Foi a pensar nos milhares de portugueses e luso-descendentes espalhados pelo mundo que o escritório Jacilda Santos Frota Advocacy foi edificada, de forma a oferecer uma variedade de serviços vocacionados para o atendimento desses cidadãos. Esta ideia surgiu porque, de alguma forma, sentia carência efetiva, deste tipo de serviços, especificamente para os cidadãos que não residem em Portugal?
Nem todos os serviços são prestados pelos consulados portugueses, como por exemplo, as revisões e confirmações de sentenças estrangeiras. Por outro lado, nem todos conseguem ter acesso fácil aos consulados. Os serviços que nos são solicitados são os mais diversos, desde uma simples certidão aos pedidos de nacionalidade portuguesa, revisões de sentença, partilhas de herança, pesquisa de bens, investimentos em imóveis, entre outros. Uma situação comum refere-se aos emigrantes portugueses que têm filhos nos países onde residem. Muitos querem que os seus descendentes obtenham a nacionalidade portuguesa para que não se rompa esta ligação entre as gerações. Certa vez fui procurada por uma senhora, cuja sogra com mais de 90 anos ainda sonhava ser portuguesa, porque crescera a ouvir as histórias dos pais portugueses. A família não queria que partisse sem a realização desse desejo. Foi muito emocionante ouvir o relato da sua nora quando lhe mostrou a certidão de nascimento portuguesa.
De que forma, através de um trabalho sério e criterioso, procuram tratar todas as questões recebidas da maneira mais célere e transparente possível? Que aspetos diferenciados aponta aos serviços prestados?
Procuramos ter uma relação mais interativa e próxima, utilizando diversos meios de comunicação para que os clientes se sintam seguros. Gosto de saber que a pessoa que está do outro lado sente confiança e segurança na advogada que está a contratar. É claro que não é fácil, há um desgaste físico grande. Mas é recompensador quando alguém nos procura porque foi indicada por outra, o que entendo como uma avaliação positiva do meu trabalho e o da minha equipa de apoio.
Falemos agora da Jacilda Santos Frota. Quem é, enquanto pessoa e enquanto a profissional empreendedora que hoje se dedica totalmente aos cidadãos portugueses e luso-descendentes?
Se eu me fosse definir em duas palavras, seriam: determinada e destemida. A vida é exigente e é importante sabermos onde queremos chegar. Ter uma meta e foco nos objetivos que se pretendem alcançar é indispensável ao sucesso. Sempre fui corajosa. Herdei essa característica da minha querida mãe que me ensinou o valor da resiliência.
Ao longo da sua carreira, que momentos é que considera fundamentais para ter alcançado o patamar em que está atualmente?
Quando me tornei mãe. A maternidade deu-me uma força espantosa. Sempre fui forte, mas nada que se comparasse a este despertar que se revelou quando vi a minha filha pela primeira vez. A partir desse momento passei a trabalhar incansavelmente. Sem nunca preterir a família, passei a dedicar cada segundo que me restava ao desenvolvimento do meu trabalho. Temos clientes que estão connosco desde o início e esta confiança vai passando para outros membros da família. Este ano temos outro grande objetivo: estender os nossos serviços aos ítalo-descendentes.
Num passado não muito distante, o mundo da advocacia parecia estar direcionado apenas ao género masculino, algo que, felizmente, foi sendo ultrapassado ao longo dos tempos. Quão importante é para a profissão que as Mulheres assumam maior relevância no setor?
Não consigo imaginar as dificuldades encontradas pela Regina Quintanilha, a primeira mulher licenciada em direito e advogada em Portugal. Corajosas mulheres souberam desafiar os paradigmas sociais das suas épocas, pelo que temos a obrigação de honrar os seus esforços. Lugar de mulher é em todo lado, porque em todo lado se necessita da coragem, inteligência e sensibilidades femininas.
Alguma vez sentiu algum ceticismo, ou viu o seu caminho tornar-se mais longo e complexo, por ser mulher no âmbito do direito?
Acho que todas as mulheres já passaram por algo assim. No entanto, no exercício da minha profissão, nunca deixei de praticar nenhum ato por sofrer algum tipo de preconceito.
Por fim, o que podemos continuar a esperar da sua parte e qual a mensagem que gostaria de transmitir ao universo feminino que, dia após dia, continua a mostrar a sua força?
Lembro-me de uma frase: “O homem mata um boi por dia. A mulher mata um boi, tempera, cozinha e ainda lava a loiça.” Na simplicidade desta frase está uma grande verdade. Eu trabalho 14 horas por dia para atender as exigências da vida pessoal e profissional e para que nada falte a nenhum desses sectores. Tenho a sorte de ter um marido que reconhece o meu valor e quero que a minha filha sinta orgulho de ser mulher.