“É ESSENCIAL QUE NESTE TEMPO DE PANDEMIA OS DOENTES ONCOLÓGICOS NÃO SEJAM DEIXADOS PARA TRÁS”

Tendo como principal fito o Dia Mundial de Luta contra o Cancro, que se celebrou a 4 de fevereiro, a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Carlos Ribeiro, Diretor Geral da Takeda em Portugal, uma marca que se distingue das demais pela forma como está no mundo, ou seja, mantendo as Pessoas e o seu bem-estar como a principal preocupação, principalmente no atual contexto pandémico, até porque “é essencial que neste tempo de pandemia os doentes oncológicos não sejam deixados para trás”.

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A Takeda é uma empresa biofarmacêutica global focada no doente, empenhada em proporcionar uma saúde melhor e um futuro mais brilhante a pessoas em todo o mundo. Utiliza também a investigação para fomentar a sua missão e encontrar tratamentos potencialmente determinantes para os doentes. Com os constantes desafios impostos à indústria farmacêutica, quem é hoje esta organização?
Somos uma companhia que se distingue desde a sua génese na forma como está no mundo. A Takeda tem uma herança e história de 240 anos a traduzir a ciência em medicamentos altamente inovadores, focada na procura de soluções que melhoram a saúde de quem mais precisa e tornam o mundo melhor, com impacto positivo nos doentes, pessoas e planeta e assente em quatro pilares de decisão PTRB (Patient, Trust, Reputation, Business). Há desafios em todos os sectores de atividade, no nosso há inúmeros, pois somos a atividade mais regulamentada que existe em termos transversais do negócio (desde a investigação, passando pela comercialização até à relação com os nossos clientes, médicos ou doentes), mas também nos coloca como a área pioneira de transparência e integridade. Somos uma companhia robusta e resiliente, focada em Portugal na área de Oncologia, Gastrenterologia, Doenças Raras do Metabolismo, Angioedema Hereditário, Hemofilia e Derivados de Plasma. Somos uma organização que está sempre preparada para a mudança, para desafios, e muito focada em construir a medicina do futuro. Temos um pipeline robusto e transformador em que a curto prazo – até 2025 – esperamos ter 20 lançamentos, dos quais 12 são novas moléculas que representam first-in-class ou best-in-class. A partir de 2025, com toda a capacidade de investigação que instituímos – fábricas e parcerias que desenvolvemos, temos um pipeline surpreendente com 20 programas de investigação em terapias genética e celular com potencial transformador ou curativo em doenças das nossas áreas principais.

Presente em cerca de 80 países, com posições líderes no Japão e nos EUA, a Takeda pretende diariamente fornecer medicamentos altamente inovadores e cuidados transformativos para mais pessoas a nível global. Qual é, na sua opinião, a legitimidade para afirmar que, neste âmbito, a inovação e evolução destes produtos conduzem a uma maior taxa de sucesso nos tratamentos? Esse tem sido o foco primordial?
É claramente muito importante apostar na comunicação sobre o valor dos medicamentos, acredito é que temos de ser ainda mais específicos e concretos. O contributo da Indústria Farmacêutica para a saúde pública é indiscutível quando olhamos para os dados e para a ciência. Há informação relevante que claramente demonstra o impacto na vida das pessoas e os ganhos sociais e económicos da investigação e da inovação da indústria.
Dou alguns exemplos claros de sucesso pela inovação. Desde 1980 que as mortes por HIV decresceram em 80%, desde 1990 que as mortes por cancro decresceram 20% e a inovação recente resultou em que 90% de pessoas que vivem com Hepatite C podem agora estar curadas com um tratamento a 12 semanas.
Na área das doenças raras, também o impacto tem sido significativo na vida das pessoas que vivem com estas doenças. Num inquérito feito a 180 médicos sobre os medicamentos mais transformadores dos últimos 25 anos, de 26 medicamentos apresentados, dez eram para doenças raras.
O futuro da saúde é ser cada vez mais customizado e adequado ao perfil da pessoa, ao seu contexto e ambiente, melhorando os resultados, a qualidade e quantidade de vida das pessoas e permitindo um melhor investimento do orçamento da saúde, seja na prevenção, manutenção de saúde ou no tratamento da doença, e a Takeda está preparada.

Existe ainda a convicção que todas as pessoas devem ter acesso global aos medicamentos, independentemente de onde vivem ou dos recursos que têm. Assim, o que é que a Takeda tem realizado para expandir o acesso aos seus tratamentos?
O nosso compromisso com a investigação e o desenvolvimento de soluções inovadoras é muitas vezes acompanhado de propostas para o seu financiamento e acesso célere dos doentes.
Em 2016, lançámos um programa específico de Acesso aos Medicamentos focada em geografias e áreas com importantes lacunas terapêuticas, de forma a combater as muitas barreiras que afastam os doentes do acesso aos cuidados de saúde e aos tratamentos de que precisam para as suas doenças. A nossa abordagem para melhorar o acesso é sustentável e dirigida, de forma a fortalecer também o sistema de saúde. Apoiámos mais de 125000 doentes com o tratamento que precisavam; apoiámos os prestadores de cuidados de saúde a fazerem rastreios a mais de 1,1 milhões de doentes com cancro, hipertensão e diabetes; capacitámos e treinámos mais de 4000 prestadores de cuidados de saúde. No Access To Medicine Index, o último foi em 2018, a Takeda foi posicionada em quinto lugar, como reconhecimento da nossa estratégia para melhorar o acesso dos doentes aos medicamentos.

No domínio da oncologia, a Takeda contribui para os avanços de investigação para novas terapias, desenvolvendo novas moléculas altamente inovadores e com um grande potencial anti-tumoral. Neste sentido, temos assistido a uma evolução imensa no campo dos tratamentos contra o cancro, porém, ainda não são suficientes para combater a exigente taxa de mortalidade. Que lacunas existem ainda por preencher?
O avanço na redução das taxas de mortalidade de inúmeros cancros devido aos recentes tratamentos tem sido estrondoso e tem resultado em muitas publicações com os respetivos estudos. De acordo com a American Cancer Society a mortalidade por cancro tem decrescido continuamente desde que atingiu o seu pico em 1991, resultando numa redução global de 31% da taxa de mortalidade e aproximadamente menos 3.2 milhões de mortes por cancro nos EUA.
Na Europa, apesar de cada vez mais pessoas serem diagnosticadas com cancro, as melhorias nos serviços e tratamentos dos diversos cancros têm conduzido a melhores resultados. Por exemplo, o número de mortes por cancro tem crescido a um ritmo muito menor (20%) do que os casos de cancro 50%).
Desde 1995, com toda a investigação e conhecimento que se tem vindo a adquirir, existiram 160 tratamentos aprovados para o cancro.
Estes números devem deixar-nos muito otimistas em relação ao trabalho e aos avanços que a indústria farmacêutica e as companhias têm feito nesta área em prol dos doentes oncológicos, das suas famílias e dos sistemas de saúde dos países. Seguramente que há sempre uma ambição, pelos doentes, de se chegar ainda mais longe, e é por isso que temos hoje novas terapêuticas genéticas e celulares a serem desenvolvidas e introduzidas e com potencial de cura de alguns cancros.

A 4 de fevereiro comemora-se o Dia Mundial de Luta contra o Cancro – uma iniciativa da União Internacional de Controlo do Cancro, uma rede de cooperação internacional composta por diferentes membros e organizações. Este é um evento global que une a população em torno do combate contra a doença, através da sensibilização e da educação. Como nos pode descrever a evolução da prevenção que é realizada atualmente?
Há seguramente muito ainda a fazer pela sensibilização, educação e literacia em saúde, e deve existir um foco claro das entidades políticas e reguladoras em investir na promoção da saúde e prevenção das doenças, passando uma clara ideia de que tal como nos diz a OMS “a saúde é o bem-estar físico, mental e social, mais do que a mera ausência de doença”.
No entanto é essencial percebermos que existem muitas pessoas com cancro em que desconhecemos a razão da sua origem ou ela é genética, pelo que, nestes casos, a prevenção poderá ser mais limitada. Esta clarificação é essencial para se prevenir a estigmatização das pessoas com cancro.

É essencial que, ao longo do ano, se continue a dar a importância e o conhecimento necessário para a prevenção da doença. Considera que existem investimentos adequados e suficientes na educação por exemplo, que permitam implementar iniciativas para o efeito?
Do ponto de vista das associações de doentes e das sociedades científicas na área oncológica, das quais estamos mais próximas, sabemos que existe um enorme esforço e investimento transversal ao longo do ano para sensibilização e educação da população, algumas dessas iniciativas são aliás apoiadas pela Takeda, e nós também investimos em campanhas transversais que apoiem a população a conhecer e identificar sinais e sintomas das doenças, que podem ser essenciais para ajudar atempadamente os doentes.

Em tempos de pandemia global, que procedimentos considera serem fundamentais para os doentes oncológicos e/ou para a população que necessite de recorrer a rastreios – uma das mais importantes iniciativas de prevenção?
É essencial que neste tempo de pandemia os doentes oncológicos não sejam deixados para trás. Sabemos pela investigação, que qualquer atraso no diagnóstico ou no tratamento pode representar a diferença entre a sobrevivência ou a não sobrevivência em muitos cancros. É essencial que as pessoas não adiem a ida aos serviços de saúde por receio da pandemia, seja pelo aparecimento de sintomas ou naquilo que é o seu seguimento de rotina. O tempo em qualquer doença é essencial.

Por fim, o que continuará a ser realizado pela Takeda no que respeita ao compromisso do cumprimento dos mais elevados padrões éticos, podendo assim alcançar a liderança farmacêutica global através da inovação, cultura e crescimento?
A Takeda rege-se desde há 240 anos pelos valores de Integridade, Justiça, Honestidade e Perseverança, que em conjunto formam o “Takedaísmo”, e são os pilares em que nos suportamos para cumprir o nosso papel de servir os doentes, as pessoas e o planeta. No nosso modelo de gestão, além das equipas executivas, temos inúmeros diretores independentes que nos ajudam a garantir que nos mantemos no bom caminho e também todos os processos que temos que nos auxiliam a manter os padrões que temos desde a nossa fundação. Somos auditados anualmente e é um processo muito longo, em que todos os processos são revistos por entidades externas à Takeda.
Do ponto de vista externo, a Takeda foi nomeada para terceiro lugar no Global Top 100 das empresas mais sustentáveis, um reconhecimento pelo nosso trabalho ao nível de: sustentabilidade ambiental, estratégias de preços equitativas nos países com poder de compra baixo e médio e pela representação feminina em cargos executivos.