Na Gilead investigam-se e desenvolvem-se novos medicamentos ajustados às expetativas e necessidades dos doentes. Em Portugal desde 2001, qual é o balanço que faz destes anos e quanto à concretização do objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade de vida de pessoas que sofrem de doenças potencialmente fatais?
Eu penso que o balanço que se pode fazer é muito positivo, ainda que, quando falamos do tipo de doenças com as quais trabalhamos, todos os esforços nunca são demais. Mas posso dizer-lhe que graças ao trabalho das Autoridades, dos profissionais de saúde e dos nossos profissionais há, desde 2015, mais de 20.000 doentes curados de hepatite C, com os medicamentos da Gilead; que nos últimos anos mais de metade dos doentes com VIH em tratamento em Portugal utilizam ou utilizaram as terapêuticas da Gilead; temos também doentes que beneficiaram dos medicamentos oncológicos da Gilead para aumentarem a sua sobrevida; e que foram muitos os doentes imunodeprimidos que sobreviveram por terem sido tratados com o medicamento mais antigo, um antifúngico sistémico.
Existe ainda a convicção que todas as pessoas devem ter acesso global aos medicamentos, independentemente de onde vivem ou dos recursos que têm. Assim, o que é que a Gilead tem realizado para expandir o acesso a estes tratamentos?
A GILEAD tem uma unidade de negócio dedicada a garantir o acesso aos medicamentos que comercializa em 130 países onde doenças como o VIH e as hepatites virais têm forte incidência e prevalência, e em que que os doentes e os sistemas de saúde teriam dificuldade em sustentar estas terapêuticas diretamente. Assim, colaboramos com entidades internacionais, governamentais e não governamentais e outras companhias para garantir um acesso mais generalizado e sustentável aos nossos medicamentos.
O Programa Gilead GÉNESE, criado, em 2013, pretende incentivar a investigação, a produção e a partilha de conhecimento científico a nível nacional, e de viabilizar iniciativas que conduzam à implementação de boas práticas no acompanhamento dos doentes. Na prática, o que se tem vindo a efetivar neste âmbito?
Em Portugal, o Programa Gilead GÉNESE tornou-se uma referência na área da Responsabilidade Social Corporativa, incentivando projetos de investigação científica e de intervenção na comunidade e contribuiu desde o início de 2013 até ao dia de hoje com mais de 1,5 Milhão de euros para estes projetos que têm auxiliado a evolução de diagnóstico e tratamento das várias doenças em que atuamos. Os doentes e as comunidades muitas vezes enfrentam desafios no acesso aos melhores cuidados e sabemos que a Gilead sozinha não pode resolver estes desafios – por isso também estamos empenhados em ser uma parte importante na solução e a parceria com a investigação e com a comunidade é isso mesmo. Os nossos programas ajudam a enfrentar algumas barreiras aos cuidados, tais como: acesso ao tratamento, o estigma e a discriminação, assim como as desigualdades na prestação dos cuidados de saúde em todo o mundo.
Dentro das áreas terapêuticas que o Programa Gilead GÉNESE apoia, estão a hemato-oncologia, doenças hepáticas virais e metabólicas e infeção por VIH/SIDA. Quão importante é apoiar estas três áreas específicas?
Em todas estas áreas, as doenças têm um impacto muito relevante na qualidade de vida das pessoas e até na sua sobrevivência, logo refletem a missão da Gilead e a necessidade que sentimos de trabalhar todos os dias para trazer uma mensagem de esperança e de mais e melhor tempo de vida a doentes com doenças crónicas, incapacitantes e, muitas vezes, pouco divulgadas .
No passado dia 1 de dezembro de 2020, assinalou-se o Dia Mundial da Luta Contra a Sida e, passado três décadas do seu aparecimento, há quem defenda que existe ainda um longo caminho a percorrer no que diz respeito ao conhecimento e preocupação social quanto ao mesmo. Concorda com esta afirmação? Porquê?
Concordo, porque o estigma existe e é difícil assumir que se é portador desse vírus e adia-se muitas vezes o diagnóstico, colocando em risco os parceiros. Ainda que seja uma doença conhecida já há mais de 30 anos, a verdade é que se fala pouco, de forma objetiva e persiste uma enorme ignorância sobre a sua repercussão e transmissão. Confesso que há também alguma dificuldade em criar campanhas de prevenção eficazes, esse é um desafio com que nos deparamos todos os dias. Há mais trabalho a fazer para tornar o preconceito cada vez menos relevante face à necessidade de diagnóstico e tratamento. Portugal continua a ser um dos países da Europa com um maior número de novos infetados por ano, ainda que em decréscimo, o que demonstra que as campanhas de prevenção e sensibilização continuam a precisar de melhorias.
Acredita que existem investimentos adequados e suficientes, que permitam implementar programas sistematizados junto dos jovens, por exemplo, sensibilizando-os para a adoção de comportamentos promotores da redução do risco contra a infeção pelo VIH?
Eu diria que sim, não sei se a eficácia não poderá ser melhorada, mas o investimento existe. Por exemplo, o Movimento Pensa Positivo que pretende chamar a atenção para a temática do VIH, aumentando a educação da população, trabalha a prevenção através da promoção de alteração de comportamentos e oferece conhecimento a quem vive com VIH para uma melhor gestão da sua doença. Não esquecendo o combate ao estigma e ao auto-estigma, que como vimos no último relatório da DGS, continua a ser muito significativo na nossa sociedade. Os últimos dados apontam para um decréscimo de novos casos de infeção, no entanto, ainda temos um caminho para fazer na prevenção e na adoção desses comportamentos: quer seja pelos mais novos ou pelos mais velhos, onde existe maior incidência de novos casos.
A Academia PensaPositivo surge no âmbito deste Movimento exatamente para preencher uma necessidade de aumentar a literacia sobre VIH, especialmente ao nível dos jovens, desde o 9º ano até aos estudantes universitários. Ao promover a educação dos jovens sobre o VIH e sobre doenças sexualmente transmissíveis, podemos aumentar o seu conhecimento sobre VIH, evitar comportamentos de risco e combater o estigma ainda existente na nossa sociedade. Temos, desde Abril, médicos internos de infeciologia preparados para fazer ações de formação em escolas e outras entidades.
Atendendo ao atual cenário provocado pela pandemia da COVID-19, como se encontram as respostas necessárias para os tratamentos contra o VIH – tratamentos esses que requerem continuidade?
A COVID-19 veio atrasar a capacidade de diagnóstico de novos doentes e de resposta ao VIH, tal como no âmbito de outras doenças, todavia há uma preocupação generalizada da comunidade médica em não perder o controlo sobre esta doença e aqui as comunidades de doentes têm um papel crucial com os seus programas de diagnóstico simples e precoce. Na continuidade do tratamento e otimização de terapêuticas é que houve de facto algum atraso devido à impossibilidade de acompanhamento da alteração de terapêutica pela redução de consultas presenciais.
Inclusão, integridade, trabalho em equipa, responsabilidade pessoal e excelência são os valores que norteiam a atividade da Gilead. Deste modo, e para o próximo ano que se avizinha, que projetos e iniciativas têm planeadas para dar seguimento à missão que se propõem diariamente?
De momento o nosso foco tem sido no bem-estar e segurança dos nossos colaboradores para lhes permitir, mesmo nestas circunstâncias, conseguirem trabalhar a partir de casa e cuidar das suas famílias. Deste modo, garantimos a motivação para continuarmos todos a dar o nosso melhor e contribuir com o nosso trabalho para garantir o acesso aos medicamentos que disponibilizamos e que podem contribuir significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos doentes. Exemplo disso é o Veklury, que tem sido usado, em ambiente hospitalar, no tratamento da COVID-19 com o propósito de acelerar a recuperação dos doentes e diminuir a necessidade de recurso a cuidados intensivos. Para o futuro o nosso pipeline prevê o desenvolvimento de inúmeras terapêuticas na área dos tumores sólidos e da inflamação, o que poderá trazer mais tempo e qualidade de vida aos doentes que sofram dessas doenças.