Empresa iniciada em 1920 por Deonilde Freitas, continuada por Germana Freitas e mais tarde por Ermelinda Freitas, sempre dedicou especial atenção ao vinho. Hoje, é a Leonor Freitas, que está à frente da marca, reforçando o seu posicionamento no mercado há muito consolidado. Sendo a quarta mulher à frente da gestão da Casa Ermelinda Freitas, como nos pode descrever as mudanças pela qual a mesma passou até ao dia de hoje? Quais foram os principais marcos?
A sociedade é uma constante reflexão, mudança de estar e de atitude. Como tal, desde que estou à frente da Casa Ermelinda Freitas, sendo eu a quarta geração, não podemos dizer que a mesma foi igual a qualquer uma das outras gerações anteriores.
Ela foi sim o reflexo do acumular de saberes e exemplos das outras gerações. Com uma formação e atualização, ela evoluiu, em primeiro lugar para uma adega mais moderna, para vinhos com marca própria (Dom Campos, Terras do Pó, Dona Ermelinda, Leo d’Honor, Quinta da Mimosa, entre outros), que não existiam, bem como para uma equipa mais técnica, mais profissional, mas nem por isso deixou de respeitar o que tem sido a sua tradição.
Os principais marcos, foram deixar de vender vinho a granel e passar a ter a suas marcar próprias, os seus consumidores próprios, ao fim a cabo ter um rosto próprio que o deu desde o início, e continua a dar pois todos os seus produtos abrangem várias camadas sociais, vários momentos sociais todos eles representados por um logotipo de qualidade reconhecida, que é a Casa Ermelinda Freitas.
Esta é a grande prova que queremos dar aos nossos consumidores da fidelidade que temos para com eles, o melhor vinho ao melhor preço.
Desde a primeira geração que esta Casa aposta na qualidade das vinhas e dos vinhos, que inicialmente eram produzidos e vendidos a granel sem marca própria. A Leonor Freitas, com o seu espírito inovador e diferenciador introduziu uma diversidade de características que hoje facilmente se distinguem das restantes no mercado. Considera que é esta a diferença que perpetua nos vinhos?
Quando vim a assumir a Casa Ermelinda Freitas, tive uma grande vantagem pois as gerações anteriores à minha tinham apostado nas vinhas e em grande qualidade para os seus vinhos a granel. Apenas tinham duas castas Castelão para os tintos, Fernão Pires para os brancos, aquilo que eu introduzi foi de facto a diferenciação e a inovação de outras castas (Alicante Bouschet, Syrah, Touriga Nacional, Merlot, entre outros…), que não se plantavam na nossa região, a região da Península de Setúbal. Tenho a dizer que atualmente temos mais de 30 castas diferentes. Esta diferença, não há dúvida, que foi inovadora e continua a ser diferenciadora. Este facto foi muito importante para nos afirmarmos nos mercados internacionais, mas também para demonstrar que na nossa região se dão bem o Castelão e o Fernão Pires castas autóctones, mas também todas as outras castas.
A Casa Ermelinda Freitas pode comprovar esta qualidade através das provas cegas que tem feito em Portugal e a nível Internacional, obtendo através das mesmas os mais de mil prémios.
Com o objetivo de modernizar a marca, após os investimentos em terrenos onde se plantaram novas castas, também a adega foi apetrechada com a mais moderna tecnologia, apresentando uma simbiose entre o moderno e o tradicional. Que qualidades e particularidades traz esta evolução tecnológica aos vinhos da Casa Ermelinda Freitas?
A Casa Ermelinda Freitas, desde sempre foi uma casa que apostou na modernização, respeitando a tradição. É assim que vamos sempre adquirindo novos terrenos, plantamos novas castas e apostamos nas atuais tecnologias e modernizações no nosso Centro de Vinificação. Com estes investimentos temos conseguido ir buscar o que de melhor existe na uva, só podemos fazer bons vinhos com boas uvas, sendo esta a procura que temos tido permanentemente.
Também estas qualidades se têm tornado numa mais-valia em tempos de pandemia? Quão impactante se tem esta tornado no seio da Casa Ermelinda Freitas, nomeadamente no mercado internacional, onde tem tido um poderoso crescimento?
Quando me é feita a pergunta se todas estas características têm sido uma mais-valia em tempos de pandemia, leva-me a parar para refletir e pensar aquilo que todos nós no mundo perguntamos:
O porquê e como resolver esta pandemia?
Mas quanto melhor estivermos preparados, e tivermos os nossos colaboradores preparados, melhor será para minimizar o impacto de uma pandemia que nenhum de nós tinha vivido, e que certamente muito temos de aprender.
Como tantos outros setores, a vertente vitivinícola foi de igual forma afetada pelo cenário que conhecemos em todo o mundo. Assim, como se encontra hoje o setor dos vinhos em Portugal e dado as consequências, como prevê que seja o futuro do mesmo?
O setor dos vinhos também foi afetado como todos os outros pela pandemia, mas quem tinha uma grande diversificação de vinhos e estava nos vários pontos de venda, e tinha preços para todos os setores da sociedade e todos os momentos, foi menos afetada.
Penso que o setor dos vinhos não é dos mais afetados em Portugal, mas claro que se ressente tal como outros setores. A previsão de futuro é impossível, o mesmo só a Deus pertence.
A COVID-19 criou um novo paradigma que todas as empresas – e particularmente os Recursos Humanos – ainda estão a tentar compreender e dominar. Para a Casa Ermelinda Freitas, que desafios têm sido impostos pela pandemia neste âmbito?
A Casa Ermelinda Freitas não fugiu à regra das preocupações dos seus funcionários e temos a alegria de dizer que não foi necessário ir para layoff. Não despedimos ninguém, ao fim ao cabo temos mantido todos os postos de trabalho e como resolvemos trabalhar por turnos para proteger os funcionários, criamos novos postos de trabalho. A nossa grande preocupação, é que todos cumpram com a regras da Direção Geral de Saúde e cumpram com todas as exigências impostas pela Casa Ermelinda Freitas no sentido de minimizar a pandemia.