ARTIGO DE OPINIÃO DE CLÁUDIA MENDES SILVA, EMBAIXADORA DA WOMEN IN TECH PORTUGAL
Apesar de algumas décadas de progresso na criação de políticas e programas educativos na área CTEM, incluindo consciência para a igualdade de género no acesso ao trabalho às áreas tradicionalmente atribuídas ao sexo masculino, facto é que, as mulheres têm ainda uma baixa representatividade nos sectores das tecnologias da informação, seja nas bases, seja em cargos de decisão.
Acreditamos que, consciencializar para o futuro e potenciar as oportunidades de trabalho nesta área, garantirá comunidades mais sustentáveis em todo o mundo.
A organização Women in Tech®Portugal tem uma estrutura de Board e Advisory Board onde, fazem parte um conjunto de homens e mulheres dos sistemas: tecnológico, educativo, de liderança e empreendorismo, Community Managers e parceiros estratégicos.
Em Portugal, à semelhança do resto do Mundo, a posição e a integração das mulheres na tecnologia, tem sido feito a um passo muito lento. Contrariamente ao que se poderia pensar, o número de jovens do sexo feminino em cursos tecnológicos tem sofrido um decréscimo acentuado: representam menos de dois em cada 10 profissionais de Tecnologias de Informação e Comunicação.
Tendo por base dados do Instituto Europeu para a Igualdade de Género e do Eurostat, a proporção de profissionais femininas na área decresceu de 17,1% em 2005 para 14,7% em 2018 e tem mantido a tendência até 2020. A situação pandémica, veio agravar ainda mais este fosso.
Mais flagrante, são os números que indicam que apenas cerca de 0,2% das adolescentes portuguesas aspiram trabalhar nestas áreas.
Embora tenham sido desenvolvidas várias iniciativas e programas, em especial, para as camadas mais jovens, ao analisar os números, Portugal ainda se destaca pelos piores motivos.
Enquanto Embaixadora, estou focada na criação de relações entre entidades governamentais e organizações privadas para criação de programas de empreendorismo, de formação tecnológica e digital.
O objetivo é criar competências com foco nas tecnologias emergentes, dirigidos às gerações que procuram reclassificação de carreira e às mais novas ainda em processo de decisão da área de formação a seguir. É a montante, e pela educação de competências digitais e computacionais, que os números apresentados podem ser revertidos.
Promover a visibilidade do trabalho feminino neste sector e em especial em cargos de liderança, com a voz das mulheres de hoje na tecnologia, em contexto nacional e internacional é também, uma forma de dotar as mulheres de conteúdos que podem fortalecer a sua carreira e abrir novos horizontes.
É urgente desconstruir preconceitos e estereótipos de género sobre profissões tecnológicas e liderança feminina, demonstrando como se trabalha a tecnologia e com a tecnologia.
Além dos Global Women in Tech® Awards, que homenageiam as mulheres da tecnologia em todo mundo, o movimento participa em diversas iniciativas como o Programa HeforShe, “Engenheiras por um dia” da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género e em acções de mentoria de empreendorismo e liderança feminina. Em parceria com o Founder Institute Portugal, tem uma bolsa de empreendorismo Women in Tech®Portugal gratuita.
Ainda há um longo caminho a percorrer em vista à equidade de género na tecnologia, seja pela presença, liderança ou igualdade de oportunidades, mas é possível alcançá-lo através de programas e sinergias estratégicas. É neste contexto que a Women in Tech®Portugal apela às organizações a cooperarem com a iniciativa e às mulheres, a juntarem-se ao movimento.