Início Atualidade “A BONHAMS CONTINUARÁ RESILIENTE E CRIATIVA A PROCURAR SERVIR OS SEUS CLIENTES SEGUNDO OS SEUS PRINCÍPIOS”

“A BONHAMS CONTINUARÁ RESILIENTE E CRIATIVA A PROCURAR SERVIR OS SEUS CLIENTES SEGUNDO OS SEUS PRINCÍPIOS”

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“A BONHAMS CONTINUARÁ RESILIENTE E CRIATIVA A PROCURAR SERVIR OS SEUS CLIENTES SEGUNDO OS SEUS PRINCÍPIOS”

Sendo uma referência nacional e internacional, a Bonhams é a leiloeira mais antiga do mundo, perpetuando um legado de prestígio e reconhecimento. Neste sentido, qual o segredo da marca que ano após ano se mantém no topo e continua a ser um verdadeiro exemplo para o mercado português e mundial?
Creio que é a sua flexibilidade, habilidade para responder rapidamente à mudança e inovação. A Bonhams foi a primeira leiloeira do mundo a ter website e é pioneira em novas áreas de colecionismo como Arte Moderna do Médio Oriente, Arte Africana Moderna e Contemporânea e Cerâmica Britânica Moderna – mas sobretudo, fiabilidade e a qualidade dos nossos especialistas e demais recursos humanos.

Apesar da sua longevidade, a Bonhams chegou a Portugal somente em 2015. Ao longo destes cinco anos, qual é o balanço que se pode perpetuar da vossa atuação no nosso país e de que forma é que acreditam que aportaram valor acrescentado ao vosso setor e ao mercado?
Na verdade, em 2015 foi o ano em que abrimos um escritório ao público. Antes dessa data, já operávamos em Portugal há muitas décadas, primeiro numa fase mais informal, e depois com a minha contratação como Representante em 2010.
O balanço só pode ser muito positivo. De um desafio de lançar um nome, uma marca, provedora de um serviço tão sensível como é o de nos confiarem bens para transacionar, até ganhar a confiança, bom nome e reconhecimento por parte de quem em nós confia, foi um caminho já considerável, e muito gratificante.
Gosto de pensar que a Bonhams veio para evidenciar que uma leiloeira internacional não é inacessível às pessoas, que está próxima e que representa uma possibilidade concreta para transacionar bens internacionalmente. Isto de uma forma segura, transparente, confidencial e profissional. O ano passado fomos distinguidos com o Prémio “Export Growth Award“ o que é o melhor testemunho do valor acrescentado que aportamos ao mercado.

Demonstrando a vossa capacidade inovadora, realizaram o vosso primeiro leilão online em 2016. Neste sentido, vivemos hoje um novo «normal», provocado pela pandemia da COVID-19 e que afetou todos os setores, inclusive a vertente dos leilões. Como é que se adaptaram a esta nova forma? Sente que o facto de se terem antecipado e apostado nesta vertente digital no passado recente vos tem ajudado nos dias que correm, com as condicionantes provocadas pela pandemia?
Efetivamente, há já alguns anos que realizamos leilões online com bastante sucesso e, sem dúvida, que esta experiência se revelou fundamental para enfrentar as exigências decorrentes da pandemia. A experiência destes últimos meses, revelou um crescente apetite por vender e comprar neste formato.

Nesta fase pandémica, de que forma é que tiveram de se readaptar e reajustar na vossa orgânica? Quais são hoje as dificuldades que enfrentam que não existiam no pré-Covid-19?
A nossa adaptação foi muito rápida. Quando se deu o lockdown, tínhamos vários leilões agendados que tiveram de ser adiados enquanto – num momento inicial – se dispunham novas estratégias e se assegurava que tínhamos os suportes tecnológicos para as implementar.
Num breve espaço de tempo, e graças a um grande esforço de equipa, iniciámos o sistema “live behind closed doors“. Basicamente, o leiloeiro encontra-se no rostrum como habitualmente, e a licitação é feita remotamente, pelo telefone, pela internet, ou através de ofertas prévias.
A grande diferença para os licitadores, foi o facto de não poderem estar presentes fisicamente. Este sistema deu-nos uma flexibilidade muito grande e permitiu-nos, por exemplo, continuar a ter leilões em Nova Iorque ou em Los Angeles – numa altura em que nestes locais as restrições à mobilidade eram muito mais severas do que no Reino Unido – que eram de facto conduzidos a partir de Londres ou de uma sala especialmente preparada para o efeito em Oxford.

Acredita que o setor dos leilões vai ter de se reinventar e apostar mais fortemente nos domínios das tecnologias, do digital e da inovação? Sente que o setor está recetivo a estes novos modelos?
Numa perspetiva mais abrangente houve de facto uma mudança de atitude face ao online, quer para os registos, quer para as licitações. Atravessou-se uma fronteira onde agora existe um sentimento de maior segurança para licitar em lotes de valor elevado sem os ter visto fisicamente.
Existe uma confiança muito grande na marca Bonhams e nos nossos condition reports que transmitem essa segurança para a licitação.
Com a exceção de poucos e excecionais, a nossa produção de catálogos nos últimos quatro meses foi quase toda online. Esta mudança no mundo dos leilões para o digital já se iniciara há algum tempo, sendo que o lockdown a veio acelerar, mas ficámos satisfeitos com a resposta dos compradores à nova situação. Para algumas categorias, como o vinho, por exemplo, onde já é tradicional uma forte participação online, a surpresa não foi grande. Ainda assim, as estatísticas do nosso leilão de junho de Fine Wine em Londres de 86% de vendidos por lote e 92% por valor foram particularmente fortes.
Já noutras áreas – como os relógios por exemplo – que se carateriza por um cariz de colecionismo mais clássico, notou-se também um forte comportamento de 77% vendidos por lote e 83% por valor.
Nas jóias, por exemplo, antes do Covid, tínhamos leilões online, mas estes representavam apenas cerca de 5% do nosso calendário anual. Daqui em diante, tornar-se-ão uma parte integrante do calendário geral. Constatamos que o aumento de vendas online atraiu uma nova clientela para este segmento, em particular abaixo dos 50 anos.
Algumas peças são exemplarmente adequadas ao formato online, como por exemplo a peças de joalharia moderna e contemporânea de grandes casas – estas assumem um comportamento excecional no espaço digital.
No entanto, algumas tipologias necessitam de ser verificadas pessoalmente, como é o caso de pedras de cor, nas quais a saturação da cor e a tonalidade são fatores integrantes do seu valor, e o futuro comprador necessita de as ver. São por isso muito mais adequadas aos leilões tradicionais.

Fale-nos um pouco do seu percurso até à sua chegada à Bonhams Portugal e como é ser líder face a todas as condicionantes provocadas pela pandemia? Como tem lidado com estas adversidades, tendo o cuidado de continuar a motivar os colaboradores e a manter a marca numa posição cimeira?
A minha formação é de História da Arte, e passei por Instituições Académicas cá e em Inglaterra, tendo enveredado pela especialização em Arte Oriental. Dei aulas na Universidade, e trabalhei na Fundação Oriente muitos anos, bem como brevemente na concorrência (em Londres) até ser convidada para representar a Bonhams.
No que refere a palavra liderança, prefiro sempre substitui-la por serviço. Ajuda porque nos descentra de nós próprios. Em relação a quem depende de mim hierarquicamente, tento proteger, mas também me considero exigente. Nesta fase de pandemia vi que é de uma grande responsabilidade tentarmos manter os postos de trabalho de quem depende de nós – da mesma forma que os meus superiores fizeram comigo. Isto fez-se motivando, mas também sacrificando. Foram meses de ajustes e de sacrifícios em termos de custos para que se possa continuar a funcionar, mas sobretudo para preservar emprego. Isto faz-se à custa de sacrifícios que são pedidos internamente. É difícil pedir sacrifícios e motivar, mas é necessário e já deu frutos todos dependemos uns dos outros.