Início Atualidade “É o valor da vida e da sustentabilidade do planeta que está em causa”

“É o valor da vida e da sustentabilidade do planeta que está em causa”

0
“É o valor da vida e da sustentabilidade do planeta que está em causa”

Determinada, inspirada e orientada por objetivos, a Smartenergy reúne as habilidades certas para atingir um propósito: avançar na transição energética e investir num futuro sustentável. Como nos pode descrever a evolução do longo e determinado caminho no sentido da energia renovável?
A Smartenergy é uma empresa suíça de investimento, com filiais nos principais mercados da Europa, incluindo Portugal, Espanha, Alemanha e Itália (estamos neste momento a entrar em novos mercados, uma das dimensões (expansão geográfica) do plano estratégico do grupo, sendo estes mercados: Reino Unido, França, Polónia e Grécia), que desenvolve, financia e constrói projetos de geração de eletricidade a partir de energias renováveis, nomeadamente envolvendo energia solar fotovoltaica, energia eólica, e hidrogénio verde e seus derivados. A atividade da Smartenergy é ainda complementada pela gestão de ativos, bem como por atividades de trading de energia.
Um profundo conhecimento do mercado nacional, uma vasta rede de contactos e parcerias e um elevado conhecimento das necessidades dos investidores e financiadores, assim como a competência técnica, financeira e jurídica, estão na base do nosso sucesso e têm-nos permitido a crescente conquista do mercado europeu. Outro aspeto que nos parece diferenciador, é o facto de desenvolvermos os nossos projetos sempre com uma preocupação holística levando em conta as restrições específicas do projeto, o bem-estar das comunidades, o respeito pela preservação do meio ambiente, da biodiversidade e dos ecossistemas naturais e, obviamente, uma análise de risco conservadora no sentido de proteger os investimentos realizados e assegurando o cumprimento das expetativas dos investidores e financiadores. Desta forma, estamos em toda a cadeia de valor para otimizar todos os detalhes, rumo a soluções integralmente sustentáveis, socialmente, economicamente, financeiramente e ambientalmente.
Estes ingredientes aliados ao dinamismo, agilidade, criatividade e flexibilidade dos profissionais e das equipas da Smartenergy permitem-nos gerir e mitigar toda a matriz de risco de cada projeto sempre com o foco na criação de valor para todas as partes envolvidas.

Sendo especializados no desenvolvimento de projetos de energia solar, eólica e hidrogénio, a Smartenergy antecipa as tendências do mercado e as necessidades das partes interessadas, identificando rapidamente lacunas que possam existir. Que lacunas são ainda visíveis na sociedade?
As alterações climáticas e os seus impactos especialmente gravosos, reforçam a necessidade de assumir um novo modelo de consumo energético, permitindo o desenvolvimento de novos projetos e modelos de negócio integralmente sustentáveis e alinhados com os objetivos de longo prazo de todos os stakeholders, nomeadamente quanto ao seu impacto no caminho para a neutralidade carbónica.
No contexto nacional, a evolução do consumo de energia mostra claramente o potencial da estratégia de descarbonização, com base na penetração das energias renováveis, resultando na redução das A de combustíveis fósseis.
Para além da descarbonização dos sistemas de energia, também há a necessidade de descarbonizar toda a economia, nomeadamente os principais setores, tais como o aquecimento, arrefecimento, mobilidade, indústria e também a agricultura. A descarbonização destes setores não passa só por aumentar a incorporação de uma maior percentagem de renováveis na matriz energética, mas também na adoção de outras tecnologias renováveis, tais como, o hidrogénio verde e os combustíveis sintéticos, nos casos onde a eletrificação direta não seja uma alternativa viável, por apresentar maiores custos e/ou por não ser tecnicamente viável ou exequível.

Com uma preocupação ambiente crescente e regularmente à procura de eficiência e sustentabilidade, muitas empresas no mundo inteiro estão a direcionar as suas atenções para a energia verde e para a denominada transição energética – um dos principais desideratos da Smartenergy. Qual tem sido o papel do universo empresarial na descarbornização energética?
O universo empresarial, como parte integrante do setor privado, terá de desempenhar todos os papéis, exceto a criação de políticas, ambientes políticos estáveis e ordenamento jurídico propício e enquadramentos regulatórios adequados à captação do interesse e investimento do setor privado, cabendo estes ao governo em funções e às instituições que estão envolvidas em todas as fases de um desenvolvimento e licenciamento de projetos elétricos e de gases renováveis.
Ou seja, cabe ao Governo e às instituições criar as condições para captar investimento e financiamento privado nas condições mais favoráveis para o país.
O setor empresarial irá ter um papel determinante na pesquisa e desenvolvimento em parceria com as universidades e centros tecnológicos, no financiamento e investimento, na criação de novos produtos e serviços bem como novos modelos de negócio, e com isto permitir a geração de emprego e contribuir para o crescimento do PIB que consequencialmente irá gerar melhorias ambientais e económico-sociais. O mesmo setor empresarial, do lado do consumo, terá igualmente um papel importante através da adoção de comportamentos e/ou perfis de consumo ajustados e alinhados com as metas de descarbonização, que poderá passar, entre outros, pela substituição/adaptação de processos industriais que fazem parte do seu dia-a-dia. Somente este alinhamento entre procura e oferta propiciará o ecossistema e o contexto favorável que permitirá a materialização das ambições dos países.

Considera que o hidrogénio verde é o grande aliado da descarbonização? Quais são as mais-valias?
Considero que o H2 verde a par da eletrificação dos consumos com recurso a fontes renováveis são os grandes aliados e determinantes da descarbonização. As grandes mais valias estão associadas às emissões de CO2 evitadas e às externalidades positivas que o H2 irá criar por ser um setor que está a nascer agora, externalidades como geração de emprego, captação de investimento, receitas fiscais adicionais, entre outros. Neste momento, o hidrogénio tem imensas utilizações e temos que nos lembrar que na composição química dos hidrocarbonetos estão presentes átomos de hidrogénio. Atualmente, temos empresas que utilizam hidrogénio a partir de um processo de combustão catalítica sem chama designado por “Reformação de Gás Natural com Vapor de Água”, ou seja, sendo o Gás Natural essencialmente metano (CH4) que como sabemos através do processo liberta CO2. Mas quando falamos de hidrogénio verde, este é sustentável porque o seu processo de obtenção consiste na eletrólise da água (H2O), com recurso a energia elétrica proveniente de fontes renováveis. Por exemplo, através da transformação fotovoltaica da energia solar em eletricidade, que por sua vez é utilizada no processo de eletrólise da água, produzindo assim moléculas de hidrogénio e também oxigénio, como subproduto, havendo ainda libertação de calor. Como é obvio e notório, neste processo não há emissões de CO2.
O hidrogénio é um bom transportador de energia, que pode ajudar a descarbonizar vários setores da economia difíceis de eletrificar, tais como os transportes ou processos industriais que recorrem a calor de elevadas temperaturas. O hidrogénio verde permite fazer eletrificação indireta dos consumos de energia térmica e elétrica sem emissões de carbono.

Certo é, a Smartenergy atua em diversos países da Europa, como Espanha, Itália ou Alemanha. De que forma é que, e particularmente Portugal, está preparado para dar uma resposta às questões ambientais através da produção de hidrogénio verde? É legítimo afirmar que estes países estão, atualmente, no mesmo patamar de resposta? Quais têm sido os principais desafios?
O facto de Portugal ter dos custos mais baixos de energia elétrica gerada por fontes renováveis, potenciado pelos recursos naturais a que Portugal tem acesso, posiciona bem o país para a produção de hidrogénio verde.
Em geral, países da Europa, como Espanha, Itália e Alemanha têm a mesma preocupação e a mesma motivação, mas as realidades são completamente distintas. Os países do Sul têm mais vantagens em termos de custos de energia gerada a partir de fontes renováveis, por apresentarem custos mais baixos. Em contrapartida, os países do Norte, como a Alemanha, têm mais capacidade tecnológica. Assim sendo, os países do Sul são tendencialmente exportadores de hidrogénio e os do Norte serão tendencialmente importadores. Os desafios prendem-se com a dinamização da oferta e da procura.
Outras questões prendem-se com a escala. No caso de Portugal, deve-se ao facto do nosso país ter menor dimensão.

Neste processo, é essencial que a inovação esteja presente, como em qualquer outra iniciativa. Como é que a aposta na tecnologia de ponta tem sido fundamental e indispensável na sustentabilidade e na transição energética?
Por exemplo, no caso dos eletrolisadores para a produção de hidrogénio verde, a instalação desta tecnologia em maior escala, por forma a atingir volumes mais atrativos, é o próprio motor para torná-la mais competitiva e isso por sua vez se traduzir em duas realidades: redução de custos e o maior investimento dos fabricantes na componente de I&D, o que gerará vantagens continuas, por a própria tecnologia se tornar mais eficiente e fiável, o que por sua vez torna o financiamento e o interesse dos investidores neste tipo de unidades de produção mais alargado.
Também destaco a digitalização de todos os sistemas para melhorar a integração de todos os setores relacionados com a energia (eletricidade, gás natural e gases renováveis).

A descarbonização do planeta é um dos objetivos definidos por diferentes países no mundo, até 2050. Quão longo ainda é o caminho a percorrer até esta meta?
O caminho é longo, mas o tempo para o percorrer é muito curto para a meta a que nos propomos. Por isso é absolutamente fundamental que a sociedade civil entenda o que está em causa quando falamos dos severos impactos provocados pelas alterações climáticas resultantes do aquecimento do planeta causado pelas emissões de CO2 que estão estacionadas na atmosfera e que são impossíveis de absorver pela configuração atual dos sumidouros naturais. No presente, as pessoas já sentem nas suas vidas o impacto das alterações climáticas (quer seja pelas migrações “forçadas” de territórios que sofrem de forma severa com inundações, tempestades, furacões, entre outros) e que infelizmente este é o grande elemento diferenciador em comparação com as décadas anteriores. Ou seja, até as pessoas sentirem que é algo que pode mudar as suas vidas, rotinas e hábitos, a abertura para contribuir para travar as alterações climáticas era baixa, agora está a mudar. Combinado com a educação das novas gerações que por sua vez também induzem alteração de hábitos e comportamentos das gerações mais velhas.
Este caminho rumo à descarbonização do planeta começa com a sensibilização dos cidadãos, com as medidas definidas pelo poder político, com a participação do setor empresarial privado e com todos os outros relevantes stakeholders.
E devemos ter sempre em mente uma questão, quanto custará às gerações vindouras ignorar os efeitos das alterações climáticas? Não se deve confundir preço com valor, e é o valor da vida e da sustentabilidade do planeta que está em causa.

Numa sociedade em constante mudança, que estratégia será adotada pela Smartenergy para o futuro a médio e longo prazo na sinergia em que se posiciona em toda a cadeia de valor de energia?
A Smartenergy faz constantemente uma análise das oportunidades do mercado, definindo em conformidade a sua ambição de crescimento com objetivos muito concretos, baseados em factos e análise de hipóteses plausíveis, e elaborando depois planos de implementação concretos e exequíveis para concretizar esses objetivos.
A estratégia da Smartenergy passa por uma aposta em geografias com bons recursos em termos de energias renováveis e com potencial de crescimento nos mercados europeus, como é o caso de Portugal e Espanha, na tecnologia, que vai desde a geração de eletricidade renovável até à integração completa do sistema de energia: e-storage, hidrogénio verde e e-fuels, passando pela valorização do potencial das operações associadas aos projetos, operando e otimizando os ativos ao longo do seu ciclo de vida e disponibilizando-os a uma ampla base de investidores, através de instrumentos financeiros inovadores.
Mais ainda, a Smartenergy é uma empresa verticalizada, que assegura a sua presença ao longo de toda a cadeia de valor da energia verde, que vai desde o desenvolvimento, construção, operação comercial, estruturação financeira, sobreequipamento e reequipamento dos ativos até à venda da energia.
De referir ainda que a filial em Portugal da Smartenergy, sediada em Matosinhos, acolhe o Centro Global de Competências, com cerca de 20 profissionais altamente qualificados, na sua maioria portugueses. Esta equipa realiza e apoia as atividades do grupo nas áreas de engenharia, construção, operação e gestão de ativos, para projetos localizados em toda a Europa. O Centro Global de Competências da Smartenergy, dispõe igualmente, de competências para desenvolver projetos de hidrogénio verde, em estreita colaboração com a filial na Alemanha, localizada em Munique, que alberga o Centro Tecnológico da Smartenergy.