Início Atualidade “A NOSSA PRIORIDADE FOI SEMPRE GARANTIR A SEGURANÇA DAS PESSOAS”

“A NOSSA PRIORIDADE FOI SEMPRE GARANTIR A SEGURANÇA DAS PESSOAS”

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“A NOSSA PRIORIDADE FOI SEMPRE GARANTIR A SEGURANÇA DAS PESSOAS”

A Universidade de Coimbra (UC), é hoje um mais das mais prestigiadas instituições de ensino em Portugal, com, naturalmente, um forte impacto também a nível internacional. No sentido de contextualizar junto do nosso leitor, que caraterísticas reúne a instituição que perpetuam na mesma uma dinâmica de excelência e qualidade ao nível do ensino?
Tendo completado 730 anos de existência em março do corrente ano, a missão da Universidade de Coimbra (UC) assenta em três pilares nucleares: ensino, investigação & inovação, e desafios societais. No entanto, todos estes pilares se cruzam na lógica da internacionalização, que se apresenta como uma ferramenta estratégica de reforço e consolidação do prestígio da Universidade de Coimbra no mundo. Não por acaso fomos recentemente considerados a instituição portuguesa melhor colocada no “The University Impact Rankings” do Times Higher Education (62ª posição), destacando-se a 17ª posição no indicador “Saúde e Bem-Estar”, o terceiro Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Analisando o novo normal em que mundo vive hoje, provocado pela pandemia da COVID-19, que impacto teve este cenário na orgânica da instituição e como têm procurado contornar as dificuldades provocadas pela mesma?
A Universidade de Coimbra foi uma das instituições de ensino superior que rapidamente se adaptou e contribuiu para atravessarmos o estado de emergência com melhores soluções, flexibilizando-se e reformatando-se. Os planos de contingência foram amplamente divulgados e de modo bilingue. Para além disso, a UC tem tido um papel de destaque no combate à Covid-19, oferecendo, entre outras coisas, serviços médicos e laboratório de diagnóstico. A nossa prioridade foi sempre garantir a segurança das pessoas, salvaguardando o percurso académico dos nossos estudantes. O ensino remoto foi rapidamente implementado e assimilado positivamente por toda a comunidade académica.

Os alunos do ensino superior a estudar no estrangeiro viveram momentos de stress e ansiedade durante a pandemia. A UC também teve alunos que passaram momentos difíceis e, se sim, de que forma os procurou apoiar?
A Universidade de Coimbra através dos serviços responsáveis pelo acompanhamento destes estudantes estabeleceu um plano de monitorização por mensagem eletrónica, pelas redes sociais e, sempre que necessário, por telefone. A monitorização foi contínua e manteve-se até ao final do ano letivo. Nalgumas situações, houve necessidade de contactar a rede de serviços consulares e as linhas de emergência criadas para o efeito. Na generalidade, os nossos estudantes sempre souberam que estávamos prontos para os ajudar e tivemos uma preocupação de acompanhar as diferentes regras que cada país adotou.

As universidades só agora começaram a reabrir e a mobilidade internacional é ainda uma sombra do que foi sendo, contudo é necessário continuar a promover um programa de excelência e valor. O que tem estado a ser preparado por parte da UC no sentido de continuar a dar seguimento a este programa?
A excelência dos programas de mobilidade deve-se à qualidade da oferta formativa e esta mantém-se, com matriz fundamentalmente presencial. O próximo ano letivo está a ser preparado tendo em conta a realidade da pandemia e constrangimentos decorrentes desta. O acompanhamento próximo do estudante e dos docentes que os orientam, com o apoio das associações de estudantes, nomeadamente a Associação Académica de Coimbra (AAC) e o Erasmus Student Network farão, como é hábito, toda a diferença. Teremos as mesmas sessões de acolhimento dos estudantes, respeitando as regras de saúde pública estabelecidas pelos órgãos competentes.

Como forma de resposta às circunstâncias excecionais provocadas pela pandemia COVID-19, que tem colocado graves constrangimentos e limitações à realização das vossas atividades, a Comissão Europeia vem permitir a possibilidade de implementação de mobilidades virtuais e mistas (presenciais + virtuais) no âmbito dos projetos aprovados. Parece esta uma solução adequada?
O regime misto previsto pela Comissão Europeia é uma solução compreensível no contexto atual. No entanto, não podemos esquecer que o espírito Erasmus, passa pela mobilidade presencial de intercâmbio de experiências e imersão numa cultura diferente. Continuamos a pensar que essa mobilidade física é possível e desejável, mesmo em tempos de pandemia. Um estudante em Coimbra (cidade e universidade) encontrará um ambiente seguro e acolhedor, pelo que devemos olhar de forma positiva para esta nova realidade.

A via digital será ainda mais essencial no domínio do Erasmus+? Como se tem vindo a preparar para este novo modelo a Universidade de Coimbra?
A Universidade de Coimbra foi das primeiras instituições no país a estabelecer o ensino digital. Um estudante Erasmus incoming é um estudante nosso, pelo que usufrui dos mesmos direitos dos estudantes regulares. A via digital será essencial para a desmaterialização e desburocratização dos processos e também aqui a nossa instituição tem dado passos muito relevantes.

Poderá este programa de mobilidade perder a sua essência, se apostarmos em demasia numa dinâmica digital e virtual?
A essência do programa é a verdadeira cidadania europeia, sentirmo-nos em casa em qualquer país europeu. A Comissão Europeia defende a dinâmica virtual, sem nunca abdicar da mobilidade presencial, absolutamente essencial para a partilha de valores e multiculturalidade, pelo que entendo que este programa pode ter novas facetas sem perder identidade.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Manuel Heitor, afirmou que haverá uma redução do número de estudantes em programas de mobilidade como o Erasmus, devido à pandemia de Covid-19. Que impacto terá esta redução?
O verdadeiro impacto só pode ser medido no final do próximo ano letivo, pois as instituições de ensino superior funcionam por semestres e havendo mais épocas de candidaturas, haverá no seu conjunto uma nova dinâmica que devemos avaliar como funcionará, sendo neste momento precoce adiantar números.

Com todas estas alterações, pode o Programa Erasmus+ ter o seu futuro em risco?
Não creio, é um programa com mais de 30 anos, bem consolidado, que já perpassou gerações, que não alcança apenas estudantes, mas também docentes e técnicos. Pensar as instituições de ensino superior atualmente fora do contexto europeu é recuar muito em tudo o que se alcançou. Apenas com mobilidade se criam redes inteligentes que produzem conhecimento, inovação e empreendedorismo.

Quais são os grandes desafios da Universidade de Coimbra no que concerne a este programa?
Continuar a promover a mobilidade com os patamares de qualidade que o novo programa Eramus previsto para 2021-2027 ambiciona, de inclusão, sustentabilidade e introdução do novo Erasmus Without Paper, de desmaterialização dos processos.
O processo de internacionalização da Universidade de Coimbra integra os princípios do Espaço Europeu da Educação, emergindo como condutor do crescimento, da solidariedade e da coesão da União Europeia, contribuindo decisivamente para a economia do conhecimento. ▪