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HIDROGÉNIO E O SEU (IMPORTANTE) PAPEL NA SOCIEDADE

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HIDROGÉNIO E O SEU (IMPORTANTE) PAPEL NA SOCIEDADE

O hidrogénio está a ser considerado como uma aposta de alternativa aos combustíveis fósseis e à eletricidade. Quais são os cursos e/ou especializações que o Instituto Superior Técnico de Lisboa oferece e de que forma têm vindo a promover o tema?
A aposta no hidrogénio e o oxigénio, como alternativa aos combustíveis fósseis, baseia-se no facto do hidrogénio ser um vetor energético e por isso, uma forma de armazenar eletricidade e calor. No que diz respeito ao IST, estão a ser dinamizadas formações ao nível dos diversos Mestrados, nomeadamente, Engenharia Mecânica, Engenharia e Gestão de Energia, Engenharia Química entre outros, e também através do desenvolvimento de temas para teses de Mestrado, que constituem o último semestre dos cursos.

Analisando o panorama nacional, de que forma temos vindo a criar medidas e iniciativas que nos levem a olhar para o hidrogénio como algo importante em Portugal?
Olhando para o panorama energético nacional, especialmente no que diz respeito aos combustíveis fósseis, verificamos que temos uma total dependência das importações de combustíveis, tal como praticamente toda a Europa, excetuando a Noruega. Nesta medida, Portugal tal como todos os outros países com forte dependência no petróleo tem de encontrar soluções alternativa, autossustentáveis e limpas, que possam contribuir para a sua segurança energética futura. Assim, Portugal necessitará de garantir formas de fornecimento de energia limpa ao comércio e indústria, residências e serviços e principalmente para a mobilidade no sector dos transportes. É nesta medida que o hidrogénio será uma importante forma de armazenar energia elétrica e térmica para satisfazer todas as necessidades energética do país e garantir um acesso energético competitivo e economicamente viável, que contribua para uma sociedade descarbonizada, autossustentável, alimentada pelas ilimitadas energias renováveis.

Quais são as vantagens que identifica na utilização do hidrogénio e que adversidades se avistam nas suas soluções de mobilidade?
As principais vantagens para a mobilidade: o rápido abastecimento dos veículos (5 min); a redução de custo dos veículos nos últimos 10 anos (a queda de custo 60€/kW para produções anuais de 100000 uni/ano); a autonomia superior a 500 km por deposito sem aumentar o peso do veículo (com baterias pesam quase 4 toneladas); a abundância das matérias primas para produção das pilhas de combustível (lítio e o cobalto são matérias primas escassa); possibilidade de gerar industria produtiva nacional em torno de toda a cadeia de valor do hidrogénio e oxigénio verde (construção de eletrolisadores e pilhas de combustível, sistemas de combustão, turbinas a hidrogénio para produção de energia elétrica em larga escala, sistemas de tanques de armazenamento, compressores, veículos, etc.).
As principais desvantagens: falta da infraestrutura de base para o abastecimento dos veículos, que implicará investimentos em infraestruturas de distribuição e abastecimento (implementação lenta atrasa a adoção); regulamentos limitam o desenvolvimento de uma indústria de hidrogênio verde por ser algo recente e uma tecnologia mais estabelecida em pequena escala.

Acredita que Portugal já possui sentido de responsabilidade e compromisso em relação a este tipo de tecnologia?
Seja em Portugal seja no resto de mundo, eu acredito que vamos ter que transitar da económica dos hidrocarbonetos paro o hidrogénio e que vai acontecer de forma gradual e progressiva. Por isso acredito no nosso sentido de responsabilidade. Sendo um país democrático este tema vai ser largamente escrutinado pelos meios de comunicação social, espero eu, com a informação de qualidade, apresentado os detalhes técnico económicos corretos desta grande oportunidade que não podemos perder. Se não o fizermos, vamos ter que compra feito a outros que se antecipar e nos relegaram para consumidores de tecnologia final. Eu acredito que este último cenário nos vai sair mais caro a médio longo prazo.

Quais são os passos que ainda faltam dar para que a vertente do hidrogénio seja reconhecida e se promova como o combustível do futuro?
Organizar eventos (seminários, conferências, debates televisivos, aulas, formações de divulgação) com jornalistas, professores, investigadores, engenheiros, alunos de engenharia, alunos em geral, gestores de empresas, publico em geral. Promover informação de qualidade e escrutinável, junto dos meios de comunicação social.
Demostrar através de cálculos técnicos bem fundamentados para os operadores/comercializadores de energia que operam no mercado, que a produção de hidrogénio e oxigénio através de eletrólise é um processo extremamente rentável e maduro (90000 horas de operação). A venda dos gases produzidos no eletrolisador alcalino e provenientes de energia renovável têm um valor de mercado elevado: Hidrogénio vale entre 1500 e 10000 €/tonelada de H2 e o oxigénio industrial vale cerca de 100€/tonelada e o oxigénio médico mais de 5000€/tonelada.