Início Atualidade LNEG: Construir um futuro mais limpo e melhor

LNEG: Construir um futuro mais limpo e melhor

0
LNEG: Construir um futuro mais limpo e melhor

O Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) é uma instituição de I&D orientada para responder às necessidades da sociedade e das empresas, apostando numa investigação sustentável e para a sustentabilidade através da geração do conhecimento do nosso território. A par do que se faz internacionalmente, o que tem vindo a tornar este player fundamental para o alavancar da economia nacional?
A actividade do LNEG está orientada para responder às necessidades da sociedade e das orientações de política. Em permanente actualização com o que de mais relevante acontece internacionalmente em particular na Comissão Europeia, o LNEG procura organizar o conhecimento interno de forma a optimizar as competências na resposta aos desafios societais. Temos uma preocupação de permanente estado de prontidão que garanta respostas expeditas, enquanto especialistas independentes munidos de elevado sentido de dever e interesse público. Para este desígnio muito contribui a nossa capacidade de trabalhar em rede e estarmos sempre a par do que de melhor se faz no mundo através da partilha do conhecimento. Fizemos um investimento de longo prazo, ao apostar na participação em redes de conhecimento internacional. Para isso, colaboramos na construção da “European Energy Research Alliance” (EERA), pilar para a investigação do “Strategic Energy Technologies Plan” (SET PLAN). Somos membros da EuroGeoSurveys (EGS) assumindo responsabilidades a vários níveis. Temos vindo a trabalhar de forma muito ativa na ASGMI, Associação dos Serviços Geológicos dos Países Ibero-americanos. Somos membros da direção da “European Sustainable Energy Innovation Alliance” (ESEIA), fazemos parte de vários grupos de trabalho na Agência Internacional de Energia (AIE), somos parte do “Expert Group on Resource Management” das Nações Unidas. Ao nível nacional, mantemos colaborações com os nossos congéneres e Universidades. Participamos em vários Laboratórios Colaborativos “Colab” (o Bioref que coordenamos, o eColab, o HyLab e o GreenCoLab), Clusters temáticos e em formação avançada através de protocolos com Universidades. Ao nível mais geral, junto da sociedade, nomeadamente do tecido mais jovem, temos interação com escolas e ações no quadro da divulgação de ciência, nomeadamente no programa Ciência Viva, para além da informação disponível no Portal. Apostamos na formação quer participando em projectos que visam criar competências que ainda não existem quer através do acolhimento de estagiários que vêm das Universidades. Somos orientados para objetivos através da monitorização da atividade de forma sistemática e auditável. De realçar que a certificação pela NP 4457, adquirida no final de 2014 e revista em 2020, permite estruturar o pensamento e sistematizar a nossa atividade principal, que é desenvolver conhecimento, desde a discussão de ideias até à capacidade de o transferir.

O LNEG tem como lema “Construir um futuro mais limpo e melhor”. Assim, contribui de forma independente para o desenvolvimento económico e melhoria da qualidade de vida, tendo como principal visão a descarbonização. Neste sentido, que projetos têm sido realizados?
O nosso lema “Construir um futuro mais limpo e melhor” pretende explicar de forma simples como nos posicionamos em termos dos objectivos que trabalhamos para atingir. Organizamos a nossa actividade em função das competências existentes, identificamos necessidades de desenvolvimento e de re-organização numa postura de muita flexibilidade. Avaliamos os nossos resultados desde a candidatura até aos entregáveis em função dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Saliento os projectos de apoio à indústria na área do Hidrogénio, tendo participado na Estratégia Nacional para o Hidrogénio e agora, como referi, enquanto membros do laboratório colaborativo HyLab, e na criação de competências para a Economia Circular em parceria com o governo dos Países Baixos.

Desde longa data que o LNEG tem uma relação estreita com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), podendo, assim, contribuir para que estas relações cresçam e emirjam novas oportunidades. De que forma a instituição tem colaborado, através da área da Geologia, com o espaço Lusófono?
É verdade, desde longa data temos uma boa relação com os países da CPLP. A colaboração que remonta ao tempo colonial verifica-se ao nível da exploração do conhecimento dos territórios, mas também na profissionalização das instituições dos Estados e da formação. Neste momento temos a decorrer um importante projecto em Angola que visa munir este país com ferramentas para o seu desenvolvimento. Trata-se da cartografia geológica de Angola, conhecimento fundamental para o desenvolvimento do país em termos do seu ordenamento do território e do conhecimento dos seus recursos naturais. Mas a nossa colaboração não se esgota neste importante projecto, temos estreitas relações e colaboração com os Serviços Geológicos de Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e até mesmo Timor.

Há (quase) dois anos que atravessamos a pandemia da Covid-19 e, o mundo como o conhecíamos anteriormente, deixou de existir. De que forma estas relações bilaterais na CPLP se têm unido neste contexto e, em que medida se têm fortalecido, promovendo uma dinâmica forte na inovação, na formação e na internacionalização?
Felizmente a pandemia nos países africanos não tem tido a expressão que tem no resto do mundo, por enquanto. Neste sentido tem sido possível continuar a trabalhar, cumprindo obviamente todas as restrições sanitárias internacionais. Por exemplo, durante 2021, cumprimos rigorosamente o plano de trabalhos previstos em Angola e conseguimos concluir a componente de geologia no tempo previsto e com avaliação externa independente muito positiva.

No que diz respeito à economia descarbonizada – uma das principais missões do LNEG -, considera que a CPLP é, ou poderá ser, um forte impulsionador de um modelo sustentável? Na sua perspetiva, a partilha é a chave para a concretização deste fim?
África é um continente com um enorme potencial. É em África onde maioritariamente os países da CPLP estão. Há um caminho a percorrer que pode aproveitar dos erros e dos sucessos dos países mais desenvolvidos e acelerar o caminho para a descarbonização. É pela potenciação da experiência em prol de medidas urgentes para ajudar estes países, com população muito jovem, que a nossa responsabilidade nos deve orientar. À nossa escala, é o que estamos a fazer. A partilha é a chave do sucesso e é nossa obrigação trabalhar e partilhar o que é o nosso saber e saber fazer com os nossos parceiros da CPLP. É o que temos feito nomeadamente em Angola, Moçambique, Guiné e Cabo Verde através de projetos no domínio da Energia e Geologia. O LNEG tem sempre em mente que o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável 17 é relativo à elaboração de boas parcerias. É desta forma que no seio da “European Energy Research Alliance” estamos e procurar o caminho para o estreitamento de colaboração com África e eventualmente a constituição de uma “African Energy Research Alliance”.

Para os próximos meses, o que continuará a ser realizado pelo LNEG no desenvolvimento tecnológico de Portugal, potenciando o estabelecimento de novas parcerias nacionais e internacionais?
Continuaremos a trabalhar para sermos relevantes junto dos nossos parceiros e continuaremos a trabalhar, desenvolvendo conhecimento para a construção de soluções para uma sociedade descarbonizada, justa e inclusiva.

 

Quais serão os grandes desafios que 2022 trará à temática da sustentabilidade, nomeadamente na CPLP?
Conseguir desenvolver projectos, em linha com os ODS. Contribuir para um financiamento mais sustentável trazendo de forma natural este sector para a Sustentabilidade. Nesta perspectiva estamos a introduzir na nossa forma de trabalhar a metodologia da “United Nations Resource Management Systems” (UNRMS). Esta metodologia baseia-se em princípios:

  • Garantir os direitos e as responsabilidades no uso dos recursos
  • Responsabilidade para com o Planeta
  • Gestão integrada e indivisível dos recursos
  • Contrato social com os Recursos naturais
  • Orientação para o serviço
  • Recuperação compreensiva dos recursos
  • Circularidade
  • Saúde e segurança
  • Inovação
  • Transparência
  • Contínuo fortalecimento de competências e conhecimento

Estes princípios serão a base para um trabalho que pretende harmonizar, criando uma taxonomia comum, as acções dos países da Nações Unidas.

Nota: A autora não usa o novo acordo ortográfico.