosso processo interno de investigação e desenvovimento para criar soluções inovadoras que beneficiem os engenheiros e clientes em geral.

Sente que hoje os empresários lusos estão mais recetivos às necessidades de tornar os seus negócios mais direcionados para a inovação e para a transformação digital?
Em geral os empresários e os engenheiros com quem nos relacionamos estão naturalmente recetivos à transformação digital e muito interessados em perceber como a inovação pode ser usada na sua atividade. Por um lado, sentem-se normalmente atraídos por tecnologia e gostam de explorar as tendências mais recentes e, por outro, do ponto de vista empresarial, sentem que faz sentido procurar ou explorar transformações digitais que tornem o negócio mais rentável e competitivo. Exemplificando, nos últimos anos temos assistido a um profundo e crescente interesse na implementação de tecnologias BIM (Building Information Modeling) que tem permitido um mais eficiente processo de comunicação e partilha de dados entre os vários intervenientes no processo de desenvolvimento de projetos de infra-estruturas como edifícios, estruturas industriais e pontes, conduzindo potencialmente a reduções significativas de custos, erros e omissões durante a fase de projeto. Existe também a consciência que a inovação digital pode em algumas situações, potencialmente tornar alguns dos processos de engenharia mais opacos, mais rígidos e mais dependentes daquilo que as empresas que desenvolvem software tenham implementado como solução. Em suma, é um caminho inevitável, vantajoso, mas que tem que ser percorrido com as devidas precauções para que a qualidade da engenharia ou do processo criativo nunca seja colocada em causa.

De que forma é que a Inteligência Artificial começa, cada vez mais, a ser analisada em Portugal como uma importante fonte no que concerne à Inovação? Qual o papel da CSI Portugal no domínio da IA? É legítimo afirmar que a IA é o futuro?
O termo inteligência artificial é por vezes usado num âmbito demasiadamente amplo. Existem muitas tecnologias digitais que atualmente são usadas de forma muito inteligente, de forma inovadora e disruptiva, mas na verdade não são de todo inteligencia artificial. Por exempo, hoje vemos na área do projeto de arquitetura cada vez mais modelações geométricas paramétricas, formas cada vez mais criativas assistidas pelo software, mas não são necessáriamente fruto de inteligência artificial. É importante definir o que separa inteligência artificial do resto. Inteligência artificial necessita de um ou mais sistemas que sejam capazes de intepretar dados externos, aprender através desses dados externos e posteriormente aplicar essa aprendizagem em tomadas de decisões, classificações, ou simplesmente atingir objetivos e realizar tarefas. Assistimos nos últimos anos a uma crescente divulgação e aplicabilidade de IA em Portugal e em empresas portuguesas, sendo que nos parece óbvio uma continuidade desta tendência. Nós consideramos a inteligência artificial como uma tecnologia fundamental que está e vai continuar a mudar a forma como a sociedade funciona e parece-nos incontornável que também esteja e venha a ser usada na nossa área de trabalho de engenharia cada vez mais. Actualmente já se dão alguns passos nessa direção e a nossa empresa está envolvida num projeto onde a médio prazo a inclusão de AI fará parte do processo de investigação e desenvolvimento, onde se irá prototipar a capacidade intepretativa de bases de dados vectoriais de modelos geométricos. Hoje em dia vemos de forma bastante comum a inteligência artificial a ser usada na interpretação de imagens, vídeos, voz, texto, entre outros, mas, na nossa área, temos necessidade de ter o computador a interpretar e compreender modelos de forma que seja possível auxiliar o processo de decisão e modelação do engenheiro. Como observação final, parece-me interessante referir que embora IA tenha aberto uma enorme oportunidade para abordar problemas e encontrar soluções que seguindo metodologias programáticas tradicionais seria muito difícil ou mesmo impossível, é importante perceber que existem riscos associados à difícil previsibilidade de IA em situações relativamente diferentes daquelas para as quais foi treinada e não devemos olhar para IA como uma solução mágica para tudo mas como uma ferramenta auxiliar que irá progressivamente demonstrar o seu potencial à medida que o hardware e a capacidade de “ensinamento” de sistemas de IA sejam melhorados.

Sendo vocês uma empresa que olha para inovação como um objetivo, sente que hoje em Portugal vivemos uma senda de procura pela transformação digital e inovação? A pandemia da COVID-19 veio acelerar esse processo?
Portugal parece-me sem dúvida um país cheio de talentos e pessoas inteligentes. Sinto uma clara sensação de termos um tecido empresarial e académico com bastante “eficiência” em inovação e em penso que existe uma motivação clara, quer do ponto de vista de quem gere fundos públicos e privados, quer do ponto de vista de quem desenvolve a indústria, de tornar Portugal numa crescente referência em inovação. A pandemia que agora enfrentamos lançou grande parte das empresas e instituições para uma solução de trabalho remoto e parece-me que não só forçou e motivou a uma melhor utilização de metodologias de gestão e comunicação remotas associadas a tecnologias de informaçao, como adicionalmente impulsionou muitas empresas desta área a criar soluções inovadoras para dar resposta a múltiplos desafios, oportunidades e necessidades que, entretanto, surgiram. Diria que a pandemia veio criar picos de inovação, mas em geral, sem considerarmos futuros efeitos de possíveis novas e eficientes políticas de relançamento da economia, corremos o risco de haver um estrangulamento da inovação, se local e globalmente assistirmos a uma retração económica significativa.

O que podemos continuar a esperar da CSI Portugal para o futuro e quais os desafios que se colocam à marca neste domínio da inovação?
A CSI Portugal, está claramente focada em criar valor tecnológico e inovação do ponto de vista do software que estamos a desenvolver, assim como criar valor na forma como contribuímos com cursos formativos, consultoria e suporte técnico para os nossos clientes. Os desafios claros que temos pela frente são fundamentalmente dois. Contribuir significativamente para a indústria com software inovador e impulsionar o necessário reconhecimento da profissão de engenheiro de estruturas como uma importante e muito relevante atividade do nosso tecido social, científico, empresarial e económico.