“O certo e o errado para mim não existem. Se para mim faz sentido eu vou e faço”

A Revista Pontos de Vista esteve à conversa com Maria Inês Rodrigues, uma jovem escritora que desde sempre viu na escrita uma forma de alcançar os seus sonhos. Venha conhecer uma Mulher que acredita que “sonhar é a primeira parte do processo e eu sou realmente muito sonhadora e acredito muito em mim”.

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Quem é a Maria Inês Rodrigues?
A Inês Rodrigues é uma jovem mulher lutadora, ambiciosa de uma forma saudável e muito sonhadora, insisto todos os dias em fazer da minha meta o meu sonho com um prazo.
Não sou feliz todos os dias. Os meus sorrisos nem sempre são verdadeiros, o meu olhar nem sempre transparece serenidade, o meu corpo nem sempre está onde quer estar, mas o meu coração… esse sempre esteve e estará onde ele quiser. Por essa mesma razão considero-me muito verdadeira. A verdade vem sempre do coração e esse tem o poder de bater por conta própria.

Como surgiu o gosto pela escrita?
O gosto pela escrita vem desde sempre, já desde muito novinha que escrevo os meus textos, mas só agora decidi tirar, entre aspas, esse sonho da gaveta e tentar alcançá-lo de uma forma positiva. Acredito que vem do potencial de cada um e diante disso encontrei meios para a prática da escrita ser completamente prazerosa para mim, apontando claro, a lucidez como um caminho a ser explorado para alcançar o objetivo. Fui aprendendo que é extremamente necessário escrever o mais possível como se falasse. Tenho ideia que nós jovens devemos cada vez mais expor as nossas ideias e opiniões, no meu caso realço claramente, a importância do amor próprio no livro. Acredito que o que é escrito não se perde e por isso torna-se mais fácil fazer os outros ouvir. Em relação à simpatia pela escrita sobre o amor, é porque acredito, e quero muito continuar a acreditar, que é o amor que nos mantém vivos e que nos move, seja ele de que natureza for. Neste livro existem frases que realmente martelam a mente de tão cheias que são, por isso é que para mim escrever é mágico, conseguir chegar a alguém, chegar à outra pessoa, servir de exemplo (ainda que seja fictício) é maravilhoso. Desde muito nova que ambiciono lançar um livro meu, dizem que os sonhos comandam a vida desde então deixei de ser eu a decidir, mas sim esses sonhos. A razão pela qual a escrevi passa mesmo pelo facto de ser apaixonada pelas palavras. Acho que elas têm um poder inferior aos gestos, mas não deixam de ter uma enorme importância. Sempre achei que ao escrever sentimos com mais verdade e acredito que do outro lado, os leitores, soletram cada letra e devagarinho vai entrando na cabeça. “Uma chance ao destino” será o primeiro de muitos projetos de vida e tal como o livro descreve a Maria decidiu renascer do passado e acho que todos nós devemos renascer do mesmo, não nos amarrarmos tanto ao que já foi, isso não nos acrescenta nada, só nos magoa, só faz com que juntemos nó por nó para que assim consigamos sobreviver e não é isso o especulado. Durante o processo de elaboração do livro cresci muito, a mulher que sou hoje já não é aquela menina que escreveu a primeira palavra no livro. Acho que á maneira que ia escrevendo, ia-me apercebendo da importância do amor, a importância de ter as pessoas certas ao nosso lado. A grande lição que eu tiro deste livro é: prefiro ter a carteira cheia de amor do que cheia de dinheiro. Prefiro ser do que ter. Vencer na vida é claramente ter o coração cheio de amor e paz.

Quanto à história do livro, onde foi buscar a inspiração?
O livro “Uma chance ao Destino” não relata nada pessoal. Relata a história de uma mulher que como muitas outras, e sim posso dizer que a inspiração vem do que oiço de outras mulheres, aceitou uma mão cheia de nada a troco do seu coração quando subitamente aprende que o amor-próprio tem de prevalecer.
Com o início da Pandemia e o recolhimento a que todos nós fomos sujeitos, a escrita acabou por ser o meu escape. Acabei por verter os meus sentimentos nas palavras e a história surgiu, como e se estivesse á espera de brotar, muito naturalmente e com algum despojamento. Mas, sendo eu muito realista, acredito que escrevi com a lucidez que me é natural, já com um objetivo traçado.
O amor-próprio é a chave desta história, algo que na minha geração acaba por estar abafado. Sempre fui apaixonada por ler, sempre li muito e eu própria fui a minha professora no que diz respeito á escrita. Neste meu primeiro livro, porque acredito que este é apenas o início do trilho, lavei a minha alma. Acabei por me despojar da morte do meu tio, que faleceu quando eu ainda era criança e não estava preparada para a frieza da morte, principalmente de um ser que eu admirava, que era o sinónimo de ser boa pessoa. Morreu de uma doença que se revelou fatal e, com a criação deste livro e desta personagem, acabei por libertar todos os sentimentos, toda a angústia que ficou a obstruir o meu ser. Por essa mesma razão este livro é dele e para ele. Há pessoas que nunca vão embora da nossa vida mesmo que já tenham ido.

A comunicação é uma área que a fascina também, de que forma?
A comunicação fascina-me muito, sim. Na altura de ingressar no ensino superior eu estava em dúvida entre comunicação e solicitadoria. Optei pela segunda, mas sem nunca descartar a ideia que um dia iria tirar algo relacionado com a comunicação. A pandemia fez com que eu tivesse mais tempo livre, mais tempo para mim e foi mais por aí. Nessa altura vi que a Teresa Guilherme estava a abrir uma turma com pouquíssimas vagas onde também trazíamos o diploma e inscrevi-me. Felizmente consegui a minha vaga, foi um curso onde aprendi muito e sendo a Teresa, para mim, uma referência no que diz respeito á comunicação saí daquele curso muito mais realizada. Acredito que o maior segredo é voar sem ter medo de partir uma asa pelo caminho e eu voei. Só temos uma vida, mas temos várias chances para mudar o rumo da mesma, enquanto eu não souber o meu destino estarei sempre á altura de desafiar a vida e foi o que eu fi mais uma vez. Sonhar é a primeira parte do processo e eu sou realmente muito sonhadora e acredito muito em mim. O certo e o errado para mim não existem, se para mim faz sentido eu vou e faço.

Quando escreve, qual é a parte mais fácil? E a mais difícil?
Para mim escrever é muito fácil, aliás sou realmente feliz a fazê-lo. O mais difícil é mesmo trazer aquilo que escrevemos para o mercado, principalmente quando ainda se é anónima como eu nesta estreia.
Tive de derrubar algumas barreiras pelo facto de ser jovem. Uma jovem de 21 anos. A lançar um livro foi novo para muitos editores e o medo deles era investir em alguém que não valesse a pena. Tive várias propostas, mas sendo eu uma pessoa ainda anónima, pediam preços sempre muito altos, por medo.
Aponto ainda a falta de interesse pelos jovens talentos, refiro-me ao facto de muitas editoras me perguntarem se eu tinha algum antecedente escritor pelo tal receio de investir em novatos.

O que trata o seu livro “Uma chance ao destino” e o porquê da escolha deste título?
“Uma chance ao Destino”, relata a história de uma mulher e do seu destino, as reviravoltas da vida e o que aprendemos com ela.
O leitor neste livro pode esperar verdade. Apesar de esta história não ser pessoal, relata a história verídica de muitas mulheres e homens na nossa sociedade, refiro-me claramente á falta de amor-próprio. Se uma pessoa não se amar, dificilmente o outro conseguirá fazê-lo por ela, ou seja, por vezes aceitamos pouco com o medo de não termos nada pela razão óbvia… nem nós sabemos o quanto valemos quando o amor pelo outro se sobrepõe ao próprio.
Não espero passar uma mensagem, mas sim várias com este livro. Fiz questão de em cada capítulo, pelo menos, conseguir transmitir uma mensagem clara e objetiva ao leitor.
Posso é dizer que o amor-próprio é a chave desta história, algo que na minha geração acaba por estar abafado.
Este título surgiu porque acredito muito no destino. Passei uma fase complicada da minha vida e do nada começou tudo a dar certo, até aquilo que eu achei mau na altura me trouxe até às coisas boas, por isso nada melhor que intitular o meu primeiro livro com “Uma chance ao Destino”.

Tem recebido feedback bastante positivo sobre o seu livro, certo? Como se sente? Esperava que tantas pessoas partilhassem e dessem a conhecer o seu livro?
Sim, posso dizer que o feedback que tenho recebido tem sido positivo e por isso sinto-me realizada e feliz.  Honestamente já esperava que muita gente fosse gostar, relata uma história comum, relata a dor de perder alguém que amamos e acho que muita gente comprou por se rever nesse sentimento. É bom sabermos que não “acontece só a nós” e quem comprou este livro, tenho a certeza que não se sentiu tao sozinha/o. Durante a escrita procurei ser o espelho das outras pessoas e acho que resultou bem. Conseguir ajudar alguém, ainda que de uma forma fictícia é maravilhoso.
Aquilo que eu não esperava é que chegasse a outros países, pelo menos não tão rápido. O livro foi apresentado nas prateleiras portuguesas em maio e hoje, em junho, já está á venda em mais dois países (Espanha e Brasil). Estou muito feliz.

Como se sente por, aos 21 anos, conseguir receber o título de escritora?
Sinto-me grata. Estou muito grata à vida por me ter dado esta oportunidade e claro, estou grata a todos aqueles que acreditaram em mim e confiaram no meu trabalho.

Por último, pensa continuar a escrever? Já há alguma ideia na forja?
Continuar a escrever é uma certeza que eu posso assegurar, adoro escrever e não fazia sentido nenhum deixar de o fazer só porque já lancei um livro.
Posso dizer que já tenho uma vaga ideia de como será o segundo, mas ainda com “muitas pontas soltas”. Neste momento quero viver este momento e não quero muito pensar já no próximo. Gosto de disfrutar de cada vitória da minha vida.