No sentido de contextualizar o nosso leitor, explique-nos um pouco o conceito de atuação de mercado da entidade que lidera, ETRA Portugal, e de que forma é que a mesma tem vindo a implementar uma dinâmica diferenciadora, promotora de valor e assente na excelência e na qualidade?
A ETRA é um grande grupo empresarial Espanhol que se dedica a disponibilizar à sociedade serviços com a mais avançada tecnologia nas áreas de mobilidade, rede de tráfego, transporte, iluminação, energia, segurança, comunicações. Faz parte do maior grupo Empresarial, Grupo A.C.S, presidido por Florentino Pérez. Durante mais de 30 anos o GRUPOETRA tem desenvolvido de maneira continuada as capacidades necessárias para crescer de forma sustentável e manter uma posição de liderança no mercado. A sede é em Valência – Espanha, e atualmente estamos presentes em vários países como Portugal, Marrocos, Turquia, Brasil, Colômbia, México, Peru, Chile, Equador e, mais recentemente na Alemanha. A Etra tem sido inovadora em várias cidades, num trabalho exaustivo de simplificação de processos e inovação. Em Portugal, a Eyssa-Tesis, agora Etra Portugal, teve um papel fundamental na semaforização da cidade de Lisboa nos anos 80, com a instalação do Software Gertrude, por exemplo, e também com a instalação de toda a rede semafórica que vemos espalhada por todo território nacional -continente e ilhas. Somos fabricantes de semáforos há muitos anos, e asseguramos a sua manutenção. Trabalhamos em simultâneo na manutenção de vários túneis e radares, entre outros serviços.
A sua liderança ainda é bastante embrionária, pois assumiu a posição de Country Manager da Etra recentemente. De que forma recebeu este desafio e quais são as suas principais motivações no sentido de continuar a elevar a empresa a outro patamar?
É verdade! Comecei esta aventura no final do verão, após ter sido a selecionada num processo de recrutamento internacional em plena pandemia. O convite foi aliciante; reestruturar a fundo a Eyssa-Tesis. Apesar de não ser engenheira de formação, o desafio foi irrecusável. Estive em Madrid, Valência e Vigo, e tive o prazer de conhecer de perto a realidade Etra bem como grande parte da equipa. Fiquei fascinada com a dimensão dos projetos desenvolvidos e executados. Quando iniciei aqui em Portugal, também fui muito bem recebida, e estamos em fase de reestruturação e de novos hábitos de trabalho. Ainda temos algum caminho a fazer, mas está a ser muito desafiante. A minha maior motivação é elevar o patamar de Portugal a uma delegação espanhola, como a de Vigo ou Madrid. Para atingirmos esta meta, o primordial é termos pessoas motivadas a trabalhar em equipa.
Que balanço já é possível fazer? Qual será o grande desafio da reestruturação da Etra Portugal (Eyssa-Tesis)?
Ainda é muito cedo para fazer uma avaliação, mas ela terá de ser feita, em primeiro lugar, por quem já estava na Etra Portugal e, simultaneamente, por Espanha. Posso confessar que tem sido desafiante. O processo que estamos a levar a cabo é muito mais complexo do que abrir uma nova empresa ou iniciar um novo projeto. Estamos a falar da reestruturação de uma empresa com mais de quatro décadas de existência. Isto exige um estudo constante de todas as áreas de negócio. É necessário ajustar metodologias às novas necessidades, identificando as pessoas para cada projeto. É um jogo de estratégia constante. Ninguém gosta de mudanças, e isto não é novidade. Em dois meses alterámos muito. Primeiro, a denominação da empresa. Optámos por aproximar o nome à casa mãe — Etra. Para alterar qualquer processo é fundamental ter-se em conta as pessoas que dele já faziam parte, perceber quais as suas motivações, e conhecer de perto o seu dia-a-dia. Só depois podemos começar a implementar novos processos de trabalho. É também importante perceber que recursos mais precisamos para acrescentar valor a estes processos. Agendámos muitas formações, implementámos novos métodos de trabalho apenas com o intuito: simplificar, para melhor produzir. A Etra em Portugal tem um potencial enorme. Felizmente, a nossa área de negócio não foi atingida por esta grande Crise Covid. Nunca parámos. Pelo contrário, alterámos o nosso core business de tráfego para uma unidade de negócio, e estamos já a implementar as linhas de negócio que Espanha tem, tais como nas soluções de mobilidade, transportes, iluminação, energia e novos produtos. A equipa está a crescer, e vai crescer ainda mais. O projeto torna-se quase viciante. Estamos a desenvolver novas áreas de negócio para nós e o mercado está a responder melhor do que esperávamos. O grande desafio é o dia de Hoje, estamos em ritmo frenético com tantas alterações, e precisamos de entrar rapidamente em velocidade cruzeiro. Isto será possível assim que estivermos todos coordenados e todos os projetos verdadeiramente identificados. Estamos numa fase anormalmente assoberbada de trabalho, com os vários concursos públicos para apresentação de propostas. Outro desafio será não dependermos da contratação pública e tornarmo-nos parceiros também das várias empresas de energia em Portugal. O desafio maior é, sem dúvida, trabalhar neste cenário de pandemia, em que tentamos não colocar ninguém em risco.
Sente que será um trabalho árduo, rigoroso e que necessitará de um sentido coletivo e de equipa muito apurado e aprofundado para concretizar os desideratos da empresa?
Sem dúvida! Esse trabalho árduo já começou. Não faço sem quero fazer nada sozinha. O sucesso só é possível com o trabalho de uma equipa multidisciplinar. Estamos em várias frentes, como já disse anteriormente, apesar da nossa base serem os serviços de instalação e manutenção elétricas. Já existia uma equipa com muitos anos de casa, com muito conhecimento técnico, e com estas novas áreas de negócio a equipa vai voltar a crescer nos próximos anos, não tenho dúvidas! Acredito no lema: Se queres ir rápido vai sozinho, se queres ir longe vai em equipa!
Olhando para o seu background, nunca deixou de continuar a apostar na sua formação académica. Recuando um pouco, de que forma é que este trajeto foi e é essencial na sua função atual? Sente que essas experiências foram fundamentais para ter alcançado esta posição de liderança?
As oportunidades que tive foram surgindo com alguma tranquilidade. Trabalhei muitos anos, por opção, por conta própria para conseguir acompanhar o crescimento dos meus filhos. A posição que hoje ocupo foi uma oportunidade, não uma ambição. Sempre fui clara com as minhas convicções e motivações: os meus filhos sempre foram prioritários. No entanto, nos últimos anos, é verdade que decidi voltar a investir na minha formação, uma vez que os meus filhos já não dependiam tanto de mim. Senti que precisava de adquirir novos conhecimentos. Talvez graças a uma irreverência natural da idade, confesso que durante anos desvalorizei a formação. Quando somos mais novos acreditamos que sabemos tudo, e ninguém tem nada para nos ensinar. Felizmente, a maturidade veio rapidamente anular esta crença, e hoje em dia, sempre que estou prestes a terminar uma formação, dou comigo a pensar já na próxima. Tento transmitir aos meus filhos, aos meus irmãos e sobrinhos mais novos: só com formação contínua é que podemos evoluir. O mundo está a evoluir a uma tal velocidade que é essencial estarmos em constante evolução e adaptação. Os menos curiosos ou interessados acabam por ficar completamente de fora desta transformação. Acredito fielmente numa das teorias do PGL: Qualquer um de nós pode fazer tudo, desde que seja ensinado. Tento transmitir também dentro da empresa esta urgência da formação contínua e constante, que será a principal meta para 2021. Uma empresa cresce a olhos vistos, se cada uma das pessoas crescer. Quero disponibilizar todas as ferramentas de formação, para que assim possam crescer e para que possam ter outras oportunidades dentro da própria empresa e — porque não? — poderem substituir-me.
Que género de liderança espera aportar à dinâmica da Etra? Que mensagem é que acredita que um líder positivo deve passar às equipas para que estas se sintam constantemente motivadas em prol do projeto?
Fala-se muito de liderança, e não me quero assumir como um tipo de líder A ou B. O que tenho vindo a acrescentar à Etra passa muito por aquilo que sou e no que acredito. Sou Humana, sou Cristã e acredito que todos têm direito a serem tratados como tal. O meu trabalho passa muito por dar as ferramentas que precisam para fazer o trabalho, para que assim todos juntos consigamos atingir os objetivos que a empresa assim o exige. Sou uma pessoa simples e prática, e vivo um dia de cada vez; mas também sou exigente. Tento transmitir a necessidade de vermos o lado bom de cada situação, de respeitarmos o trabalho do outro. A motivação é algo muito pessoal, e sei que não consigo motivar ninguém. O meu cuidado é perceber o que posso fazer por cada um, para que se sintam sempre motivados. Este é o grande desafio. Quais os estímulos de cada um, e estar em constante equilíbrio.
Apesar de algumas mudanças positivas, as empresas e os respetivos líderes nem sempre dão o devido valor à vertente dos recursos humanos, sendo este um erro crasso para quem pretende evoluir e alcançar a excelência. É uma pessoa que acredita que os recursos humanos de uma empresa, são o principal pilar da mesma?
Como já o disse, é impossível não pensar e agir assim. A empresa é formada por pessoas, pessoas todas elas diferentes, todas elas com motivações diferentes. Esta é a minha maior preocupação, e nos tempos que correm não é fácil, mas estritamente necessária a preocupação pelo outro. O sofrimento não nos pode ser indiferente. Sem pessoas, as empresas tornar-se-iam unipessoais, e não é isto que somos nem o que queremos ser. Acredito e sei, que, por vezes, há muitas coisas que podemos fazer pelas pessoas e que não custam dinheiro. Não permito que se trabalhe mais do que o tempo contratado. Valorizo muito a produtividade, o equilíbrio família-trabalho. Prefiro acreditar que não existem empresas que não tenham esta preocupação. Na verdade, gosto mais da palavra Pessoas do que a expressão Recursos Humanos.
Quem é a Carmo enquanto pessoa e de que forma é que transporta essa personalidade mais pessoal para as funções de liderança enquanto Country Manager?
Ui… esta pergunta não é nada fácil (risos). Sou a sétima filha de 13. Sou mãe galinha e babada do André, da Beatriz, do Afonso, do Gonçalo e da Carminho. Sou uma pessoa grata à minha vida, ao que tenho. Adoro a minha família, adoro receber pessoas em casa, viajar, sou elétrica, sempre com muita energia. Sou uma pessoa otimista. Basicamente é isto que tento transmitir todos os dias. Não quero ser, nem sou supermulher! Gosto de simplificar, simplificar processos. Gostava que a minha personalidade e aquilo que sou pudesse servir de exemplo às pessoas com quem trabalho. E esta é, para mim, a melhor definição de liderança.
Em que medida o Grupo Etra tem dado passos na descarbonização?
O Grupo Etra desenvolve e instala soluções de mobilidade elétrica. Somos parceiros do Grupo PSA na oferta de serviços de instalação das Wall box, e estamos a instalar vários postos de carregamento na Península Ibérica. Em Madrid fomos os responsáveis pelo piloto de carregamento indutivo de 6 autocarros da EMT. Em Portugal, queremos ser fortes parceiros das empresas elétricas, na implementação das suas ações de descarbonização.
Os desafios não cessam e os projetos também não. Que novidades terão para o próximo ano?
Não querendo levantar o véu, há novidades que estamos a preparar. Estamos a priorizar a utilização de materiais reciclados nos nossos produtos. Queremos também entrar no setor dos transportes, em Portugal, e esse será sem dúvida o maior desafio para 2021. Acredito que com toda a gama de produtos que já desenvolvemos em Espanha, e não só, este seja uma meta possível de alcançar.
Olhando para a dinâmica dos produtos do Grupo ETRA, esta disponibiliza purificadores de ar #Zonair, para todo o género de instalações. Este produto ganha ainda maior preponderância pela realidade em que vivemos atualmente, da COVID-19?
A Zonair3D é o exemplo mais recente de como o Grupo Etra continua a investir em novos projetos, seja por desenvolvimento, seja por aquisição de empresas. O purificador surge numa realidade pandémica, mas a qualidade do ar é uma preocupação muito anterior ao coronavírus. Não queremos associar este produto à doença covid-19, mas à qualidade do ar nos nossos locais de trabalho, nos locais que frequentamos. Infelizmente, as doenças respiratórias têm um peso muito elevado nas patologias existentes, e o Grupo Etra tem investido no desenvolvimento desta tecnologia para tentar minimizar esse risco. Atualmente, é, sem dúvida, uma boa aposta, mas não é apenas um produto “anti-covid”.
A terminar, o que espera para 2021, e que mensagem gostaria de deixar a todo o Grupo ETRA, em Portugal?
Esta semana a Eyssa Tesis comemorou 47 anos de existência, espero que a Etra Portugal dure muitos mais anos, e que muitas pessoas tenham oportunidade de trabalhar aqui connosco. Desejo a todos o que desejo para mim, o melhor! 2021 vai ser um ano com muitas mudanças, mas com a ajuda, o trabalho, a dedicação de cada um, vamos chegar mais longe. Espero que em 2021, a Etra Portugal possa ser considerada uma das melhores empresas para se trabalhar!