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O que um livro pode fazer por si

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O que um livro pode fazer por si

«A leitura engrandece a alma»
 VOLTAIRE

A minha relação com os livros começou bastante cedo. Com a escrita também. Os livros e a escrita foram o refúgio quando tudo o que me rodeava parecia não fazer sentido.
Olho para determinadas obras como marcadores existenciais, tal como aquela música que nos faz recordar um amor do passado que o tempo não fez esquecer.
A trilogia que trago, para partilhar consigo, influenciou três momentos da minha vida pessoal e profissional (como se fosse possível destrinçar uma da outra). Lidos em momentos-chave, estes livros provocaram mudanças na forma de estar e de ver o mundo. Como dizia Henry David Thoreau: «Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro». Subscrevo de coração.

«Quem mexeu no meu queijo», de Spencer Johnson 

Foi-me sugerido por um dos meus primeiros mentores no início da minha carreira, gestor francês de topo, que enxergou em mim potencial que eu desconhecia. Tinha vinte e cinco anos, acabadinha de sair da faculdade, total inexperiência para enfrentar o mundo empresarial… Com esta obra aprendi a gerir a mudança, as expetativas e a olhar para a realidade por um caleidoscópio diferente.
A história? Muito simples: dois ratos e dois duendes vivem num labirinto, em eterna busca por um queijo, a metáfora perfeita daquilo que se deseja na vida, seja dinheiro, relacionamento amoroso, bom emprego, paz espiritual ou saúde, que nos alimenta e traz felicidade… «Quem mexeu no meu queijo» fez o clique, acabou por guiar toda a minha carreira profissional e conduziu-me de forma subliminar até onde desejava: a um cargo de direção.

«Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas», de Dale Carnegie 

A leitura deste livro aconteceu há cerca de oito anos, na fase em que optei pelo empreendedorismo. Depois de ter chegado «ao topo» da carreira à custa de muitos sacrifícios pessoais, incluindo o adiado sonho da maternidade, este livro revelou-me um caminho que já estava em mim, mas carecia de ser consolidado: precisei de ler o óbvio para o óbvio se manifestar.
Dale Carnegie demonstra-nos que o êxito tem pouco que ver com conhecimentos profissionais — o mundo pertence a quem consegue expressar as suas ideias, assumir a liderança e entusiasmar os outros. «Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas» explicou-me a chave do êxito em qualquer atividade profissional: o relacionamento pessoal.
Publicada em 1937, ainda hoje atual, esta obra começa com as três técnicas fundamentais para lidar com as pessoas, e logo a seguir propõe seis formas de fazer com que os outros gostem de nós, doze maneiras para convencer e nove para liderar. Pode parecer algo «frio ou calculista», mas o grande segredo para que estes ensinamentos funcionem é amar o que se faz, ser autêntico em todos os momentos, demonstrando as nossas forças e as nossas fraquezas, aprendendo a olhar, a escutar o outro de forma genuína, sem egos. Transporto estes conhecimentos comigo sempre que inicio uma nova turma, quando falo para uma ou para duzentas pessoas.

«As Quatro Verdades», de Don Miguel Ruiz 

Foi-me sugerido por uma das minhas formandas do IEFP, do módulo de Escrita Criativa. Pela forma entusiástica como falou, não hesitei em comprá-lo. Foi das minhas leituras mais recentes. Depois de ler, refleti bastante sobre o seu conteúdo e assimilei muitos dos conhecimentos. Partilho consigo parte da sinopse oficial: «Quando acabar de ler este livro, verá que o Universo vai continuar na mesma. Haverá injustiça, dor, sofrimento — como sempre houve. E também céu e estrelas e amor e felicidade. O seu mundo, porém, nunca mais será o mesmo. As Quatro Verdades vão crescer dentro de si, criar raízes e ficar na memória. A princípio nem notará. Mas em momentos inesperados, como uma discussão em casa, vai lembrar-se delas e sentir-se absolutamente livre. Vai perceber que todas as palavras que diz têm um enorme impacto — e dirá apenas as palavras certas (1.ª Verdade). Aprenderá a ficar imune aos sentimentos negativos das pessoas com quem se dá (2.ª Verdade). Passará a saber exatamente o que pretende dos outros e o que os outros esperam de si (3.ª Verdade), e aprenderá a dar sempre o seu melhor (4.ª Verdade).» Mais uma vez, o óbvio atinge-nos com uma força tremenda, quando espelhado nas páginas de um livro.

Como afirmou Agostinho da Silva: «Escrevendo ou lendo nos unimos para além do tempo e do espaço, e os limitados braços se põem a abraçar o mundo; a riqueza de outros nos enriquece a nós. Leia.».
Tudo isto — e muito mais — um livro poderá fazer por si.