A Mentanalysis inaugurou a sua primeira clínica em 2005, na cidade de Aveiro, uma vez que SSC sentia uma carência relativa aos serviços de saúde mental e, neste momento, actua em mais duas cidades. De que forma estes serviços e partilha de saber, permitiram ajudar a população e quais são os serviços personalizados que promovem?
Do ponto de vista histórico, a Mentanalysis nasce em 1995, de modo individualizado, e só em 2005 é que se constitui enquanto clínica, em Aveiro. Em 2007, começa a apostar na população de Coimbra, uma vez mais, de modo individualizado. Em 2015 abre instalações em Lisboa e em 2017 estende-se à população, em geral, em Coimbra. Temos o prazer de anunciar, em primeira mão, que a Mentanalysis vai abrir novas instalações na cidade do Porto, muito brevemente. Assim, em qualquer das quatro cidades onde se localiza, a Mentanalysis oferece um trabalho em Equipa, possui um corpo clínico que partilha um mesmo espaço e, essencialmente, a mesma postura profissional de competência, exigência e rigor, promovendo um tratamento personalizado, “à medida de cada Paciente”, orientado e eficaz, de forma a abranger todas as necessidades de quem procura os seus serviços. Reunindo vários serviços, na área da saúde mental, num mesmo espaço, a Mentanalysis pretende oferecer diversificadas valências e a partilha de saber. Desde cedo, percebemos que, mesmo na clínica privada, seria necessário criar estratégias e formas de chegar à população que nos procura, mas não possui as condições financeiras necessárias para suportar os custos inerentes aos processos terapêuticos, fornecendo-lhe condições vantajosas que permitam usufruir-nos.
Desta forma, desenvolvemos redes de colaboração com múltiplas instituições e celebramos vários protocolos / parcerias que permitem um acesso mais inclusivo das populações a cuidados de saúde mental especializados. Por outro lado, desenvolvemos também uma vertente de apoio social e comunitário, nomeadamente, através dos programas “Mentanalysis para Todos” e “Mentanalysis Segura”. Colocando todas estas condições em evidência, colocámos ao dispor da população serviços de alta qualidade, com uma equipa técnica especializada nas mais diversas áreas da Saúde Mental, o que habilita a empresa a prestar cuidados de saúde nas seguintes áreas: Psicanálise; Psicoterapia Individual (Infantil, Juvenil e de Adulto); Psicologia Clínica; Psicologia Forense; Terapia Familiar e de Casal; Neuropsicologia; Sexologia; Avaliação Psicológica; Orientação Escolar e Profissional; Psicodrama e Grupos terapêuticos; Pedopsiquiatria; Pediatria; Psiquiatria; Terapia da Fala; Desenvolvimento Infantil; Dificuldades de Aprendizagem; Psicomotricidade; Autismo no Adulto (NOVO) e Supervisão Clínica.
A 10 de outubro celebrou-se o Dia Mundial da Saúde Mental, cujo objectivo passa, obviamente pela sua sensibilização, mas também por identificá-lo como uma causa comum mundialmente. Como pode descrever a evolução do tema ao longo dos anos? Acredita que actualmente, a questão da saúde mental ultrapassa barreiras nacionais, culturais, políticas e socioeconómicas? A Mentanalysis dedica-lhe, anualmente, alguma iniciativa especial?
No último século muita coisa mudou relativamente à visão e ao tratamento das doenças mentais. Esta evolução relaciona-se com a evolução dos conhecimentos, na área das doenças mentais, e com a evolução dos cuidados de saúde, em geral. Todavia, ainda existe um caminho muito extenso a percorrer, uma vez que a saúde mental continua a ser “o parente pobre” da saúde em Portugal, mantendo a estigmatização e o preconceito de que “só os malucos” precisam deste tipo de acompanhamento, o que é, completamente falso! A Psicanálise/Psicoterapia, para além de um tratamento, consiste num processo de crescimento pessoal, infinitamente rico e profundo.
Todos os anos, a Mentanalysis tenta que, de alguma forma, o DMSM não passe completamente despercebido, de modo a promover a reflexão, a sensibilização e a combater o estigma associado a esta área da saúde. No ano passado, por exemplo, montámos um “setting terapêutico” num espaço público, nas cidades de Aveiro e Coimbra, e convidámos as pessoas a conversar com terapeutas especializados para esclarecer algumas questões relacionadas com o desenvolvimento humano e a saúde psíquica, bem como desmistificar o estigma associado às mesmas. A intenção foi promover a compreensão e valorização da saúde mental, incluindo todos os aspectos de um desenvolvimento pleno e saudável ao longo da vida. No entanto, acreditamos que é importante atentar para esta temática SEMPRE, pelo que, ao longo dos anos, temos vindo a desenvolver várias iniciativas de partilha de conhecimento, gratuitas, tais como conferências, workshops e tertúlias. Mais do que transmitir, receber e partilhar informação, pretende-se proporcionar um espaço de debate e convidar à reflexão de Todos, interligando várias áreas de Saber.
Abordando a actual situação de pandemia global da COVID-19, acredita que a saúde mental ganhou maior consciencialização na vida da comunidade? De que forma todas as consequências desta nova realidade afetaram a saúde das pessoas?
Acreditamos que sim. A situação actual veio demonstrar a importância da saúde mental, uma vez que as pessoas foram colocadas numa situação limite que apela para uma enorme necessidade de adaptação. Ao longo destes últimos meses, as pessoas têm sido colocadas perante inúmeros desafios emocionais, i.e., a pandemia exige saber lidar com uma série de emoções e medos, alguns deles muito arcaicos e precoces (ex. angústia de morte), para além de toda uma realidade externa e ameaçadora, impossível de controlar e em constante mudança. Depois, urge saber lidar com a situação de distanciamento e isolamento dos outros, com a impossibilidade do afecto (na sua vertente física) e com a actual perigosidade do mesmo.
Qual é a linha de pensamento que gostaria que todos nós percorrêssemos, enquanto cidadãos a viver numa fase de incertezas?
No nosso entendimento, sob o ponto de vista da saúde mental, urge atentar e prevenir as consequências absolutamente nefastas da mensagem errónea de que “O AFECTO MATA”. Nós, adultos, temos que ser muito capazes de explicar a pandemia às nossas crianças, acompanhando-as bem de perto e atentando para as nossas próprias angústias e medos, que não devem ser, nelas, projectados. Outra questão, verdadeiramente importante, prende-se com o modo como a população idosa e institucionalizada tem vindo a ser “tratada”, ao longo de todo este processo: é imprescindível encontrar novos modos de gestão do contágio e de acompanhamento destes indivíduos que sentem e sofrem, sós, todo este processo. Outra dimensão maior consiste em reflectir sobre a paradoxalidade dum tempo em que todos estão infinitamente próximos (ligados online), mas infinitamente longe (com a imposição da impossibilidade de algo tão “simples” como um abraço ou um beijo), reinventando novas formas afectivas, de toque e relacionais. Torna-se imperativo perceber que esta é uma problemática complexa, apesar da multivariância de aspectos da pandemia (psicológicos, de saúde pública, epidemiológicos, económicos, entre outros), a pandemia é só uma e torna-se imperativo, para além das suas especificidades, enveredar na sua meta compreensão, sob pena de se tomarem as partes, pelo todo. Para finalizar e aqui entre nós, que ninguém nos ouve, não temos a menor dúvida de que toda a comunidade política, nas suas tomadas de decisões poderosíssimas e de magnânimo impacto na humanidade, se deveria rodear de técnicos de saúde mental competentes: É URGENTE TER SAÚDE MENTAL!