Início Atualidade OPINIÃO DE PAULA FRANCO, BASTONÁRIA DA ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS: OS «SÓCIOS INVISÍVEIS» DOS EMPRESÁRIOS

OPINIÃO DE PAULA FRANCO, BASTONÁRIA DA ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS: OS «SÓCIOS INVISÍVEIS» DOS EMPRESÁRIOS

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OPINIÃO DE PAULA FRANCO, BASTONÁRIA DA ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS: OS «SÓCIOS INVISÍVEIS» DOS EMPRESÁRIOS

Se os profissionais de saúde foram (e são) justamente apelidados de heróis destes tempos conturbados, os contabilistas são, à sua maneira – discreta, mas plena de eficiência – uma espécie de «sócios invisíveis» dos empresários. O seu papel em dezenas de milhares de pequenas e médias empresas é central e insubstituível.
Os contabilistas certificados assumem um compromisso profissional que não sofre interrupções ao longo do ano e que foi reforçado em tempos de pandemia. São uma classe profissional que nunca para, não há períodos de interrupção, as declarações e demais obrigações são sempre devidas.
Contudo, durante a pandemia os profissionais foram chamados a intervir em áreas onde, tipicamente, não era exigida a sua participação. Em particular, os CC tiveram de intervir em grande parte do processo de candidatura ao layoff simplificado, preenchendo e certificando os motivos de situação de crise empresarial, efetuando todos os processamentos salariais em conformidade e gerir as múltiplas e nem sempre claras alterações legislativas, quase diárias, para assegurar o correto cumprimento das obrigações a nível fiscal e de Segurança Social.
Nas empresas, os CC foram o único apoio dos empresários ou o ponto de ligação com os advogados, num contexto de enorme instabilidade legislativa e dificuldades na obtenção de esclarecimentos por parte das autoridades.
Tiveram de ajudar as empresas a planear a gestão de tesouraria dos impostos e contribuições e, podemos dizê-lo sem margem para dúvidas, evitaram que muitas empresas, na ansiedade provocada pelo contexto e aumentada pela instabilidade legislativa, avançassem para despedimentos. Salienta-se que a sua intervenção foi legalmente reforçada, tendo sido solicitada a sua certificação de indicadores económico-financeiros, junto das autoridades fiscais e contributivas, institutos públicos gestores de apoios e incentivos e da banca. Em relação à banca, tiveram ainda de enfrentar práticas menos éticas por parte desta, afirmando-se como garante da fiabilidade e veracidade da informação financeira, que é afinal o cumprimento da sua missão de interesse público.
Num cenário fortemente adverso, souberam ser um farol para as empresas, continuando a assegurar a correta arrecadação de receita fiscal e contributiva para os cofres do Estado.
Para os empresários em nome individual e profissionais liberais, não pouparam igualmente esforços na obtenção dos apoios ao dispor e assegurando, igualmente, o cumprimento das obrigações fiscais e contributivas regulares.
Muitos passaram a fazer candidaturas a apoios e incentivos e, portanto, a interagir com a gestão da empresa a um nível mais aprofundado do que o da mera preparação de informação financeira e fiscal. Por tudo isto, pode-se afirmar, com toda a propriedade, que os CC foram não só contabilistas, mas, sobretudo, consultores e parceiros da gestão, além de um pilar de confiança para todos os agentes económicos.
No dia 21 de setembro comemorou-se o Dia do Contabilista. No próximo dia 17 de outubro completam-se 25 anos de regulamentação da profissão no nosso país. São duas efemérides de grande significado. Contudo, os tempos não estão para festas. São de trabalho, com a mesma qualidade até aqui demonstrada, e continuar a evidenciar a quem ainda olha os CC de soslaio que estes desempenham uma profissão de excelência. As provas de competência e conhecimento são robustas e diárias.