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“O MEU OLHAR SOBRE O FUTURO É DE OPORTUNIDADE E EMPENHO”

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“O MEU OLHAR SOBRE O FUTURO É DE OPORTUNIDADE E EMPENHO”

A ABF – Angola Business Fórum pretende trocar experiências, partilhar know-how, oportunidades e desenvolver parcerias que promovam a melhoria da produção das empresas. De que forma as dinamizam e fomentam o networking entre os empresários?
A primeira edição foi um sucesso, por duas vias, primeira pelo número de empresas e associações participantes no espaço de exposição, segunda pela partilha de informação e formação disponibilizada ao longo de dois dias, com palestrantes de três nacionalidades diferentes: Angolana, Brasileira e Portuguesa, enriquecendo em termos de conhecimento e experiências em cinco setores de atividade extraordinariamente importantes para o desenvolvimento de Angola.
Deste evento existiram parcerias que até ao momento vigam e se mostraram frutíferas, com um aumento de performance das intervenientes. Por outro lado, houve uma componente lúdica que fizemos questão de incorporar como forma de demonstrar talentos que vivem da atividade de informar, que mostram a cultura deste país através do vestuário, de artigos decorativos, pintura e artes plásticas.
Fantástica a sinergia deste evento, que juntou vários empresários num grupo de networking onde há constante busca de interajuda, criação de novos negócios, partilha de legislação dos vários países da CPLP e concretizam negócio entre si.

Mundialmente vive-se um momento atípico provocado pela Covid-19 e muitos foram os negócios postos em causa. Como nos pode descrever o impacto que o mesmo perpetuou nas empresas?
Angola não está alheia a este fenómeno, envolvida numa recessão económico-financeira, agravou-se. Muitos pequenos negócios acabaram por não se reerguer desta limitação de atividade imposta pelas regras de confinamento.
Acumularam dívidas com os seus colaboradores, senhorios, banca, entre outras que não serão capazes de reabrir portas. Recordar que na lei angolana, não foi possível introduzir qualquer política de layoff (como Portugal o fez), não houve pagamentos efetuados a títulos de subsídios às empresas e as obrigações fiscais continuaram em vigor sem qualquer alteração, houve um alívio em termos de atividades administrativas, mas não mais do que isso.
Temos uma exceção que foi o pagamento de todo o contexto aduaneiro, à posteriori, com data limite prevista mediante pedido ao Administração Geral Tributária. Sem dúvida, permitiu uma melhor gestão de tesouraria, mas para um nicho muito redutor, as empresas importadoras.
Temos um programa de financiamento para a criação e desenvolvimento de novos projetos, mas de cariz muito burocrático e limitativo para as PME`s e Microentidades, mas a verdade é que o ambiente de negócios está muito hostil.
O desemprego aumentou imenso, a informalidade ganhou ainda mais atuantes, essencialmente o cidadão angolano quer garantir a sua subsistência familiar.
Esta situação prevalece assim desde março, já lá vão seis meses, os impactos económicos e sociais estão a ser devastadores, com elevados números de pessoas desempregadas, pessoas com atividades empresarias individuais inativas, crianças e jovens (sem aulas e sem locais seguros para se manter) andam à deriva nas ruas (pedindo esmolas).
Tem havido um esforço, mesmo assim, de evolução tecnológica e desburocratização das principais instituições de forma a que os cidadãos e os empresários possam de uma forma mais agilizadora, confortável e menos morosa de poder tratar dos seus assuntos. Dou três exemplos que muito tem facilitado; a criação do portal da criação da empresa online (baixo custo e baixo nível de complexidade na utilização) e portal contribuinte (tem vindo a alargar os serviços que disponibiliza) e muito recente o portal de leilão online (qualquer cidadão com acesso ao portal do contribuinte de forma ágil e transparente tem acesso ao leque vasto de produtos a serem leiloados).
Estamos num país africano, numa economia em recessão que esta epidemia veio criar maior dificuldade de o país reagir, após a queda abrupta do petróleo, tem sido difícil encontrar equilíbrio nas contas públicas.

Neste contexto, quão importante foi o papel da ABF – Angola Business Fórum na sociedade enquanto fórum empresarial?
Continuam as empresas organizadoras e os seus sponsers a cooperar com todos aqueles que nos procuram. Como anteriormente disse, há um grupo de cerca de 150 empresários que diariamente partilham oportunidades, conhecimentos, know-how, ativando as forças emocionais e intelectuais para que juntos se possa retomar os percursos de sucesso dos nossos negócios.
Neste momento a direção do ABF – Angola Business Fórum, está a desenvolver a criação da Associação de Desenvolvimento Empresarial para os CPLP, de forma a criar condições legislativas, operacionais e financeiras para novos negócios e a internacionalização. Permitirá criar cadeias de valor espalhadas por todos os países compõem o espaço do CPLP.
A associação visa viabilizar o apoio, divulgação e criação de oportunidades para os seus membros através da criação de parcerias, aproveitamento de sinergias e know-how entre os membros da mesma cadeia de valor económico, e alancar as oportunidades de financiamento através dos projetos sérios e de elevado valor pelas linhas de financiamento internacionais apropriadas para o efeito, especificamente para o setor primário e secundário.

O setor do turismo foi um dos mais afetados pelas mudanças obrigatoriamente efetuadas face à pandemia que se instalou. Qual foi o impacto do mesmo em Angola, comparativamente a Portugal? Quais as principais diferenças que realça?
Duas realidades completamente distintas. O turismo em Portugal tornou-se nos últimos anos uma fonte de rendimento para o país extraordinária e muito bem explorada pelo turismo familiar, religioso e aventura, embora o empresarial tenha vindo a crescer.
O turismo de Angola, atualmente, maioritariamente está a ser suportado pelo turismo de negócio. O país inclusive organizou uma feira internacional de turismo com presença de vários players internacionais do setor, mas que a concretização das parcerias e/ou do investimento ainda não se refletiu favoravelmente.
Angola é um país lindíssimo, de uma beleza natural ímpar, de uma diversidade de culturas e costumes inigualável, mas de um acesso quer terrestre, quer ferroviário muito limitado e há belezas que o turista não consegue chegar nas condições apropriadas.
Há muito por se fazer neste setor, a atual ministra fez um trabalho reconhecido internacionalmente no que concerne às descobertas bio ambiente Okavango. Espera-se que a mesma, nas políticas estratégicas crie uma força com os outros Ministérios (nomeadamente obras públicas, energia e transportes) para que de forma integrada e concisa possa fazer o alinhamento necessário para o investimento de tempo e infraestruturas e criar as devidas condições de apoio aos operadores turísticos.
O turismo em Angola já era muito limitado e não foi pelo impacto COVID-19, mas essencialmente, na minha opinião, ainda não existir um plano estratégico de curto e médio/longo prazo integrado para o setor.
O ponto positivo é, desburocratização de acesso ao país, quer por visita de turismo em geral, quer por via do turismo de negócio, que proporciona ao país investimento estrangeiro, que muito faz falta na diversificação económica e industrialização do país.

Que análise faz atualmente do tecido empresarial destes dois países? Que soluções encontra para que recuperem das perdas dos últimos meses?
Portugal neste momento está a lidar com um segundo surto a nível nacional, o número de casos por dia é elevadíssimo, mal visto aos “olhos” dos países da europa. Por palavras do Governo, o país não tem condições para parar mais economicamente, um país que vive essencialmente de um turismo que está de porta fechada aos seus clientes, é não ter a receita que precisa.
Em Angola, segundo os dados oficiais, o contexto e o número de casos ainda dá conforto e estabilidade aos cidadãos. Há uma forte aposta quer do setor privado, quer do setor público em desenvolver a oferta e satisfação das necessidades pelas plataformas online, ainda há limitações com estado de calamidade, por exemplo os ginásios ainda continuam encerrados, mas uma forte aposta na venda online.
Por isolamento demográfico, a COVID-19, em Angola, há municípios onde nem chegou até à data. A recuperação da crise epidémica poderá em Angola ser mais ágil pelo número menor e pelas condições demográficas e climáticas do país.

Com um olhar positivo no futuro, que mensagem gostaria de deixar aos empresários angolanos?
Mais que uma mensagem, dou exemplo: portuguesa de identidade, mas angolana de coração, realço que hoje o que fazemos será essencial para o futuro, quer por via empresarial, quer por via educacional. Neste país ainda há muito por explorar, e oportunidades não faltarão, as economias têm ciclos e não perduram para sempre na recessão.
Os empresários com projetos sérios, terão com certeza a sua oportunidade. Estamos a passar por uma fase em que o esforço, o profissionalismo e a competência começam a ser o ponto diferenciador.
As mudanças são difíceis, mas já se verifica algumas em concreto, caminhamos por um país mais liberto de más práticas a nível de gestão e espera-se com maior igualdade de oportunidades em substituição do anterior elevado nível de corrupção.
O meu olhar sobre o futuro é de oportunidade e empenho, acredito piamente nisso, porque em Angola no setor primário e no secundário está quase tudo por se fazer.

Para o futuro, o que podemos esperar da ABF – Angola Business Fórum?
Programada a segunda edição para junho de 2021, esperamos que a situação epidémica permita.
No momento, fazemos um acompanhamento claro dos empresários que nos procuram, temos várias dinâmicas a decorrer, formações online, lives, partilhas de informações úteis para a reprodução e reinvenção dos negócios.
Sozinhos vamos mais depressa, mas juntos vamos longe, eu levo esta dica pessoal e profissionalmente muito a peito. Por isso criei o grupo networking com mais de 150 participantes com mais de um ano, que tem funcionado muito bem. O sucesso dos meus amigos, parceiros, clientes e fornecedores são o meu sucesso, e festejo com mais alegria do que se fosse o meu individual ou das minhas empresas. As empresas chegam, onde os seus líderes permitem!