As Conferências do Estoril são eventos que promovem diálogos abertos acerca dos desafios globais com o objetivo de criar ligações eficazes e inovadoras de forma a evoluir no sentido de um futuro sustentável e inclusivo. Porquê a criação deste conceito?
Porque acreditamos que um diálogo aberto, inclusivo e internacional permite contribuir com soluções e trazer novas perspetivas para os desafios mais urgentes que o futuro antecipa. Sabemos hoje, mais do que nunca, que o mundo precisa de mudança e de novos líderes capazes de inspirar as novas gerações a terem um papel mais de ativo na sociedade, num futuro que é comum a todos. Desde 2009 as Conferências do Estoril trouxeram a Portugal alguns dos maiores líderes mundiais e nacionais para debater os temas globais. Este tem sido o modelo das Conferências que iremos manter, agora nas mãos da Nova SBE.
A Silvia Rodriguez é atualmente a Diretora Executiva das Conferências do Estoril pela Nova SBE cuja 7ª edição realizar-se-á nos dias 1 e 2 de setembro do próximo ano. Assim, qual será o mote desta efeméride?
O tema central desta 7ª edição é “The Purpose Generation: Becoming the Changemakers of Tomorrow” que tem como objetivo trazer as novas gerações lado a lado com os grandes líderes nacionais e mundiais, unidos por um propósito comum de criar impacto e transformar as nossas sociedades nas mais diversas áreas. Serão debatidos temas como o desenvolvimento sustentável, o futuro do trabalho e o papel das universidades na formação dos futuros líderes, abrangendo a inclusão e o acesso igual à educação, mas também a economia do propósito, política, saúde e cooperação mundial, e a ética no uso das novas tecnologias.
Sabemos que durante todo o seu percurso profissional sempre assumiu cargos de liderança, nos mais variados setores do mercado. Neste sentido, que peso tem para si, e na sua carreira assumir esta responsabilidade?
Quando decidi aceitar este desafio o que mais me motivou foi a oportunidade de reposicionar estrategicamente as Conferências do Estoril, tendo a oportunidade de trabalhar de perto com as novas gerações, envolvendo-os no desenho do programa, como forma de os inspirar à ação. Também o poder liderar um projeto com ambição internacional, interagindo com pessoas muito interessantes que trazem sempre novas perspetivas e ideias numa constante evolução.
Por sempre ter sido uma mulher ativa e dedicada à carreira, em algum momento se viu obrigada a descurar da vida pessoal em detrimento da profissional ou vice-versa?
A verdade é que nunca descurei a minha vida pessoal, tenho três filhos ainda pequenos que exigem muita atenção e acompanhamento, e sempre quis estar presente. Adoro ter uma vida profissional ativa, mas sempre escolhi projetos ou organizações que me permitissem ter autonomia com responsabilidade na apresentação de resultados, num modelo de trabalho flexível. Claro que houve alturas em que tive de dar mais atenção à vida profissional, principalmente antes de grandes eventos que realizei, mas sempre consegui ter um grande equilíbrio.
O estilo de liderança da Silvia Rodriguez tem a missão de inspirar os mais jovens para a ação. De que forma, enquanto Diretora Executiva, passa esta mensagem?
Sempre que posso e tenho oportunidade de interagir com as novas gerações promovo uma forma de dialogar muito aberta, descontraída, mas assertiva e prática com foco nos resultados. Acredito que é dando o exemplo que se inspiram os outros a seguir um modelo de atuação que queremos provocar. Dando a oportunidade de participarem de forma activa com as suas ideias e visões, envolvendo-os nas decisões e estratégia a seguir, fazendo parte do projeto.
A pandemia que ainda atravessamos obrigou a que todas as pessoas – e empresas – tivessem que reformular os seus objetivos. Para a Silvia Rodriguez, enquanto líder e enquanto mulher, o que é que mudou?
Sinto que mudou a minha forma de ver a vida, com um foco maior no propósito, e relativizando os problemas e dificuldades que vivemos no dia a dia, onde hoje encaro mais como desafios de aprendizagem e evolução. Também o sermos mais humanos e disponíveis ao outro, tanto nas empresas como na vida pessoal.
Certo é, que se tem vindo a assistir cada vez mais a uma paridade de género dentro das organizações, sendo que atualmente já muitas mulheres ocupam cargos de liderança. Acredita que a igualdade de género ainda continua a ser uma transformação social necessária? Porquê?
Sim, apesar de já existir cada vez mais um equilíbrio nas organizações e nos boards, acredito que ainda há espaço para evoluirmos em Portugal neste tema da paridade. Nas multinacionais temos visto isto a acontecer, mas ainda existem muitas empresas e instituições nacionais onde os homens ocupam na sua grande maioria os cargos de topo, onde as mulheres não têm oportunidade de fazer parte do desenho da estratégia, surgindo mais em áreas operacionais, ainda que com cargos de liderança.
A terminar, qual o segredo para trilhar um caminho de sucesso tanto a nível profissional como pessoal?
Diria que ser fiel a si próprio, com todos os defeitos e qualidades, numa missão de vida clara e objetiva onde nunca podemos parar de crescer e evoluir. O segredo poderá estar em nos conhecermos bem enquanto pessoa que somos, respeitando os nossos limites, para encontrarmos um equilíbrio em ambas as áreas profissional e pessoal.