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Internacionalização, Inovação e Formação

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Internacionalização, Inovação e Formação

Opinião de José Neves, Presidente do Conselho de Administração da AED Cluster Portugal

A crise instalada sentiu-se, portanto, intensamente em toda a indústria e as empresas tiveram de ser resilientes. Souberam, com sucesso, reinventar-se, adaptando os seus recursos e know-how ao momento vivido, chegando inclusive a ser atores chave no apoio ao combate e prevenção da pandemia nos primeiros meses. Esta foi uma prova de que os setores da Aeronáutica, do Espaço e da Defesa são, para além de muito importantes para a economia pelos seus níveis de exportação e valor acrescentado dos seus produtos, motores de inovação tecnológica e da capacidade produtiva nacional.

Apesar do panorama limitativo e sem precedentes, é possível identificar uma oportunidade de reindustrialização europeia, à qual Portugal pode e deve associar-se, para que o nosso mercado continue a evoluir nas cadeias de valor e continue a estar na linha da frente da inovação.

Temos um setor muito atrativo no mercado aeroespacial global, como aliás é prova todo o investimento estrangeiro que tem sido feito ao longo dos últimos tempos (e que não parou mesmo com a pandemia). Os nossos associados têm colaborado e investido cada vez mais em projetos relacionados com a sustentabilidade do setor e a sua digitalização e, para um país da nossa dimensão, o trabalho em rede e a complementaridade das várias empresas são fatores cruciais para sermos competitivos lá fora. Temos sido bem-sucedidos nesse campo e, cada vez mais, as nossas empresas e a qualidade dos seus produtos e serviços são reconhecidos internacionalmente.

Para este feito, muito tem contribuído o trabalho realizado pela AED Cluster Portugal, tanto no reforço das ligações entre empresas portuguesas e o estímulo das parcerias entre os associados, como também na comunicação e visibilidade do Cluster e suas iniciativas lá fora.

Continuar neste caminho é imperativo e a famosa “bazuca europeia” será um mecanismo crucial para este propósito. O Cluster, no seguimento dos Planos de Recuperação Económica apresentados pelo Governo, entregou Position Papers às entidades governamentais com as tutelas destes setores e às agências de ciência e inovação nacionais, referindo precisamente os pontos-chave para que as indústrias da Aeronáutica, do Espaço e da Defesa possam usufruir desse financiamento da melhor forma e entrar a bordo deste processo de reindustrialização, que será da maior relevância para uma maior sustentabilidade ambiental e financeira, uma maior digitalização e capacidade de inovação.

Consolidar a estratégia nacional de forma sustentável e adaptando as potencialidades já existentes no país, nos três setores, com vista ao crescimento económico e criação de emprego é o principal propósito deste lobbying governamental que o Cluster tem realizado, nesta fase crucial para toda a indústria.

E foi com satisfação que verificámos, no Plano de Recuperação Económica Nacional, a clara relevância dos setores nacionais da Aeronáutica, Espaço e Defesa, que são vistos como uma mais-valia tecnológica e económica. Estamos confiantes perante o esforço do Governo em priorizar a inovação nestes três setores, apesar de ainda existir um caminho a percorrer.

De qualquer forma, temos um bom ponto de partida para uma aposta contínua no investimento em medidas de apoio para mitigação do impacto causado pela COVID-19, assim como na readaptação das empresas à nova realidade, com investimentos elevados também em formação e na manutenção dos recursos humanos.

Este é um capítulo de grande importância para a AED Cluster Portugal, que está, neste momento, em conjunto com os grandes players do setor, integrada no grupo de trabalho Pact for Skills, promovido pela Comissão Europeia. Este grupo de trabalho pretende identificar as competências inerentes ao desenvolvimento estratégico e tecnológico do setor até 2030, bem como as necessidades de Upskilling e Reskilling dos nossos profissionais, presentes e futuros.