Sempre presente na construção do futuro” é o lema pelo qual o Grupo Salvador Caetano se rege desde 1946. Ao longo dos tempos tem vindo a criar raízes sólidas e profundas, permitindo a sua expansão até – atualmente – 37 países e 3 continentes. Em Moçambique, qual te vindo a ser a evolução do mesmo?
A Salvador Caetano (SC) tem um passado em Moçambique que mostra a persistência, a resiliência e o foco que o Grupo tem nas suas operações.
A primeira abordagem ao mercado foi um repto lançado pelo Presidente Samora Machel, em 1981, para a instalação da primeira fábrica de autocarros em Moçambique.
O Grupo começou a fazer esse planeamento e projeto que durou alguns anos a implementar, sendo que só em 1991 os primeiros técnicos moçambicanos foram a Portugal fazer formação; em 1992, arrancou a fábrica na Matola (instalação detida pela SC e com participação do Estado) e que teve um tempo de vida até 2007 (pela carga fiscal existente, o produto acabado ficava mais caro do que ser importado e deixou de ser competitivo, sendo que alguns clientes entraram também em crise).
Não desistindo do mercado moçambicano, em 2013, a Salvador Caetano concorreu a um concurso enviado pela Renault para o “East Africa”, de sete países. A estratégia da SC seria de deter duas capitais, uma no Quénia (para alimentar o Quénia, Uganda e Tanzânia) e outra em Moçambique, para alimentar o Malawi, Zâmbia, Zimbabwe e fazer o próprio retalho no desenvolvimento da rede em Moçambique, sendo que nos outros países era nomeação de importadores.
Ganhou o concurso, as operações arrancaram e, desde então, a marca Renault tem vindo a crescer e a ser uma das marcas com maior crescimento.
Em 2017, comprou a operação da Volkswagen que existia no País, uma marca que criou novas instalações e atingiu padrões mais elevados.
Em 2019, ganhou a exclusividade da marca Peugeot para vários países de África, nomeadamente Moçambique.
Ou seja, 2020 foi o ano da implementação de mais uma marca às que o Grupo SC já tinha e, assim, temos vindo a crescer e a evoluir todos os anos também com várias áreas de negócio como a venda de autocarros e equipamentos.
Desde sempre que assumem a responsabilidade e o equilíbrio em todos os momentos da atuação do Grupo Salvador Caetano Moçambique, através da inovação e melhoria constante dos produtos e serviços que disponibilizam, sustentados em bons relacionamentos e em justas propostas de valor. Acredita que a inovação é a palavra-chave para o sucesso da empresa? De que forma têm acompanhado as tendências inovadoras num mundo que está em constante mudança?
O Grupo Salvador Caetano está sempre na linha da frente. Achamos que só com inovação é que conseguimos crescer.
Temos sido referência em muitos países, temos trazido soluções inexistentes, nomeadamente para África, onde muitas das coisas são consideradas novas como o lançamento de uma nova empresa (que já é líder) como é a Caetano Renting. Uma nova solução que ainda em África não tem grande divulgação e que esperamos que seja um sucesso.
As companhias que investem em Moçambique vêm com hábitos do Ocidente, com hábitos de utilização dos meios através do aluguer e que são os meios mais eficazes por isso somos a primeira marca renting a ser instalada no País com todas as soluções e para todas as empresas.
Atravessamos atualmente aquela que é uma pandemia global complexa e lidamos agora com as reais consequências sociais e económicas de forma resiliente. Qual foi o impacto da mesma em Moçambique e pelos países de língua portuguesa? Mais especificamente no Grupo Salvador Caetano Moçambique, o que é que esta pandemia veio alterar na vossa metodologia de trabalho e qual foi a repercussão nos negócios da empresa?
A Pandemia da COVID-19 teve um impacto a nível mundial, mas Moçambique não sentiu o mesmo abanão como Portugal ou Brasil, fruto da boa ação do Governo no surgimento e aparecimento dos casos com medidas concretas e eficazes que evitaram a propagação.
A população respeitou as regras criadas e bem definidas. Passamos por momentos difíceis logo a partir de 1 de Abril com o Estado de Emergência e o encerramento de algumas atividades.
Os negócios entre Abril e Junho correram francamente mal e, a partir de Julho, começaram a aligeirar e recuperar um bocadinho.
Hoje ainda não estamos totalmente bem mas estamos claramente melhor do que no período referido.
Vimos e notamos também o facto de as empresas reterem os seus quadros nos países de origem devido a não ser ainda seguro viajar, o que provocou menos investimento e as empresas a adiarem os seus projetos.
Esperamos que com o surgimento da vacina no Ocidente – e que ainda demorará a aparecer em Africa – que as condições possam melhorar e o mercado possa voltar novamente à normalidade.
O ano de 2020 ficará marcado na história como aquele que trouxe até às nossas vidas algo desconhecido e, para muitos, temeroso. Ainda assim, – e para a empresa – acredita que houve ainda espaço para a superação e crescimento? Qual é o balanço que faz deste ano que está prestes a terminar?
O ano 2020 apesar de ser difícil acabou por ser muito positivo para a Salvador Caetano Moçambique. Foi um ano em que vendemos mais unidades automóveis e acabamos com um saldo positivo.
O maior desafio que tivemos (e que vamos ter até final do ano) foi a desvalorização da moeda do país, o metical, ao longo de 2020. Este problema agravou-se ainda mais com a baixa de exportações de Moçambique pois o mundo parou e a nossa economia depende muito das exportações dado que a balança comercial tem um maior peso nas importações do que nas exportações.
Ora, isto proporcionou uma maior desvalorização da moeda. Mesmo havendo maior número de unidades vendidas, foi um ano difícil com perdas cambiais no nosso balanço uma vez que as compras nos fornecedores é de Euros e Dólares.
Um ano desafiante é certo. Assim, pretendemos que 2021 possa alterar este rumo e equilibrar as contas.
Com 2021 à porta é agora tempo para imaginar novos objetivos para que no próximo ano se ponha em prática a sua concretização. Assim, que novos projetos ou ideias tem o Grupo Salvador Caetano Moçambique para retomar economicamente o que possa ter perdido com a COVID-19?
O ano de 2021 vai ser de desafios. Arrancamos com uma nova operação, a Caetano Peugeot Moçambique e, como disse anteriormente, vamos arrancar com a operação de Renting e estamos com muitas expetativas na marca Peugeot.
Vamos lançar um modelo de PickUp, e sabemos que 70 por cento do mercado de Moçambique é virado para este género de viaturas. Esta será mais competitiva e estamos em crer que o ano será muito favorável.
O País hoje vive já uma realidade do gás, o projeto da TOTAL é um projeto já em construção e para ficar concluído em 2023 e esperamos que em 2021 saia também o FID (Final Investment Decision) da Exxon Mobil.
Com a retoma económica do mundo, espera-se que as empresas que têm investimento em Moçambique voltem à normalidade para que esta economia jovem, frágil e marginal que é a moçambicana e que tem muito investimento estrangeiro direto possa ressurgir.
O mundo precisa de voltar a laborar para que as nossas exportações aumentem, tenhamos uma maior valorização do Metical e a classe média no País possa consumir para termos uma economia maior.