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“Até 2050, todo o Grupo Volkswagen será neutro em CO₂”

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“Até 2050, todo o Grupo Volkswagen será neutro em CO₂”

Marília Machado dos Santos é recentemente Diretora Geral da Volkswagen, marca alemã cuja representação em Portugal está a cargo da SIVA – Sociedade de Importação de Veículos Automóveis. De forma a contextualizar o leitor, o que nos pode contar sobre o seu percurso profissional até chegar a este mais recente cargo?
Conto com cerca de 20 anos de experiência no setor automóvel. Comecei o meu percurso profissional no setor automóvel em 2002, na área do Marketing de Produto, tendo desempenhado diversas funções na Citroën Portugal e, mais tarde na Fiat Portugal, nas vertentes do Marketing e da Publicidade. Em 2015 regressei ao Grupo PSA Portugal, como Diretora de Marketing da Citroën e da DS, assumido três anos depois a Direção Comercial da Citroën. Desde 2019, fui responsável pela marca francesa no mercado nacional, enquanto Country Brand Manager da Citroën Portugal.
Atualmente, sou Diretora Geral da Volkswagen em Portugal, com o desafio de reforçar a posição da marca no mercado português, em estreita parceria com a rede de concessionários.

A SIVA é a empresa responsável pela distribuição exclusiva das marcas Volkswagen, Audi, Seat, Skoda, Bentley, Lamborghini, Volkswagen Veículos Comerciais e que integra ainda a Porsche Holding Salzburg, o maior Distribuidor Automóvel Europeu. Assim, como pretende reforçar a posição da marca Volkswagen no mercado português?
A integração da SIVA no grupo Porsche Holding Salzburg foi muito positiva. A criação de novas sinergias que surgem com a integração no maior grupo europeu de distribuição automóvel, vem reforçar não só o posicionamento da Volkswagen como de todas as marcas do universo SIVA. No caso da Volkswagen, pretendemos um crescimento sustentável tanto de imagem, como de quota de mercado. A Volkswagen tem uma força tremenda em Portugal, baseada em modelos que têm marcado gerações como o Golf, o Polo ou o Passat, e aos quais juntamos agora a nova família de elétricos ID, um novo marco para a história da Volkswagen e também para o setor automóvel. O ID.3 contou com uma excelente aceitação no mercado português e continua a convencer muitas pessoas em mudar para uma mobilidade mais sustentável, o mesmo acontece com o novo ID.4 que tem recebido excelente feedback e nos deixa com muitas expetativas para a sua performance no nosso mercado. A Volkswagen tem um legado importante em Portugal, tem muitos clientes fidelizados, uma rede de concessionários ampla e uma ofensiva de produto forte.
A Volkswagen tem um plano até 2030 de referência para o crescimento da marca enquanto líder em Portugal de oferta produto, de mobilidade e de serviço ao cliente. Desta forma, temos todos os ingredientes e os argumentos necessários para encarar o futuro de forma positiva.

Numa sociedade em que a sustentabilidade parece estar a ganhar consciencialização pelas mais variadas entidades, a Volkswagen apresenta caminho para uma mobilidade neutra do ponto de vista climático. Na prática, de que forma esta missão de descarbonizar a empresa e os seus produtos até 2050 será concretizada?
Até 2050, todo o Grupo Volkswagen será neutro em CO₂, incluindo veículos, fábricas e processos. E antes de chegarmos a essa meta há outros objetivos que já estão traçados e com os trabalhos em curso. Um exemplo disso: até 2025, a Volkswagen pretende ser número 1 global em mobilidade elétrica e tornar as emissões zero atrativas para todos os clientes. Para isso, o Grupo irá investir cerca de 73 mil milhões de euros em mobilidade elétrica, digitalização e hibridização. Outro objetivo importante passa por até 2030 lançarmos 70 modelos totalmente elétricos, bem como 60 veículos híbridos em todas as marcas do Grupo Volkswagen.

“Way to Zero” é o mote da Convenção que pretende colocar o ambiente no centro de todas as atividades da Volkswagen. Desde a produção, passando pela vida útil, até à reciclagem, podemos afirmar que a marca tem sido o primeiro fabricante de automóveis a apoiar a expansão das energias renováveis a uma escada industrial? A ofensiva da mobilidade elétrica foi apenas o começo?
É importante referir que o Grupo Volkswagen está a apostar na e-mobilidade como nenhum outro fabricante, além disso, a Volkswagen é o primeiro fabricante de automóveis a apoiar a expansão extensiva de parques eólicos e centrais solares na Europa. Através do ‘Way to Zero’ garantimos um pacote extensivo de medidas destinadas a acelerar a produção e utilização sustentável de automóveis elétricos. Só na Europa, pretendemos reduzir as emissões de CO2 numa média de cerca de 17 toneladas por veículo até 2030, 40% menos face a 2018. A isso, podemos acrescentar o investimento de 14 mil milhões de euros em descarbonização até 2025.
No ‘Way to Zero’, o objetivo passa por descarbonizar a empresa e os seus produtos até 2050, o mais tardar. Para além de acelerar a transição para a e-mobilidade, a produção (incluindo a cadeia de abastecimento) e o funcionamento dos automóveis elétricos deverá ser tornada neutra em carbono. A isto junta-se a reciclagem sistemática das baterias de alta voltagem de veículos elétricos antigos.

Como resultado destas medidas, os novos parques eólicos e centrais solares deverão ser construídos em várias regiões da Europa até 2025. Que vantagens trarão estas iniciativas para um planeta mais verde e neutro em carbono?
Para garantirmos uma e-mobilidade neutra em carbono, temos de ser capazes de carregar os veículos de forma consistente com a eletricidade gerada inteiramente a partir de fontes renováveis. Só esta opção reduziria as emissões de CO2 para quase metade em comparação com a mistura de eletricidade padrão da UE. Ao nos tornarmos o primeiro fabricante de automóveis a apoiar diretamente a expansão das energias renováveis em grande escala, vão ser construídos novos parques eólicos e centrais solares em várias regiões da Europa até 2025. Com os vários projetos que queremos realizar, a quantidade de eletricidade renovável a entrar na rede irá crescer em paralelo com o número de veículos ID, assim estamos a melhorar a pegada climática da família ID. e a criar a base para a utilização neutra em carbono da sua frota elétrica.
É importante também referir que estamos a trabalhar para descarbonizar tanto a produção como a cadeia de abastecimento. A partir de 2030, todas as nossas fábricas em todo o mundo, exceto na China, deverão funcionar inteiramente com eletricidade verde. No futuro, os maiores contribuintes para as emissões de CO2 na cadeia de abastecimento serão sistematicamente identificados e reduzidos. O modelo a seguir é a produção de células de bateria para o ID.3 e ID.4, que já utiliza apenas eletricidade verde e, por conseguinte, tem uma pegada de carbono substancialmente melhorada.

Todos estes projetos surgiram no âmbito da Lei Europeia do Clima, que tem como objetivo a neutralidade carbónica até 2050. Considera que Portugal está na linha da frente no que diz respeito a assegurar que esta ambiciosa meta seja cumprida?
Consideramos que ainda há muito para fazer se quisermos que Portugal esteja na linha da frente. Os operadores privados têm dado um forte impulso para uma mobilidade cada vez mais sustentável, mas é preciso que o Governo acompanhe esse esforço por parte dos privados e também da sociedade que está disponível para este novo tipo de mobilidade.
São necessários mais incentivos – financeiros e de conveniência – para particulares e empresas adquirirem carros menos poluentes, sejam eles elétricos, híbridos plug-in ou com motor a combustão, através do regresso do apoio ao abate, por exemplo. Assim garante-se não só uma maior sustentabilidade, mas também níveis de segurança mais altos no parque automóvel, ao remover de circulação carros mais antigos. Além disso, sabendo que a meta foi posta para 2050, é necessário que os responsáveis públicos assegurem alguma estabilidade quanto aos incentivos. A falta de visão a longo prazo é altamente penalizadora para o planeamento da indústria. De recordar que só o Grupo Volkswagen tem reservados 46 mil milhões de euros para desenvolver modelos elétricos e híbridos para os próximos anos.

Sendo que a SIVA e consequentemente a Volkswagen faz parte das organizações que levam com extrema atenção a responsabilidade e convicção numa atuação sustentável, em que medidas foi reformulado o programa de sustentabilidade ambiental, por exemplo, na eficiência de recursos?
Os objetivos de sustentabilidade da SIVA são coincidentes com os da PHS e o projeto ambiental da empresa aponta para objetivos ambiciosos.
Em 2030, para além de assegurar edifícios neutros em carbono, pretende aumentar o peso das energias renováveis em 30% nas instalações da empresa assim como reduzir 30% do consumo de energia, nomeadamente através da utilização de energia solar.

Olhando para o longínquo ano de 2050 (meta da neutralidade carbónica), como prevê que esteja este setor? Quais serão as principais diferenças?
As mudanças serão visíveis e de grande impacto, afinal o setor tem feito um esforço como há muito não se via, em tornar a mobilidade de todos cada vez mais limpa e com menor impacto no meio-ambiente. Às contribuições que partilhámos anteriormente, podemos acrescentar que já este ano, a Volkswagen vai mudar para outros componentes sustentáveis nos seus veículos ID., incluindo caixas de bateria e jantes de pneus feitas de alumínio verde e pneus produzidos através de baixas emissões. Existem mais de dez componentes que nos permitirão melhorar a pegada de carbono da família ID. em cerca de duas toneladas por veículo nos próximos anos. A empresa pretende trabalhar com os seus fornecedores para melhorar gradualmente a sua pegada de carbono e assegurar a sustentabilidade da sua cadeia de abastecimento. Também as giga-fábricas para a produção de células de bateria deverão ser fornecidas com eletricidade totalmente verde. A reciclagem sistemática das baterias, que permitirá a reutilização de mais de 90% das matérias-primas no futuro, destina-se a dar um contributo adicional para a redução das emissões de CO2.
Até 2030, pelo menos 70% de todas as vendas unitárias da Volkswagen na Europa serão veículos exclusivamente elétricos – ou seja, substancialmente mais de um milhão de veículos. Isto significaria que a Volkswagen teria um desempenho muito superior aos requisitos do Acordo Verde da UE. Na América do Norte e na China, a percentagem de veículos elétricos nas vendas deverá ser de pelo menos 50%.

Estando à frente da Direção da Volkswagen em Portugal, que novidades/projetos inovadores (e amigos do ambiente) nos pode contar para o futuro da marca?
Recentemente, a SIVA juntou a MOON ao seu portefólio de marcas. Com este lançamento, oferecemos soluções integradas na área da mobilidade elétrica, no que diz respeito ao armazenamento e carregamento, tanto para clientes particulares como empresariais. As soluções que a MOON apresenta passam não só pela instalação dos carregadores mais adequados, mas também pela preocupação em garantir a melhor utilização possível da potência disponível, podendo até ser incluídas soluções de geração e armazenamento energético, completamente “verdes”, de forma a não sobrecarregar o planeta e provocar investimentos desnecessários.