A Carlucci American International School of Lisbon (CAISL) é a única escola Americana em Portugal, assumindo-se, portanto, como um player de relevo no domínio da educação. No sentido de contextualizar o nosso leitor, de que forma é que a CAISL tem vindo a marcar a diferença na educação?
A CAISL continua a ser a única escola de currículo americano em Portugal com o apoio do Office of Overseas Schools of the United States Department of State, tendo também licença do ministério da educação português e acreditação da Middle States Association (MSA). Somos a única escola em Portugal que oferece aos alunos a possibilidade de se graduarem com o diploma americano e com o International Baccalaureate (IB) Diploma, abrindo portas em Universidades de todo o mundo.
A nossa abordagem ao ensino é focada no aluno, e é nosso objetivo que cada um se sinta valorizado, mas ao mesmo tempo academicamente desafiado a fazer o seu melhor. Investimos por isso numa abordagem ativa da aprendizagem, em que o aluno faz parte do seu próprio processo educativo. Procuramos também que todos os alunos possam experimentar diferentes áreas de conhecimento – o nosso currículo inclui áreas académicas, mas com igual relevância oferecemos também disciplinas nas áreas da arte (arte visual, música e teatro), desporto e tecnologia. Enquanto escola internacional, que neste momento tem 50 nacionalidades diferentes no seu corpo discente, temos também em consideração que os nossos alunos poderão vir a estudar em sistemas educativos diferentes. Neste sentido, ter um currículo abrangente permite preparar cada aluno para a próxima etapa da sua educação, independentemente de onde esta possa ter lugar.
Que mais-valias apresentam a quem vos procura e de que forma é que tentam criar um ambiente propício à criação de futuros líderes e de indivíduos de valores bem definidos?
Faz parte da nossa missão contribuir positivamente para um mundo em constante mudança. Assim, alunos de todas as idades têm no seu dia a dia escolar oportunidades de crescer em liderança e valores de cidadania. Exemplo disto é o nosso Hidden Curriculum, um conjunto de atitudes que, não sendo classificadas para ter uma nota, guiam as ações dos nossos colaboradores e alunos.
Temos também programas mais específicos em áreas como o serviço comunitário e ambiental e o Modelo Nações Unidas. Os alunos podem ainda fazer parte do Student Council, representando os colegas e apresentando as suas contribuições para a contínua melhoria da escola. Para aqueles que se destacam positivamente no seu percurso académico e na sua contribuição para a comunidade escolar e externa, é possível integrar a National Honor Society, ou, para estudantes dedicados à música, a Tri-M Musical Honor Society. Por fim, os alunos envolvidos nos programas desportivos extracurriculares participam em torneios locais e internacionais, nos quais o destaque vai para o seu fair play e sentido de equipa.
A CAISL conta com o apoio do State Department. Assim, interessa compreender as relações bilaterais entre os dois países, Portugal e EUA, focando a educação. Que análise podemos fazer desta ligação entre ambas as nações e no âmbito da educação o que podem ganhar ambos?
Todos os anos recebemos alunos vindos dos EUA, cujas famílias vêm em missão militar, diplomática, ou que vêm trabalhar em empresas com ramos em ambos os países, e apoiar a transição destes alunos é razão fundamental da nossa escola desde a sua fundação. Por outro lado, é importante ainda garantir que os alunos que regressam aos EUA ou seguem para outras escolas internacionais têm um fio condutor na sua educação, e as nossas antigas famílias têm sido unânimes na importância que a CAISL teve neste percurso.
Por outro lado, a cultura portuguesa faz parte da educação que transmitimos, quer seja pelo ensino da língua como língua estrangeira ou nativa, ou tirando partido da riqueza arquitetónica e histórica que nos rodeia. Para aqueles alunos que queiram permanecer em Portugal, apoiamos também a candidatura dos mesmos a Universidades nacionais.
A pandemia veio afetar o mundo em todos os setores, sendo que o setor da educação também tem vindo a sentir essas dificuldades. Como têm lidado com este desafio?
Um dos desafios a que temos respondido é a passagem entre o modelo presencial e o digital, com ambos os planos educativos sempre preparados e atualizados. Do 1º ano em diante, os nossos alunos têm um computador da escola com acesso a diversos programas de aprendizagem e plataformas seguras de comunicação com os professores e colegas. Estas ferramentas digitais têm sido a grande mais valia para o ensino à distância, sendo de destacar o compromisso dos professores em tirar o máximo partido deste meio de ensino para continuar a prestar o melhor serviço aos alunos, e também a dedicação dos nossos estudantes e pais, que se empenham em assistir a estas aulas e completar as tarefas solicitadas, mantendo uma relação positiva entre famílias e professores.
Também o ensino presencial teve de sofrer algumas alterações para garantirmos a segurança dos alunos, como a permanência em turmas-bolha. As nossas instalações, contruídas propositadamente para o ensino e com áreas amplas, foram fundamentais para manter o distanciamento entre alunos, mas continuar a oferecer-lhes todas as áreas curriculares. Pudemos ainda proporcionar algumas experiências novas, como o concerto de inverno digital, ou a condução do Iberian Model United Nations online, no qual os alunos tiveram um papel fundamental.
Joe Biden foi recentemente eleito presidente dos EUA, e espera-se que o momento tumultuoso que o país atravessou tenha terminado. De que forma analisam esta mudança no país?
Os EUA enfrentaram já períodos conturbados na sua história, mas esses acontecimentos reforçaram o senso cívico e responsabilidade dos cidadãos na construção do país. Sem dúvida, tal voltará a acontecer, e a educação tem aqui um papel vital. Cada cidadão deve ser capaz de considerar outras opiniões, respeitando as diferenças, mas não se deixando levar por discursos que não se baseiam em factos. É fundamental que cada cidadão tenha o conhecimento necessário para saber quando uma afirmação é questionável e ter a vontade de inquirir sobre e refutar falsas declarações. Este é o papel dos educadores e dos pais – criar cidadãos com a capacidade de exercer a sua cidadania de forma responsável.
A Câmara de Comércio Americana comemorou recentemente 70 anos de vida. Qual a ligação da CAISL com esta instituição e que mensagem gostariam de deixar?
Somos membros da AmCham desde 1977 e, embora operemos em âmbitos diferentes, tanto a AmCham como a nossa escola visam reforçar a ligação entre Portugal e os EUA.
A esta, agradecemos o apoio ao nosso modelo educativo como forma de criar pontes entre os dois países, a criação de oportunidades tanto de networking como de formação e a promoção das empresas americanas em Portugal.
No domínio da educação, de que forma é que a inovação tem sido um verdadeiro pilar para uma educação mais diversificada, inclusiva e promotora de valor?
A inovação é essencial para a educação, especialmente numa altura em que as mudanças sociais e profissionais têm um ritmo tão acelerado. Isso significa que o gosto e procura pela aprendizagem continua é uma das aptidões mais importantes que um jovem pode levar da sua formação.
É por isso uma expectativa que os alunos estejam envolvidos na sua educação, colocando questões, desenvolvendo o pensamento crítico e colaborando com os colegas, aplicando o seu conhecimento a solucionar problemas reais.
O currículo está também em constante atualização, adaptando as melhores práticas de ensino dos EUA. Os recursos disponíveis suportam este ensino, desde os livros (emprestados anualmente aos alunos), a instrumentos musicais e a recursos tecnológicos, como sejam os computadores pessoais usados na escola e em casa, ou os robots adaptados a diferentes idades.
O facto de o currículo americano ser diversificado até ao final da escolaridade, permitindo aos alunos experimentar diferentes áreas académicas, artísticas e desportivas, permite-nos também responder aos interesses de cada um e desenvolver as suas competências vocacionais.
Quais são os principais desafios da CAISL para 2021 e que mensagem gostaria de deixar a todo o universo da instituição?
A crise de saúde atual é um desafio para toda a comunidade educativa, embora o empenho de alunos e pais em cumprir todas as normas sanitárias quando no campus, bem como em colaborar nas aulas digitais nos períodos em que não é possível ter aulas presenciais, demonstra bem o compromisso e envolvimento com a educação que conseguimos transmitir às nossas famílias. O apoio de todos tem sido, e continua a ser, inestimável, e estamos gratos à nossa comunidade pelo caloroso suporte que dão à nossa escola. Ao longo da sua história, a CAISL já ultrapassou inúmeros desafios, e sabemos que com a continuada colaboração de professores, alunos e pais, ultrapassaremos esta etapa com sucesso.