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“A VITÓRIA É DOS PERSISTENTES”

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“A VITÓRIA É DOS PERSISTENTES”

Especialista em desenvolvimento de negócios, gestão de parcerias, estratégia e inovação, a Vera Costa Pereira conta um vasto percurso onde adquiriu as ferramentas necessárias para ser a profissional que é hoje. Como nos pode descrever a sua história e os marcos que considera terem sido os mais importantes na mesma?
Penso que a educação que tive, é a base da força que tenho para atingir os objetivos a que me proponho.
O facto de ser filha de retornados marcou muito a minha personalidade e consequentemente a maneira como trabalho. Sempre vi o esforço enorme que os meus pais e avós faziam para que eu e o meu irmão nunca passássemos por algo semelhante.
Depois tive a sorte de ingressar numa multinacional, e perceber as vantagens e desvantagens que um ambiente corporativo pode ter. A verdade é que desafiei muitas regras, lembro-me que criei o primeiro facebook da marca à revelia e com sorte não fui despedida.
Para mim não fazia sentido tanta restrição, mas não nego que aprendi muito e que foi uma grande escola.
Outro marco da minha carreira é a ida para Moçambique, foram seis anos intensos, onde convivi com uma realidade que até à data era distante. Sei que me tornei mais humana, compreensiva e passei a colocar as pessoas em primeiro.
A realidade é que África é um agridoce, se por um lado a realidade choca-nos, por outro, torna-nos mais humanos, e foi essa proximidade com o que é mais básico em nós, que me tornou melhor pessoa e melhor líder.

Afirma que hoje, a sua missão é capacitar pessoas e negócios a se unirem e elevarem os seus resultados. Em que momento percebeu que este seria o seu propósito? O que a motiva?
Não foi uma caminhada fácil. Na minha ótica, encontrar o nosso propósito, aquilo que nos faz levantar todos os dias, é talvez das coisas mais complexas da vida em geral, quanto mais na vertente profissional.
Conforme me fui desiludindo com as empresas para as quais trabalhei, fui também me apercebendo do que não queria. Quando encontrei a área de impacto social, através da Green Innovation Group, entendi que eu podia impactar o futuro da nossa sociedade através de parcerias estratégicas entre as grandes empresas de hoje e as inovações que irão moldar o futuro.
Se conseguir capacitar uma Micro empresa a atingir mais e melhores resultados, seja através das parcerias ou não, em última análise crio a oportunidade para que essa empresa cresça não só a nível de volume de vendas como também de postos de trabalho e que seja capaz de financiar a sua transformação energética, que dê mais enfâse ao ambiente e se torne sustentável. A procura desse win-win é a minha motivação.

Assim nasce a Business Avenue – uma marca que se propõe a moldar o futuro de empresas e empreendedores. De que forma consegue, através deste meio, aumentar a receita das organizações e prepara-las para obterem melhores resultados? Qual tem sido a chave fundamental?
A chave fundamental é a aplicação da metodologia Design Thinking à consultoria de inovação e gestão. A Business Avenue propõe criar o modelo de negócio em função do problema e não em função da inovação em si.
Quando resolvemos problemas, não necessitamos de criar o momento para a venda, a necessidade já existe e nós apenas temos de comunicar bem a nossa solução.

A Business Avenue criou, especialmente para os seus clientes, um método único, onde identificam o potencial de cada projeto. De que método estamos a falar? Que outros programas disponibiliza?
Os negócios padecem de dois desafios, ou estão balizados pelo mercado atual não tendo nenhum diferencial competitivo ou são tão inovadores que não têm mercado. No caso dos primeiros, acabam por entrar numa guerra de preço para se tornarem competitivos e nos segundos, as startups, não conseguem arrancar por falta de mercado.
Ora para a Business Avenue, um bom negócio é o melhor dos dois mundos, ou seja, tem de estar balizado com o mercado para que se adapte a uma necessidade real e inovador o suficiente para que seja escalável a nível de receita e impacto.
Só assim temos bons negócios e empresas sustentadas.
Outro método que utilizamos é, por exemplo, responder a 3 perguntas quando um cliente chega até nós com uma inovação: (1) Se existe ou não, (2) se existe o que há de boas ou más práticas e (3) se não existe, o porquê de não existir. No final, percebemos facilmente se a inovação está ou não adaptada ao mercado e é passível de vir a ser um bom negócio.

Pioneira nesta área de atuação, a Vera Costa Pereira tem tido um papel essencial e determinante na evolução dos negócios a nível nacional e internacional. Como tem sido para si, ser mulher e empreendedora ao mesmo tempo?
Em boa verdade, tem altos e baixos. Os altos são sempre as conquistas que me sabem melhor por desafiarem o status quo do mundo dos negócios. Mas ainda continua a haver um monopólio masculino, o que nos obriga a trabalhar o dobro, provar o dobro e talvez estarmos sujeitas a coisas que são impensáveis.
Todavia, tenho duas filhas o que me motiva a quebrar barreiras, não só por elas mas também por todas nós.

Tem sido cada vez mais constante o aumento de mulheres em cargos de extrema importância, pondo de parte o paradigma de que apenas os homens teriam capacidade para os ocupar. Acredita que estamos a um passo da mudança total desta mentalidade?
Tenho dificuldade em acreditar que esteja próxima essa mudança na sua totalidade. Ainda existe muito para percorrer. Contudo é um caminho que está a ser feito, pouco a pouco, e é com muito orgulho que faço parte dessa corrente, e em especial orgulho-me de dar oportunidade a mulheres que, por exemplo, optaram por ser mães a tempo integral em algum momento da sua vida e agora dão cartas no mundo dos negócios.

Por fim, gostaria de deixar uma mensagem motivadora aos nossos leitores, tendo em conta a coragem, o entusiasmo e a superação de obstáculos que, ao longo dos tempos, fizeram parte do seu percurso?
Não aceitem o não como resposta, porque a vitória é dos persistentes, de quem é o verbo “fazer”.