“Ser CEO e ser Mulher são duas coisas que se Complementam”

O know-how, a qualidade e o compromisso com a sustentabilidade aliados ao investimento na tecnologia, são os fatores determinantes do sucesso da LSI Stone. Regina Vitório, CEO da marca, aborda em entrevista o caminho que tem vindo a ser traçado num setor tão peculiar como a pedra natural, e ainda, de que forma se tem vindo a reinventar enquanto líder. Conheça tudo.

886

A LSI Stone nasce em 1999 fruto de um know-how consolidado com base na tradição, na compreensão profunda da pedra e em investimentos inteligentes e estruturados. Enquanto CEO, como nos descreve a evolução e os valores desta marca que têm contribuído para a sua distinção ano após ano?
É com satisfação que reconheço que nos mantemos fiéis ao nosso desígnio inicial, a evolução da empresa e dos mercados tem valorizado a nossa cultura assente sobretudo nas necessidades dos mercados mais exigentes de produtos de pedra natural. O foco no cliente e no resultado final, a busca insistente pela perfeição exigindo sempre em primeiro lugar a nós próprios, são valores intemporais que se renovam com a evolução tecnológica, mas se consolidam através da nossa disponibilidade para o diálogo e pelo atendimento as necessidades específicas de cada cliente.

Os calcários LSI são extraídos das melhores pedreiras da Estremadura, localizadas no mais importante repositório de calcário em Portugal. A Regina Vitório garante que “a qualidade da nossa pedra é incomparável”. Para melhor entender, de que forma a pedra da LSI se distingue das restantes? O que diferencia esta marca? 
Distinguimo-nos pelo esforço em nos afirmarmos através da nossa cultura e dos nossos valores sempre focados no cliente, no projeto e no detalhe. A pedra é o centro de toda a nossa atividade, mas apenas a verdadeira compreensão do seu enquadramento global e o envolvimento em diversos aspetos dos processos de conceção e design nos garante um serviço completo ao cliente e por isso a distinção. A LSI Stone apesar de ter sido inicialmente reconhecida a nível mundial por fornecer calcários portugueses de elevada qualidade, na atualidade o portefólio vai além disso, temos pedras naturais dos diversos cantos do mundo, e atualmente a empresa é reconhecida como um fornecedor global de pedra natural para projetos exigentes por medida.

Sabemos que aquilo que torna a LSI uma líder de mercado são os colaboradores, que colocam diariamente as suas habilidades e os seus conhecimentos em cada projeto realizado. Em que medida esta mão de obra qualificada aliada aos equipamentos avançados, tem melhorado a qualidade do serviço em prol dos clientes?
Esse é um dos nossos grandes desafios. Saber atrair pessoas que possam contribuir para o esforço coletivo da nossa equipa. Felizmente temos sido bem-sucedidos e somos hoje uma equipa coesa e dinâmica de uma mescla de competências que se conjuga e que permitem abrangência e complementaridade no nosso quotidiano. Tenho a perfeita consciência que o contínuo esforço de investimento em tecnologia seria inglório sem a capacidade de atrair recursos humanos cada vez mais qualificados e capazes de maximizar o aproveitamento do uso dessa mesma tecnologia.

Para além de todos os aspetos que tanto caracterizam a LSI, esta foi também a primeira empresa a investir em tecnologia de ponta e a capitalizar habilidades e experiência em recursos humanos. Acredita que o destaque dado a esta inovação e tecnologia de vanguarda contribui para uma melhoria significativa da qualidade daquilo que oferecem? De que forma?
Sim, a tradição e saber-fazer é uma parte fundamental do nosso processo produtivo, mas apenas aliando essas características à inovação tecnológica e ao que esta nos permite atingir do ponto de vista da qualidade e da produtividade podemos responder a novos desafios e por isso garantir vantagem competitiva e a qualidade de produto fornecido.

Fruto de todos os valores nobres pela qual a marca se rege, conta hoje com várias certificações de qualidade, sustentabilidade, entre outras. O que significa para si, enquanto CEO, estes prémios?
Os prémios são o reconhecimento do trabalho da nossa equipa, mas são sobretudo um indicador que nos obriga a trabalhar mais e estar cada vez mais atentos para não correr o risco de defraudar expectativas. Queremos sempre saber fazer mais e melhor, os prémios serão sempre por isso marcos que queremos que assinalem o nosso caminho e não objetivos estratégicos da empresa.

Certo é que a preocupação com o meio ambiente nunca está esquecida no seio da LSI, que tem vindo a adotar um conjunto de medidas com o objetivo de reduzir o desperdício e o impacto ambiental resultante da atividade profissional. De que medidas estamos a falar?
A empresa nasce praticamente em ambiente de parque natural, a preocupação com a sustentabilidade é parte do que somos e do que fazemos. Para além de um complexo sistema de reaproveitamento de águas instalámos uma central de produção fotovoltaica que garante praticamente as nossas necessidades atuais de energia elétrica, instauramos um sistema de reaproveitamento do desperdício de pedra natural resultante da nossa atividade, que nos permite caminhar de forma consistente em direção a uma política de desperdício zero.

Na realidade sabemos que o caminho para a sustentabilidade é de longo prazo. Para o mercado da LSI, que desafios e oportunidades ficam por superar e abraçar?
Ambicionamos reduzir, ainda mais, o impacto da nossa atividade no meio ambiente. A pedra natural é uma matéria-prima desde logo sustentável, que incorpora, no processo de transformação, relativamente menos energia quando comparado com produtos concorrentes.

“Com um olhar atento para os negócios e uma unidade imparável, Regina Vitório é o coração e a alma da LSI Stone”. Interessa-nos, portanto, saber mais sobre si… Quem é enquanto mulher e enquanto profissional?
Ser CEO e ser mulher são duas coisas que se complementam. A força de vontade em fazer mais e melhor foi o grande impulsionador para conseguir dar a conhecer a LSI ao mundo. Ter a capacidade de ter pulso firme e ao mesmo tempo sensibilidade em cada desafio aceite. O meu percurso profissional começou quase que automaticamente, por ter nascido no berço da pedra natural. A linguagem da transformação e processamento da pedra instalou-se em mim desde muito cedo. A partir daí, tive a capacidade de adaptar e evoluir dessa base e construir o meu próprio negócio da melhor maneira que consegui.

Podemos afirmar que esta marca também é o que preenche o seu coração e a sua alma? Porquê?
Julgo que a nossa entrega aos projetos em que nos envolvemos é sempre o que nos distingue. O projeto LSI resulta dos esforços contínuos de muitas pessoas e por isso mesmo o somatório da entrega e da visão de todas essas pessoas, por ter sido fundadora do projeto e por liderar há já 23 anos, reconheço que o projeto LSI tem também um forte cunho pessoal assim como reconheço que continua a ser um projeto que me motiva e mobiliza completamente. Nos negócios a razão é sempre a melhor conselheira, a paixão, no entanto motiva-nos aquele pequeno esforço extra que no final do dia faz toda a diferença.

Quando decidiu, há 23 anos, desbravar este caminho, quais foram os principais obstáculos que se atravessaram nele? Se pudesse voltar atrás, faria algo diferente?
Julgo que faria pouco de diferente. Foi um caminho longo e árduo, apenas a partir do sonho fomos capazes, com muita resiliência, de contruir um projeto sólido e estruturado que se distingue dos demais. As dificuldades de ontem são os nossos pontos fortes de amanhã, porque as enfrentamos com vontade e as ultrapassamos uma a uma.

O que define a Regina Vitório enquanto líder? Que características tem e que considera serem fulcrais para se vingar no mundo empresarial?
Tento liderar a extraordinária equipa que tenho a sorte em me acompanhar o melhor que sei, esforço-me por saber comunicar e explicar quer os aspetos que mais me satisfazem como também as dificuldades com todos os que me rodeiam. Na realidade a liderança esta associada a qualidades intrínsecas a minha personalidade; proativa, saber comunicar, liderar e motivar as equipas a par dos objetivos da empresa. Mas de facto a maior exigência que coloco a mim própria diariamente é a continua determinação, resiliência e confiança que tanto me definem. Além disso, promovo diariamente o meu growth mindset, procuro abraçar novos desafios e crescer continuamente, por mim e pela empresa. Quando observo um projeto complexo, como o The Perelman em Nova Iorque, com uma fachada inovadora em mármore translúcida, tento estruturá-lo e simplificá-lo, mantendo sempre uma abordagem positiva. A LSI Stone é em parte, o reflexo da minha pessoa, inovar dia após dia, sem limites, não há impossíveis.

A terminar, que memória lhe ficou ao longo do seu percurso na LSI como uma boa história para contar?
O museu da Tolerância em Jerusalém foi sem dúvida um projeto muito especial para mim, por toda a envolvente histórica do mesmo. Um projeto emblemático revestido em pedra natural portuguesa proveniente do maciço calcário estremenho. Seria impensável no centro de Jerusalém a aplicação de revestimento de fachada de tão emblemático edifício, ser revestido em pedra Natural que não fosse de origem local. No entanto, e por opção arquitectónica, o calcário português transformado pela LSI foi a pedra selecionada para revestimento de todo o edifício nas fachadas, telhado e interiores. Fui envolvida no projeto por referência “do saber fazer,” desde muito cedo, e a cada etapa de desenvolvimento deparando-me com barreiras políticas, e não políticas de difícil contorno. No entanto, em Jerusalém tive o privilégio de jantar com o fundador do Simon Wiesenthal Center, Rabi Marvin Hier, que mencionou palavras sábias que estarão para sempre gravadas na minha memória “Regina nunca percas a oportunidade de ter o teu nome ligado a Jerusalém”. Estas palavras fortaleceram-me de tal forma que, hoje não só o nome da Regina está ligado a Jerusalém, como o da LSI Stone. Um grande marco para Portugal que orgulhosamente fica para sempre na essência da História! Porque no final do dia, o que me deixa feliz é a valorização e, o agregar valor a um tao nobre recurso natural que prevalece na eternidade.