Início Atualidade “PRETENDEMOS ESTAR ENTRE AS DEZ MELHORES ESCOLAS PROFISSIONAIS EM PORTUGAL”

“PRETENDEMOS ESTAR ENTRE AS DEZ MELHORES ESCOLAS PROFISSIONAIS EM PORTUGAL”

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“PRETENDEMOS ESTAR ENTRE AS DEZ MELHORES ESCOLAS PROFISSIONAIS EM PORTUGAL”

Quando é que a ESPRODOURO – Escola Profissional do Alto Douro foi edificada e de que forma é que a instituição tem vindo a promover uma dinâmica assente em pilares como a excelência, o rigor e a capacidade de transmitir mais valias a quem vos procura?
A ESPRODOURO celebra em 2 outubro os seus 25 anos. Desde sempre se assumiu como uma escola com vigor. Contudo, no início de 2018 começou a reinventar-se, mudando a sua imagem, a sua metodologia de trabalho, o modelo e projeto pedagógico, entre várias outras mudanças de filosofia de escola. Passamos de uma escola financeiramente quase insolvente, para uma escola com uma estável e com um projeto futuro a dez anos. Assumimos assim dez linhas de ação estratégica:

  1. Formar alunos excelentes
  2. Criar um ecossistema de felicidade
  3. Aulas 70% práticas, 70% em projetos
  4. Sistema de igualdade na diferença
  5. Melhorar a Aliança Perfeita
  6. Diversificar Especializando
  7. Qualidade TOP e EQAVET
  8. Angariar alunos de outros países
  9. Especializar para reinar
  10. Criar projetos ID&T

A visão da ESPRODOURO é em 2022 ser reconhecida como uma escola de referência nacional no âmbito da formação profissional, alcançando 200 alunos ativos, reduzindo a taxa de absentismo e abandono escolar abaixo dos 5%, tendo como consequência disso uma taxa de empregabilidade ou prossecução de estudos superior a 90%, proporcionando o seu crescimento na região e criando pelo menos 25% dos seus alunos como referências nacionais na área de atuação.

No domínio da formação profissional, de que forma é que a ESPRODOURO procura apresentar sempre ofertas formativas de valor e que tenham significado para o mercado de trabalho?
Nesta fase em que as escolas lutam pelo melhor lugar por alunos, onde se assistem a verdadeiras “guerras” por manter alunos impedindo os mesmos de seguir o seu melhor percurso pois isso representa financiamento, configurando um quase “crime pedagógico”, como refere o meu amigo Jorge Castro, a ESPRODOURO tenta assumir a sua diferenciação. Pretendemos especializar a escola em áreas específicas de EnoGastronomia, Desporto e Marketing e Gestão. Apostamos ainda na Viticultura, Geriatria e Turismo, por solicitação do tecido empresarial representado no nosso conselho consultivo, porém, não existe muita procura dos alunos para estas ofertas. Assim, criamos o projeto de aulas nas empresas, onde os alunos, a partir deste ano letivo contam com o Coordenador de Futuro, o César Silva, que irá abordar todos os alunos, de forma individual, por forma a traçar, em conjunto com o nosso departamento Aliança Perfeita (equipa de psicologia e psicopedagogia que realiza a interligação entre escola-família-comunidade-empresas), o projeto de vida individual desse aluno. Depois o seu estágio, projeto escolar, prova de aptidão profissional, tudo será em função do seu projeto. É um desafio, mas acreditamos que este é o caminho de formar alunos especialistas.

Hoje vivemos um momento diferente a nível mundial, provocado pela pandemia da COVID-19 e que aportou um conjunto de mudanças e alterações em todos os figurinos. Assim, de que forma é que foram obrigados a adaptar-se e a ajustar-se relativamente a este «novo normal»?
A ESPRODOURO fornece desde o ano passado a todos os seus alunos, um computador híbrido com acesso a todas as ferramentas do G-Suite. Quando todas as escolas suspenderam a sua atividade a 16 de março, a ESPRODOURO começou de forma tranquila as suas aulas online a 11 de março. Ou seja, quando as escolas fecharam, a ESPRODOURO já estava em ensino online. Todas as nossas disciplinas foram uniformizadas, assim como os planos de aula por todos os mentores (é assim que chamamos os professores/formadores). Neste processo percebemos que os alunos com mais dificuldades no ensino presencial, participavam mais e melhoraram os seus resultados, mas os alunos melhor presencialmente, pioraram e alguns mantiveram a sua performance. Isto mostrou que um modelo único de ensino não serve todos os alunos. Assim, estamos a iniciar o novo ano com um processo de mentorias de grupos de alunos, e um processo de mentoria avançada, onde os alunos que cumprem as normas e pretendem um futuro fabuloso, vão ter mentorias por especialistas na área suportado pela escola. Defendemos um regime misto, não por causa do COVID, mas por ser mais adaptado a novos desafios. Acreditamos também num processo de mudança contínuo… somos hoje uma escola de referência na região, passando de 36ª em 2018 ao nível do ranking do distrito de Viseu, para 5ª escola. Com o COVID, alguns alunos manifestaram mais a sua assimetria, mas não desistimos deles. As primeiras semanas de setembro serão para recuperar as perdas.

No âmbito da vossa orgânica, quais foram os principais desafios e dificuldades que enfrentaram e que impacto tiveram os mesmos?
O maior desafio foi a adaptação por parte de todos, num clima de incerteza. Em grande parte as pessoas não estão preparadas para trabalhar em casa, viver em casa, ter refeições em casa… enfim, tudo ser confinado. O uso de tecnologias também esgotou muito todos os envolvidos, mas foi notória a aprendizagem de novas tecnologias de todos os envolvidos. Desafios que antes eram complexos, em pouco tempo se tornaram triviais devido à sua utilização. No meio de um processo de certificação EQAVET, foi para nós um desafio manter os procedimentos de qualidade e avançar com as metodologias que pretendemos implementar, sacrificando muito o espírito de coesão e equipa que estávamos a criar. Alguns alunos acabaram por abandonar o seu percurso devido ao processo de aulas completamente à distância por não se conseguirem adaptar… e isso para nós é uma perda muito dolorosa. Vivemos em função dos nossos alunos e este momento, foi particularmente difícil, apesar de conseguirmos garantir acesso a internet e computador a todos os nossos alunos.

Para que áreas do ensino profissional é que estão mais preparados para apresentar ofertas formativas?
O que temos neste ano letivo é a componente de Cozinha e Pastelaria, muito voltado para a EnoGastronomia, a nossa joia da coroa, onde organizarmos todos os anos o Festival EnoGastronómico ESPRODOURO. Além disso apostamos fortemente na Comunicação e Serviço Digital, uma oferta voltada para os novos desafios do séc. XXI e em Eletrónica Automação e Computadores, com especialistas em preparar processos de automação para a vinha e o vinho. Temos ainda oferta em Geriatria, Viticultura, Animação Turística, Gestão e Desporto, que neste momento têm menos procura, mas que não estão esquecidos, incluindo protocolos com clubes nacionais, no sentido de criar escolas de desporto em São João da Pesqueira.

De que forma é que analisa o mercado nacional da formação profissional e que lacunas ainda identifica no mesmo e que urge serem resolvidas?
A forma como é financiada a formação de jovens e adultos, leva a que os resultados não sejam os melhores. A formação deveria ser medida em resultados de aquisição real de aprendizagens aplicadas pelos alunos, com avaliação pelos stakeholders, como já monitorizamos ao abrigo do EQAVET e sem guerras por financiamento de turmas. Deveria existir um financiamento por resultados de aprendizagem eficaz, ou seja, se as pessoas conseguem aplicar o que aprendem, isso considera-se concluído. A formação profissional foi desvirtuada… paga-se pouco aos formadores onde só com volume conseguimos ter algo que compensa, mas aí, perdemos a vantagem do especialista. Deveríamos voltar ao sistema de mestria e aprendiz. Onde o aprendiz vê como se faz e faz com o seu mestre após o ensino. O grande problema hoje é que temos professores que ensina coisas que nunca fizeram… então como pode um processo de formação profissional ser meramente teórico? Por isso na ESPRODOURO vamos convidar os melhores especialistas da região para darem aulas connosco, partilhando com os alunos os seus saberes, levamos os alunos às empresas, onde podem aprender com os mestres os seus segredos e inspirar-se para o seu futuro. Por isso, no próximo ano, vamos ter 3 dias de aulas fora da escola e 2 dias dentro da escola. Os projetos devem ser base e as disciplinas devem trabalhar em conjunto para o sucesso dos nossos alunos. Felizmente temos uma equipa fabulosa, caso contrário, este desafio seria muito maior.

Desde 1 de junho de 2020 que a ESPRODOURO, obteve o selo EQAVET, indicando que os seus processos e procedimentos estão alinhados com os requisitos do Quadro de Referência Europeu de Garantia da Qualidade para a Educação e Formação Profissionais. Primeiramente, expliquei-nos um pouco a relevância deste selo para a instituição?
Corrijo, desde 12 de junho, como a escola com o selo 9/2020, o que significa que fomos a 9ª escola a nível nacional a obter a certificação. Passamos de uma escola com muitas lacunas, a uma escola referência. E como fizemos isso? Com uma grande equipa de trabalho e com o reforço e renovação do nosso pessoal. O EQAVET é a certificação de qualidade, que garante o alinhamento com os indicadores do quadro de referência europeu, que monitoriza o resultado da qualidade do ensino. Ou seja, é como se fosse a norma ISO para a escolas. Ter uma certificação de qualidade obriga a muitas mudanças, criamos por isso os PEQ – Processos Esprodouro de Qualidade, que são procedimentos e processos, em forma de fluxograma, que contemplam procedimentos, que até aqui eram realizados de forma mais amadora, por forma a que o objetivo final, que é reduzir o abandono, o absentismo, ter avaliação positiva dos stakeholders do nosso trabalho e formar profissionais de excelência, seja o resultado do nosso trabalho.
Esta certificação também permite que os nossos alunos tenham reconhecimento futuro com os ECVET, ou seja, os créditos europeus profissionais. Por exemplo, um aluno que termina o 12º ano numa escola com o curso científico-humanístico, termina com o nível 3, e se pretender trabalhar noutro país europeu, deve reconhecer o seu título. No caso dos nossos alunos, ao terminarem o 12º ano, terminam com o nível 4 de percurso de dupla certificação, ou seja, o 12º ano + o curso de técnico numa área específica, que pelo facto de sermos certificados, têm o seu reconhecimento europeu para poderem trabalhar ou prosseguir estudos em qualquer país da Europa. Como somos adeptos do projeto europeu, também tivemos pela primeira vez na nossa escola, uma candidatura ao programa ERASMUS + aprovada, o que vai permitir que os nossos alunos possam ir para um país europeu, com tudo pago, ter uma experiência profissional com os melhores especialistas da sua área.

Este selo tem a validade de três anos. Significa isto que vocês estarão alinhados com o EQAVET durante este período. Que vantagens podem retirar deste período?
No próximo quadro comunitário, as escolas que não possuem certificação, não poderão candidatar-se a fundos comunitários. Além disso, como somos auditados, a nossa performance organizativa, financeira, em termos de contratação pública, proteção de dados e sistemas de informação melhorou muito. Vamos com certeza, ter melhores resultados com a qualidade que temos de todo o processo, permitindo crescer em conjunto com outras escolas que também obtiveram o selo. Neste momento os pais podem ficar mais seguros, pois existem procedimentos que garantem essa segurança. Estão a ser ultimadas também as obras para criação da Residência de Estudantes da ESPRODOURO, que permitirão receber alunos de outras regiões e de outros países, quer para intercâmbio, quer para residirem com segurança os jovens que vêm estudar na nossa escola. Nos últimos anos, realizamos sem dúvida uma evolução da nossa escola, com o apoio sempre presente da associação e pais, da autarquia, de toda a equipa ESPRODOURO, mas acima de tudo com a ajuda dos alunos, que este ano contou com uma associação de estudantes extremamente ativa.

O Quadro de Referência Europeu de Garantia da Qualidade para a Educação e Formação Profissionais (Quadro EQAVET) foi concebido para melhorar o Ensino e Formação Profissional (EFP) no espaço europeu. Isto significa que a partir deste momento a ESPRODOURO terá uma visão mais externa e internacional?
Como referimos atrás já temos. Esperamos este ano receber alunos estrangeiros do Brasil e São Tomé, e contamos ter algumas comitivas de alunos de outros países europeus, assim como contamos realizar algumas visitas. Não só pelo EQAVET, mas também com o ERASMUS. O próximo desafio será a certificação de literacia digital, prevista no InCode 2030. A ideia é criar uma escola de referência europeia na área da EnoGastronomia, representando a melhor região vinícola de Portugal e uma das melhores do mundo.

A terminar, quais serão os principais desafios da ESPRODOURO para o futuro?
Já referimos as nossas metas a dez anos, mas o maior desafio, centra-se sem dúvida em captar alunos para áreas específicas do conhecimento, como é o caso da viticultura e geriatria, retendo pessoas na região como trabalhadores e investidores. Pretendemos assumir-nos como referência no Douro e por isso, estamos em processo de criação do Centro de Estudos EnoGastronómicos, em parceria com universidades e institutos politécnicos, pretendendo trazer formação e nível cinco para a região e criando polos de desenvolvimento tecnológico vitícola e enogastronómico.
Pretendemos estar entre as dez melhores escolas profissionais em Portugal em 2030, não em número de alunos, mas em qualidade de resultados. Assumir esse desafio coloca-nos um patamar muito elevado, mas acreditamos que com tudo o que já conquistamos em menos de três anos, sem dúvida alguma, nos próximos 10 o melhor vai chegar, com certeza!