Início Atualidade Fabricantes de Embalagens de Vidro: Uma indústria comprometida com a Sustentabilidade, Inovação e Tecnologia

Fabricantes de Embalagens de Vidro: Uma indústria comprometida com a Sustentabilidade, Inovação e Tecnologia

0
Fabricantes de Embalagens de Vidro:  Uma indústria comprometida com a Sustentabilidade, Inovação e Tecnologia

Beatriz Freitas, Secretária Geral da AIVE – Associação dos Industriais do Vidro de Embalagem

Qualquer uma das empresas do vidro de embalagem, tem um compromisso assumido com o desenvolvimento sustentável, ir mais além da mera produção de garrafas e frascos, construindo um caminho atento à preservação dos recursos naturais, com a redução do impacto das suas acções no futuro do Planeta. Todas as empresas estão conscientes da sua responsabilidade na gestão racional dos recursos e da necessidade de produzir vidro de forma sustentada, com uma interligação entre a protecção do ambiente e a melhoria da qualidade de vida dos seus recursos humanos.
Vivemos num período em que as exigências ambientais são um imperativo para inverter a insustentabilidade da economia linear e convergir para uma verdadeira economia circular e a produção das embalagens de Vidro é um exemplo dessa economia circular: as matérias-primas entram no forno, onde fundem progressivamente e esta massa fundida, já vidro, sai do forno e nos moldes ganha forma de embalagem, que depois de cumprir a sua função junto do consumidor, se separada para reciclagem, volta a entrar no forno, para dar origem a uma nova embalagem.
A indústria vidreira enfrenta assim inúmeros desafios, desde a procura constante de soluções de eficiência energética à redução da sua pegada carbónica, ou à redução de resíduos e emissão de outros gases, entre outros. Mas nem mesmo estes dois últimos anos de crise pandémica foram impedimento ao progresso e desenvolvimento nos tópicos de sustentabilidade, inovação, segurança e bem-estar dos trabalhadores.
O processo produtivo das embalagens de vidro, com um consumo intensivo de energia, obriga as empresas a uma procura permanente de soluções que garantam uma melhor eficiência energética, como é o caso da utilização das energias renováveis e dos investimentos feitos nas chamadas tecnologias limpas. Com a substituição gradual do fuel pelo gás natural (a partir de 2000, até 2008), foi possível ao Sector uma redução no consumo energético específico de 24% (2020 vs 1998).
A descarbonização deste sector industrial passa essencialmente pela energia utilizada, onde a substituição da utilização de energia fóssil por energia de fontes renováveis, consegue uma redução da emissão de carbono na combustão e pelas matérias-primas, ao conseguir uma maior incorporação de resíduos de embalagens de Vidro (casco) no processo produtivo, o que permite uma emissão nula de carbono no processo.
Para chegar à neutralidade carbónica são necessários avanços tecnológicos e, em alguns casos, verdadeiras disrupções. A maior delas terá que ocorrer na tecnologia dos fornos, hoje a maior fonte de emissões carbónicas. O desenvolvimento de Fornos Híbridos, em que o duo gás natural e electricidade se inverte, permitindo utilizar electricidade até 80% será conseguido brevemente, e permitirá reduzir a maior parcela de CO2 emitido.
A redução do peso das garrafas e frascos, para produzir embalagens mais leves e amigas do ambiente (Lightweighting), continua a ser uma das grandes alavancas que contribui para a redução da pegada carbónica e faz parte da rotina de todos os projectos de desenvolvimento de novas embalagens. O grande desafio é produzir embalagens mais leves (através de eco design e melhoria do processo produtivo), mas também mais resistentes, sempre em estreita colaboração com o cliente, para assim conseguir responder às necessidades dos consumidores.
Na vertente das matérias-primas, o vidro reciclado (casco de vidro) não é desperdício, nem a reciclagem uma “obrigação” para a indústria vidreira, mas sim um recurso precioso para substituir as matérias-primas naturais e uma forma de reduzir o consumo energético e as suas emissões associadas. A incorporação deste vidro no processo produtivo, por cada tonelada, permite reduzir em 12% as emissões do processo e poupar 2,5% na energia consumida, por cada 10% a mais de casco usado. Em Portugal a incorporação de casco na produção de novas embalagens está nos 50%, mas poderia ser muito superior se existisse uma maior quantidade disponível, uma vez que todas as embalagens de vidro colocadas no mercado, poderiam ser recicladas, se fossem recolhidas.
A embalagem de vidro é 100% reciclável, infinitamente reciclável num ciclo fechado e sem perder nenhuma propriedade ou matéria constituinte ao longo da sua circularidade, em que a embalagem volta a ser embalagem, sem perda de propriedades. O Vidro é um material permanente, e associado ao facto de ser um material inerte, é perfeitamente adequado para embalar alimentos e bebidas, não importa quantas vezes seja reciclado.
É assim da maior importância concentrar todos os esforços na recolha para reciclagem, das embalagens de vidro em Portugal e, para isso, é necessária a ajuda de todos. Enquadrado com 2022 ser o Ano Internacional do Vidro e da necessidade deste recurso, nasce a “Plataforma Vidro+”, uma iniciativa de colaboração e ação, para acelerar a reciclagem deste material de embalagem, num compromisso de todos os agentes da cadeia de valor do vidro de embalagem, que atuam no mercado nacional.
O Vidro+ é o Plano de Ação português, do projeto europeu “Close the Glass Loop”, movimento que reúne diferentes organizações da cadeia de valor das embalagens de vidro, com o objetivo de recolher 90% destas embalagens colocadas no mercado até 2030, numa resposta pró-ativa às novas metas de reciclagem: 75% até 2030.
Este objetivo europeu, foi definido com estratégias de abordagem distintas por país e de acordo com a sua realidade, o que leva à necessidade de um relacionamento direto com os parceiros locais, para a definição dos Planos de Acão nacionais. Em Portugal, é a AIVE que promoverá o aumento da recolha das embalagens de vidro para reciclagem, através da plataforma Vidro+, coordenada pela Associação Smart Waste Portugal.
Os desafios são vários, desde a redução do impacto das embalagens de vidro usadas no ambiente, o correcto funcionamento do mercado interno, num equilíbrio económico-ambiental, o foco na recolha das embalagens de vidro do canal Horeca, sem descurar o potencial no consumo doméstico, a optimização da incorporação do casco de vidro na produção de novas embalagens até à promoção de ações de sensibilização e informação tanto ao nível do canal Horeca, como dos retalhistas e consumidores.
Num País onde a produção de embalagens de vidro, é quase quatro vezes superior às suas necessidades em termos de consumo – em Portugal são produzidas anualmente cerca de um milhão e 500 mil toneladas de vidro de embalagem e o consumo nacional ronda as 400 mil toneladas – a competitividade tem forçosamente de ser um dos seus factores diferenciadores. Só com um foco no fazer sempre melhor, uma procura constante de parcerias de inovação e uma orientação para o cliente, permite o crescimento de forma sustentada das empresas em Portugal.
Todas as fábricas portuguesas utilizam assim as melhores técnicas para o fabrico do vidro de embalagem, podendo mesmo dizer que o sector se encontra na vanguarda tecnológica. Hoje é possível encontrar uma garrafa produzida em Portugal, em qualquer uma das grandes empresas multinacionais europeias, do sector da alimentação. Quando um qualquer embalador multinacional dá preferência, à embalagem de vidro para embalar os seus produtos, sabe que a qualidade do seu produto junto do consumidor final, nunca irá ser posta em causa.

Este texto foi escrito com o antigo acordo ortográfico