O cuidar de um familiar é uma realidade que muitas pessoas experienciam ao longo da sua vida. Quando se fala em saúde em todas as suas frentes, importa abordar (e frisar) também a importância que o papel do Cuidador Informal desempenha na sociedade e o quão indispensável é para quem, diariamente, necessita do seu apoio.
Filomena Pereira, Cuidadora Informal (juntamente com o irmão) da sua mãe, afirma que quem assume esta posição “é alguém que tem de acrescentar à sua vida um papel, que até à data é invisível, de cuidar e proteger o outro em momentos de grande fragilidade, seja de doença ou de outra condição”. O ato de cuidar não é uma tarefa simples, uma vez que muitas vezes se reveste de dificuldades com os quais o Cuidador Informal tem de lidar, tornando-se uma atividade cada vez mais exigente à medida que se perpetua no tempo – outras vezes, o próprio Cuidador Informal, abdica e “interrompe” a sua vida, para que reúna as condições necessárias para o efeito.
A questão que se impõe é, como é que uma posição tão nobre muitas vezes se traduz em esquecimento? É efetivamente de esquecimento que estamos a falar, uma vez que atualmente ainda não existem “apoios ou medidas suficientes e as que existem não abrangem metade daquilo que o cuidado necessita. Nós, os Cuidadores Informais, precisávamos de apoio de continuidade e, além do apoio financeiro e meios adequados, devíamos ter formação ou preparação para sabermos lidar com estas situações. Não é de todo um processo fácil”, reconhece a nossa entrevistada, acrescentando ainda que “cheguei à conclusão de que o Estatuto do Cuidador Informal é um projeto de intenções. Muito se fala da necessidade que há e do papel importante que possui, mas não passa disso mesmo: intenções. Têm de passar à ação”. Apoio, compreensão e ação são as palavras de ordem que devem ser seguidas e acreditadas por todos os que almejam um futuro melhor, seja para os que necessitam de cuidados, como para os que cuidam.
Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais
Apesar de um importante avanço social, este Estatuto que falamos, continua incapaz de travar por completo as dificuldades sentidas pelos Cuidadores Informais. É por este motivo que a Merck Portugal decidiu lançar em Portugal um Movimento que tem como missão “Cuidar dos Cuidadores Informais”, no qual Filomena Pereira dá a cara e a voz pela por esta causa maior. Com início a 5 de novembro, o objetivo deste Movimento é ajudar os Cuidadores Informais a tornar visível e reconhecido o seu contributo, nas mais diversas áreas e doenças em que esta figura tem um papel preponderante e insubstituível. Composto por uma parceria entre várias associações de doentes, esta campanha pretende melhorar a qualidade de vida dos Cuidadores Informais e, consequentemente, a de todos os doentes nacionais. “É urgente darmos voz a este tema. Temos de demonstrar o que é cuidar de alguém e de tudo o que isso implica e a perspetiva tem de evoluir nos próximos tempos porque, até ver, o Serviço Nacional de Saúde não tem espaços nem respostas dignas para receber os doentes, nomeadamente os que sofrem de Alzheimer – como é o caso da minha mãe. Tem de haver condições para que possamos decidir a melhor maneira de cuidar destas pessoas. E, claro está, as campanhas de sensibilização podem ser uma preciosa ajuda”, termina Filomena Pereira.