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MERCADO IMOBILIÁRIO: RESILIÊNCIA E SUPERAÇÃO

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MERCADO IMOBILIÁRIO: RESILIÊNCIA E SUPERAÇÃO

O impacto da pandemia COVID-19 rapidamente se propagou a todos os setores de atividade, obrigando a uma rápida mudança de práticas. De que forma a KW Portugal atuou perante o atual cenário?
O imobiliário reinventou-se e logo se adaptou a uma realidade que exigia ferramentas, que até então eram de segunda linha, embora há muito esperadas. Especial enfoque para a figura do consultor imobiliário digital, alavancada pela crise, com ferramentas tecnológicas como as visitas e open house virtuais, os vídeos promocionais, de entre outras, que permitiram aos profissionais do sector, sobretudo nos meses iniciais da pandemia, manter a sua atividade. A aposta contínua da KW Portugal na formação aliada à tecnologia foi a estratégia.

Tal como se pode ler em variados sítios, o investimento imobiliário será, provavelmente, um dos vencedores da crise?
Se nos dois iniciais meses da pandemia se assistiu uma forte quebra, sobretudo em abril, com uma descida de 30%, face a período homólogo de 2019, esta tendência celeremente é invertida. O índice de resiliência do imobiliário, é sinal claro de que constitui um dos efetivos vencedores da mesma, contudo, há que ressalvar que o enquadramento do sector na economia geral, não permite dissociar a ideia de que tenderá a sofrer também os efeitos da pandemia. A redução de preços, por muitos prevista, numa fase inicial da pandemia, não se verificou, tendo-se somente assistido a reajustes.

Comparativamente a uma fase pré-pandemia, quais foram as principais mudanças quanto à oferta e vendas de imóveis?
O confinamento conduziu à procura de imóveis fora de contextos habitacionais de índices populacionais elevados, com tendência notória para moradias com espaço exterior e interiores mais amplos, espaços verdes, priorizando-se o bem-estar, em detrimento do fator localização e proximidade aos grandes centros urbanos e locais de trabalho.
Já em franco crescimento, mesmo na fase pré-pandemia, a procura por imóveis com construções de melhor qualidade e de maior eficiência energética, como consequência da consciência ambiental e sustentabilidade, é agora impulsionada nesta nova fase pós-crise sanitária, que de alguma forma justifica a continuidade da atividade da construção durante a crise pandémica.

Como explica que o investimento através dos Vistos Gold tenha (quase) triplicado face ao ano anterior e que os cidadãos estrangeiros mantenham o interesse no nosso mercado?
O programa ARI tem constituído uma forma inegável de investimento estrangeiro no imobiliário e reabilitação dos centros urbanos. O investimento triplica, de 50 milhões de euros em Maio de 2019, para 146 milhões de euros em Maio de 2020.
Em agosto dá-se uma quebra no investimento captado de 30%, face a igual período em 2019.
Até final de agosto, 2020 apresenta uma quebra de 10% face a 2019, que, tendo em conta o cenário económico atual, se pode considerar uma performance positiva. Portugal, tradicionalmente um país atrativo, pela suas condições naturais e segurança, assume um papel dianteiro no investimento imobiliário estrangeiro pelo eficaz combate da pandemia.
A alteração do programa do ARI, que retiraria protagonismo às apelativas Lisboa e Porto, em prol das CIM, Comunidades Intermunicipais do Interior, das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, visando aliviar a pressão do mercado imobiliário destas cidades e apontar o investimento para zonas com menor densidade populacional, acaba por impulsionar o investidor. Perante uma economia debilitada, a alteração ao programa creio não irá ocorrer, por ora, pois desviaria o indispensável investimento estrangeiro. As medidas embora só previstas vigorar no início de 2021, tudo indica, pela evolução da pandemia, que não deverá avançar a alteração de regime, situação reclamada por todos os operadores imobiliários.

Quais são as principais tendências para o mercado imobiliário após a pandemia? Apesar do clima pessimista, acredita que é legitimo referir que ainda há espaço para expectativas positivas?
Os segmentos do imobiliário mais afetados pela pandemia foram os imóveis comerciais e de escritórios, fruto de fecho de estabelecimentos e do trabalho remoto, assumindo-se como verdadeiro sobrevivente o segmento dos imóveis residenciais.
Com o incentivo da Banca, na baixa das taxas de juros, o segmento dos imóveis residenciais, a garantia de retorno do investimento, perante a instabilidade do mercado financeiro em geral, é campo seguro para os investidores.
A Keller Williams Portugal traduz nos seus resultados mais recentes índices de crescimento, tendo registado um aumento de vendas de 46% a 61%, respetivamente nos meses de julho e agosto, tendo sido julho o mês com maior número de angariações.
Os preços das casas refletem a resiliência e superação do sector imobiliário, tendo registado subidas de 1,6%, 0,5% e 1% respetivamente no primeiro, segundo e terceiro trimestre de 2020.
Com a exportação e turismo, motores da economia durante largos anos, com fortes quebras, o imobiliário surge agora, contra as previsões, como um sector reativo e preponderante na recuperação económica.