O LNEG promove Ciência em Energia e Geologia com vista à aplicação em soluções avançadas que alavanquem economia. Assim, qual tem sido o papel do LNEG no domínio do H2?
O H2 é há muito utilizado na indústria nomeadamente para a produção de amónia. O LNEG tem mantido competências avançadas em toda a cadeia de valor, desde a avaliação das diversas fontes de água até à identificação dos vários processos de eletrólise, incluindo a produção a partir da biomassa até ao uso final. Somos um parceiro com conhecimento em toda a cadeia do H2. Recentemente, fizemos um estudo exploratório com vista à implantação de projetos H2 verde, com eletricidade renovável, identificando os obstáculos ainda em toda a cadeia. Numa postura prospetiva, produzimos em 2019 um “Roteiro para a IDI em H2 como vetor energético” – contribuição para o alinhamento do desenvolvimento desta tecnologia com o investimento, enquadrado numa estratégia que mobilize e integre as capacidades nacionais.
O LNEG tem sido chamado para os diversos fóruns promovidos pelo MAAC e pelo SEAE tendo contribuído para a consulta pública para a EN-H2.
Portugal reúne as condições necessárias no sentido de continuar a promover e a elevar o H2 como o combustível do futuro? O que falta na sua opinião? Como tirar partido das mais valias do H2?
É esta a política da CE, todo o quadro de fundos se foca na economia verde. Portugal quer reunir as condições e tem todas as possibilidades para tal, não há outra solução!
Uma nova revolução industrial. Precisamos de renováveis, de segurança no abastecimento e de descarbonização, mas há setores completamente dependentes do GN e a eletrificação não resolve todos os problemas, mesmo com armazenamento. Temos metas a cumprir e fundos do EGD que não se aplicam a combustíveis fósseis. A neutralidade carbónica, compromisso, pós Acordo de Paris, não será atingida sem descarbonização em todos os setores, transporte rodoviário, navegação de longo curso, aviação, processos industriais, incluindo fornos de altas e muito altas temperaturas. No entanto, no contexto de descarbonização do sistema energético e da promoção de H2, existem várias questões chave que necessitam de ser trabalhadas para criar condições que garantam os investimentos necessários, olhando a sustentabilidade, a potenciação das atividades de IDI, a criação de postos de trabalho e as questões de aceitação social. O LNEG elaborou um documento resposta à consulta pública EN-H2 onde realçamos pontos onde atuar:
• Regulamentar a produção de gases renováveis;
• Regular a injeção de gases renováveis na rede nacional de GN;
• Projetar mecanismos de apoio à produção de H2 (2 GW de eletrolisadores até 2030);
• Implementar garantias de origem para gases renováveis;
• Garantir que os recursos financeiros disponíveis, nacionais e europeus, permitam o apoio à produção de gases renováveis;
• Propor metas vinculativas, que orientem os investidores, até 2030.
Garantidos estes pontos o H2 não oferece apenas um contributo para o armazenamento que permite otimizar a utilização dos recursos renováveis, é um vetor que a ser utilizado na forma gasosa substitui o gás natural e na forma líquida substitui os combustíveis fósseis nos transportes, nos setores do longo curso rodoviário, na aviação, na navegação e no ferroviário.
Que mensagem gostaria deixar sobre esta aposta nas mais valias do H2?
Confiança na aposta. A varinha mágica está na capacidade de fazer uma análise sistémica aproveitando ao máximo todas as sinergias da panóplia tecnológica ao nosso alcance. Como garantir a segurança do abastecimento de energia a Portugal? Nada fazer? Apostar nos combustíveis fósseis? Avançar para o nuclear? Mais hidroelétricas? Aceitar a intermitência, da energia eólica e solar?
O LNEG está a participar no esforço de tornar madura a tecnologia do H2 e contribuir para a industrialização do nosso país. Como o MAAC e o SEAE referem, garantindo que todo o processo tarifário será desenhado de forma a não haver custos adicionais para os contribuintes, o Governo definiu a estratégia com base no estado da arte nesta matéria, colocou-a em consulta pública e promoveu discussão em fora aberto a todos os setores – da comunidade académica aos setores da indústria, dos transportes, da energia e inclusive nas necessidades de formação.
Não estamos sós numa estratégia para o H2, temos como exemplos: Espanha, Alemanha e Holanda. Abracemos esta oportunidade que tem a apetência dos investidores, vem criar potencial de exportação e se nada fizermos arriscamo-nos a ficar para trás, poluentes e dependentes. Ficarmos na cauda da Europa.