Neste contexto, verificamos que nos últimos anos, os SIG têm tido uma evidente evolução, nomeadamente nas soluções de software open source, web e mobile, as quais nos permitem, de uma forma mais expedita e eficiente, capturar, reunir, analisar e visualizar dados geográficos que nos ajudam a tomar melhor decisões.
Atualmente os SIG têm aplicação em vários domínios com elevada influência na sociedade, assumindo-se como uma ferramenta transversal, como já o havíamos afirmado. Esta tecnologia é adotada nos mais diversos domínios, desde o ordenamento do território, ambiente e recursos naturais, alterações climáticas, transporte e infraestruturas, proteção civil e segurança, à saúde, educação, justiça, marketing… Um excelente exemplo da transversalidade dos sistemas de informação geográfica, hoje na ordem do dia, é ao nível da sua aplicação na saúde pública, designadamente, no apoio ao combate à pandemia da doença COVID-19, permitindo o acompanhamento espacial da evolução da doença e consequentes tomadas de decisão. É, porém, com enorme facilidade, que podemos identificar outras áreas de aplicação que se encontram na agenda do quotidiano português, designadamente, no âmbito dos resultados eleitorais das autárquicas 2021, onde, através dos SIG, é possível definir a distribuição espacial dos resultados e, desse modo, contribuir para uma análise mais aprofundada dos mesmos.
Nos últimos anos, em Portugal, têm sido desenvolvidos um conjunto de projetos de I&D em diferentes áreas associadas aos SIG, nomeadamente, no âmbito das infraestruturas de informação geográfica e na participação dos cidadãos e informação geográfica voluntária. Neste âmbito, destacamos a Direção-Geral do Território como a instituição de referência na valorização do território e da informação geográfica, sendo o Sistema Nacional de Informação Geográfica (SNIG), infraestrutura de informação geográfica colaborativa, sustentada numa política de dados abertos, que permite partilhar, pesquisar e aceder a informação geográfica produzida por entidades públicas e privadas em Portugal, a concretização da aposta da Administração Pública na partilha, sem custos, da informação geográfica por si produzida ou detida por entidades sob a sua alçada. Destacamos igualmente o trabalho desenvolvido pela Administração Local, no que diz respeito à divulgação e partilha de informação geográfica, bem como na promoção da participação dos cidadãos na produção dessa informação, conforme se pode constatar no elevado número de autarquias que possuem plataformas websig, nas quais é disponibilizada, para consulta, informação geográfica aplicável ao seu território ou para discussão pública, informação geográfica respeitante a planos municipais de ordenamento do território em fase de elaboração, revisão ou alteração. Podemos assim afirmar, que o processo de produção de informação geográfica dos municípios portugueses, em especial o relacionado com a valorização do território se baseia numa concreta relação de proximidade entre os próprios municípios e os cidadãos, tendo esta informação geográfica um efeito decisivo no processo de tomada decisão dos respetivos municípios. Destaque ainda, para outra plataforma de informação geográfica com especial foco na valorização do território e que não podemos deixar de mencionar nos dias de hoje, o OpenStreetMap, projeto colaborativo de uso livre para criação de um “mapa mundo gratuito e editável”, no qual se representam características/elementos dos territórios, desde vias e edificado a linhas de água, e que nos últimos anos em Portugal tem tido um considerável envolvimento da comunidade, sendo que a participação nesta plataforma por parte dos utilizadores é efetuada através da recolha de dados GPS, ortofotos ou do seu próprio conhecimento do território, tendo em vista a integração de novos elementos ou a correção/edição de dados incorretos/incompletos. Assim sendo, no contexto da produção da informação geográfica em Portugal, podemos facilmente constatar que nos últimos anos tem existido um enorme compromisso de todos os intervenientes/utilizadores, seja da população em geral, empresas, organizações, seja da administração pública, na colaboração para partilha de informação geográfica, da qual tem resultado um maior acesso e utilização desta informação no nosso país, passando, desta forma, todos os intervenientes/utilizadores a estar mais próximos da decisão, fundamentalmente o cidadão, promovendo-se a democratização, a cidadania ativa, e a transparência.
Considerando o estado atual de desenvolvimento das soluções SIG, o projeto de inovação pelo qual os utilizadores dos sistemas de informação geográfica se devem debruçar é a formação/capacitação da população em geral para a produção e exploração de informação geográfica, num contexto de melhoria da qualidade de vida das populações e na promoção da sociedade digital. Neste âmbito, destaque-se a Associação Portuguesa para os Sistemas de Informação Geográfica (APPSIG), associação sem fins lucrativos, que tem como missão promover o ensino, a formação profissional e projetos de I&D, a qual já atua neste domínio, nomeadamente, através da criação de uma série de artigos denominados “de forma simples”, disponibilizados na sua página da internet, nos quais oferece aos leitores uma visão geral dos conceitos básicos de cartografia e sistemas de informação geográfica, tendo a mesma como destinatário as pessoas que desejam dar os primeiros passos no “mundo” dos sistemas de informação geográfica. Adicionalmente, a APPSIG prevê a curto/médio prazo a criação de um conteúdo mais alargado neste domínio, bem como a sua divulgação através de outros meios de comunicação, nomeadamente a partir de outras plataformas da internet, designadamente, o Youtube, ações de divulgação junto da população escolar ou através de cursos online gratuitos ou a baixo custo.
Por último, e regressando ao nosso “local” de partida, é um imperativo, celebrar o “Dia dos Sistemas de Informação Geográfica”, GIS Day, a 17 de novembro, porque não, solicitando a todos os intervenientes/utilizadores dos SIG que dediquem o seu esforço e tempo, na promoção e divulgação do seu conhecimento sobre as potencialidades desta tecnologia no quotidiano das pessoas, na realização de iniciativas junto das escolas, comunidades ou organizações. Este dia torna-se assim uma oportunidade espe(a)cial para nós, amantes da ciência geoespacial, partilharmos os nossos trabalhos, projetos e estudos nesta área e inspirarmos outras pessoas a descobrir e utilizar os SIG.