Início Atualidade “Invistam nas vossas missões de vida com humildade, sabedoria e paciência”

“Invistam nas vossas missões de vida com humildade, sabedoria e paciência”

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“Invistam nas vossas missões de vida com humildade, sabedoria e paciência”

A Rita Veloso conclui a licenciatura em Psicologia na Universidade do Porto em 2004 e, desde então, tem multiplicado experiências e histórias para contar. Como nos pode descrever o se trajeto enquanto pessoa, mulher e profissional?
Nunca soube estar quieta. Aliás, a mim inquieta-me estar quieta e sei que nem sempre terá sido fácil ser mãe ou pai, professor, amigo ou namorado, mais tarde marido ou filho, de uma alma em constante procura de algo novo para fazer. Faz parte do meu ADN natural. A escolha de um curso foi um desses momentos conturbados, tendo optado por Psicologia, fiel aos meus sentimentos, e que facilmente preencheu as minhas expectativas. Paralelamente à vida profissional, tinha outros sonhos e um deles era, sem dúvida, o de ser mãe jovem. E assim, aos 25 anos e com distância de apenas 11 meses, nascia o Ricardo e a Francisca. E passaria, inevitavelmente, a trabalhar por turnos e a viver diversos papéis em simultâneo. Tantos turnos quantos os diferentes papéis que viria a escolher ter. E foram, e são, alguns. Aos 27 anos, assumi a Direção de um dos maiores serviços do IPO do Porto. Como implementar uma mudança cultural profunda em Pessoas que não compreendiam a necessidade de mudar? Sucedeu-se o mesmo na minha primeira experiência como vogal de um hospital. Coerência, justiça, integridade, ética, foram a chave para formar equipas de excelência e que estiveram sempre ao meu lado. Equipas que me acompanham no coração até hoje. Houve claramente um antes e um depois e no meio estivemos todos nós. Todas estas experiências fazem de mim, humildemente, o que hoje sou.

Atualmente é Executive Board Member do Centro Hospitalar Universitário do Porto. Quão gratificante e enriquecedor tem sido esta experiência na sua vida?
Estar ao serviço de uma instituição com mais de 250 anos, e que é um autêntico museu vivo, é uma responsabilidade acrescida que sinto desde o primeiro dia. Aqui respira-se história, identidade e cultura próprias, Pessoas que sentem esta a sua casa e convivem como família. Pela sua dimensão, diferenciação e excelências das equipas, é sem dúvida o maior e mais exigente desafio profissional com que me defrontei. E já foram vários. Faz-me, a cada dia que passa, manter mais próxima das Pessoas, mais atualizada para que na verdade possa ser inspiradora para as minhas equipas que são compostas de Pessoas brilhantes, competentes e que desejam o melhor para esta nossa Instituição. E isso leva-nos muita da nossa energia, mas que facilmente é retribuída no ambiente saudável em que vivemos à volta dos nossos projetos com o propósito de melhorar a experiência das nossas Pessoas, dos nossos Doentes e proteger o dinheiro de todos os Contribuintes, que somos, no limite, todos nós.

Do que mais gosta na sua atividade diária? É legítimo afirmar que a sua missão de vida é ajudar o próximo?
Gerir a mudança e procurar inovação constante. Deixar à minha saída as instituições um pouco melhores do que encontrei quando cheguei. Acho genuinamente que a minha missão é, à data, servir humildemente as Pessoas sob as quais direta ou indiretamente possa ter responsabilidade ou impacto positivo e proporcionar uma boa experiência a quem comigo priva. Como alguém que muito admiro me disse recentemente “Tu não passas por lá, tu estás lá”, e isso faz a diferença.

Numa sociedade em que ainda é necessário falar em igualdade de oportunidades, de que forma a Rita Veloso se tem destacado, tendo em conta as suas potencialidades? O facto de ser mulher, tornou o desafio maior?
Decerto as potencialidades foram sendo demonstradas naturalmente sem que nunca tivesse sequer assumido ou sentido nesta área que ser mulher fosse um obstáculo ou desafio maior porque na verdade nunca deixei transparecer qualquer diferença ou insegurança, muito pelo contrário, como tenho dito a liderança no feminino não se explica, sente-se. Mas trabalha-se muito e espera-se de nós muito carácter, resiliência, transparência, ética e lealdade. Independente de ser homem ou mulher. Esse é o maior dos desafios.

Que mensagem gostaria de deixar aos nossos leitores, de esperança e motivação, para ultrapassarem da melhor forma o atual contexto pandémico que vivemos?Não desistam dos vossos sonhos. Não desistam dos vossos direitos. Não suspendam as vossas legítimas ambições. Invistam nas vossas missões de vida com humildade, sabedoria e paciência. Tudo o resto estará à vossa espera. Sem terem sequer de pedir. Eu acredito.