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“SE AS OPORTUNIDADES NÃO EXISTEM, EU CRIO-AS”

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“SE AS OPORTUNIDADES NÃO EXISTEM, EU CRIO-AS”

Quando começamos por questionar o percurso de Ana Sofia Gomes, a resposta foi clara: “Eu nunca segui um caminho certo e direto. Andei sempre aos ziguezagues mas, mais importante, descobri que gosto de traçar assim a minha vida”. Próprio da sua personalidade vincada, não liga a modas (pelo contrário), não gosta do convencional, do que todos os outros gostam sem saberem o porquê. Quer, sobretudo, encontrar algo que goste verdadeiramente, com uma razão de ser. A nossa entrevistada admite que não é “um formato comum” e que o seu único objetivo na vida é ser feliz.
Para se ser feliz é necessário trabalhar em algo que faça brilhar os olhos – algo que, atualmente, é o que acontece. Mas já lá vamos.
Nunca sendo uma mulher de baixar os braços, Ana Sofia Gomes começou por ser Estafeta, mais tarde foi Assistente Administrativa e durante sete anos Secretária da Direção Financeira do Jornal Expresso. Com dedicação óbvia e determinada, rapidamente passou para a área dos Recursos Humanos onde lhe foi reconhecido o mérito devido.
Concluída a sua formação em Gestão de Recursos Humanos, trabalhou e desenvolveu projetos que lhe alavancaram o perfeito conhecimento de que era capaz de chegar mais longe.
Após outras experiências, agora como Secretária Virtual, e com um percurso e domínios já bem consolidados, em 2011 decidiu pensar em si e no seu futuro: criou a Beginning of Success – uma empresa capaz de oferecer uma imensa variedade de serviços profissionais virtuais. O nome, claro está, não foi ao acaso. Foi, de facto, o início de um futuro ousado e promissor.
Chegamos por fim, à Be Executive Events, o projeto que hoje, enquanto CEO, dá voz.
É uma empresa global de eventos executivos que oferece planeamento, gestão, coordenação e promoção dos mesmos. Reúne um conjunto de serviços que estão disponíveis em todo o mundo para ajudar as empresas a orientar os seus resultados. “Não somos uma empresa de eventos típica. Os nossos projetos são executivos, que permitem aos nossos clientes atingirem os seus objetivos estratégicos – 90 por cento são empresas na área de IT, como a IBM, por exemplo –, conhecendo os seus potenciais clientes, em uma determinada área geográfica ou uma determinada indústria. Os locais dos eventos são, geralmente, nos melhores hotéis do mundo e têm a duração de quatro a cinco horas, sempre no formato de jantar”, afirma Ana Sofia Gomes. O principal objetivo é a troca de ideias, brainstorming e discussão de temas e tendências de negócios relacionados com a área de atuação do executivo convidado.
Com uma abordagem executiva de alta qualidade e uma reputação exímia, a Be Executive Events depressa ajustou os seus serviços a uma sociedade que vive uma pandemia mundial. A nossa entrevistada assegura que começou por convencer os clientes, a pro bono, a realizar eventos virtuais. “Em conjunto com a equipa, fomos conseguindo fazer mais e melhor a cada evento. Atualmente sim, somos uma empresa bem sucedida numa altura tão complexa como a que vivemos. No ano passado crescemos o triplo e este ano também estamos a evoluir muito bem. Sou muito grata por isso. Mas eu acho que é o meu destino, ou o meu «fado» como dizem os portugueses. Porque eu sou de correr atrás. Não me considero uma eterna insatisfeita, mas o meu lema é se as oportunidades não existem, eu crio-as”. Com foco, força e resiliência Ana Sofia Gomes construiu o seu próprio sucesso.

“TAMBÉM NOS CABE A NÓS EDUCAR E RELEMBRAR A HISTÓRIA”
Embora seja uma empreendedora e líder natural, a nossa entrevistada assume que não consegue olhar para esse facto de forma incontestável. “Eu trabalho com a minha equipa e trato-os a todos como eu gostaria que me tratassem a mim. Gosto que as pessoas contribuam, que me deem sugestões, até porque eu não sei tudo e às vezes as grandes ideias surgem da discussão, do brainstorming. Creio firmemente que aprendemos todos os dias uns com os outros”.
Mas é sobretudo ser diferente (e viver intensamente uma rotina diversificada) que caracteriza Ana Sofia Gomes. O desafio – esse, é o que a motiva.
Sendo uma mulher e profissional de pulso firme e bem ciente dos objetivos que ambiciona cumprir, e tendo, por norma, opiniões «fora da caixa», no que concerne ao Dia Internacional da Mulher, rapidamente referiu que “ter um dia específico para relembrar a história profunda de luta, não faz sentido. Todos os dias são dias da mulher. Não é ser feminista, atenção, mas nós colocamos o futuro no mundo”. Tendo crescido com dois poderosos exemplos em casa (a sua mãe e avó que, nos anos 70 – momento em que as mulheres pouco ou nada se podiam afirmar -, eram empreendedoras), defende que não se devia reclamar um dia, neste caso o 8 de março, achando que, ainda assim, é de extrema relevância (re)lembrar os acontecimentos da história assinalados pela data.
Importante também recordar que, a igualdade de oportunidades, na prática, ainda não existe no absoluto. “Eu acho que é cada vez maior em gerações mais jovens. Cada vez há maior relevância no papel do homem na família e a licença de paternidade ajudou e muito. Eu, que já trabalhei em Recursos Humanos, considero apenas que se deveriam realizar mais fiscalizações dentro das empresas, averiguar as desigualdades salariais entre pessoas que têm a mesma função, por exemplo. Além disso, também nos cabe a nós educar e relembrar a história. Explicar quem foi Carolina Beatriz Ângelo – a primeira mulher a votar em Portugal – e de que forma, esse acontecimento, refletiu os anos a seguir no nosso país”, acrescenta Ana Sofia Gomes.
Por fim, interessa compreender o que falta ainda concretizar na vida de alguém com tanto para contar. Embora se sinta (para já) realizada, acredita convictamente na Pirâmide de Maslow – uma teoria que organiza as necessidades humanas conforme as suas prioridades, das mais básicas às mais complexas. Assim, “eu não sou insaciável e neste momento sinto-me muito feliz com o que tenho e onde estou. Mas isso não quer dizer que vá ser igual daqui a um mês”, confessa.
Atualmente estão a ser pensados inúmeros projetos para diversificar as áreas de serviços da Be Executive Events e assim criar maior valor tanto a nível da própria empresa, como para os clientes.
“Crescimento sustentado”, é algo que Ana Sofia Gomes ambiciona. Mas não só. “Ser feliz”, é o mais importante dos seus objetivos.