Início Atualidade “A Pandemia fez aumentar o nosso Foco na Sustentabilidade”

“A Pandemia fez aumentar o nosso Foco na Sustentabilidade”

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“A Pandemia fez aumentar o nosso Foco na Sustentabilidade”

A UniMark nasce em 1996 como uma cooperativa de grossistas e retalhistas de produtos de grande consumo que se fundem com o propósito de aumentar os níveis de eficiência e eficácia empresarial. Atualmente agrupa já 22 empresas e mais de 1000 supermercados associados. Assim, enquanto Diretora Executiva, como nos descreve a evolução e os valores que a marca apresenta e que têm contribuído para o seu bom posicionamento ano após ano?
Através da partilha da informação negocial e da integração das suas encomendas e ações promocionais aquisitivas, as empresas associadas, na Unimark, têm caminhado e evoluído no sentido de combater as desigualdades de condições de compra existentes no mercado, fruto do grande poder e da pressão negocial das grandes cadeias. Também a troca de conhecimentos e experiências diversas de cada um, o juntar as sinergias, tem contribuído para melhorar o seu posicionamento, sendo, também, uma das grandes mais-valias oferecidas pela Unimark aos seus associados.

A principal missão da Unimark prende-se com a confiança e inovação. Apoia, portanto, desde o pequeno ao grande comerciante, unindo interesses e potencialidades que o tornem mais competitivo. Qual é, para si, o fator-chave no setor alimentar, que fomenta a competitividade?
O consumidor atual é um cliente exigente, informado e mais do que nunca preocupado e envolvido com o ambiente, pelo que, a oferta tem de ir ao encontro das suas exigências. Rastreabilidade é, pois, um fator a ter em conta. Qualidade apenas já não é um fator diferenciador, querem saber exatamente o que estão a consumir, e a falta de informação, por vezes, pode afetar as vendas. Também o apoio a produtores locais, para além de ajudar no desenvolvimento da economia local, promove a oferta de produtos orgânicos, oferta cada vez mais procurada pelos consumidores portugueses. Por fim, mas não menos importante o adequar a oferta de cada estabelecimento à procura local, promove o negócio, diferencia e satisfaz o consumidor final. Devido à concorrência crescente entre mercados, inovar e ser criativo, são dois fatores fundamentais para o sucesso de qualquer empresa.

Para além de Diretora Executiva da Unimark, acumula ainda a função de Diretora da Sociedade “Aqui é Fresco”, a maior rede de retalho de proximidade em Portugal. Sendo uma sociedade posicionada como um dos grandes dinamizadores do comércio no nosso país, que importância tem, para a Carla Esteves, ser Diretora da mesma? O que diferencia a “Aqui é Fresco” das restantes no mercado?
Para além do que refere, acumulo ainda funções de direção na Adipa, o que me permite ter acesso a informação facilitadora para o negócio da Unimark e Aqui é Fresco, mas respondendo diretamente à sua questão, estamos neste mercado para servir e ajudar, pequenos, médios e grandes empresários a fazer do comércio de proximidade, muito mais do que um simples ato de vender. A união de vários associados permitiu-nos criar estrutura, dimensão e poder negocial, para junto dos nossos fornecedores parceiros, conseguir negociar os melhores preços. A par disso, o atendimento ímpar e de qualidade, que faz parte do ADN da rede de lojas AEF, é também um fator diferenciador. A relação de confiança criada, permite-nos dizer, com segurança, que o Cliente é um amigo! É, também, isso que nos distingue dos restantes operadores!

A pandemia que ainda atravessamos obrigou a que vários objetivos no seio das empresas tivessem que ser reformulados. Que impacto teve a Covid-19 para a Unimark? O que mudou?
O “Novo Consumo” obrigou-nos a reagir, e a concentrar esforços na gestão da resiliência e construção da recuperação, tornando-se imperativo identificar o que é relevante para os clientes, e adotar as medidas necessárias. Foi um “regresso ao passado” que permitiu fazer face, de forma inequívoca, aos prazos mais dilatados que as lojas alimentares online chegaram a praticar no pico da pandemia. A entrega no conforto do nosso lar, em curto espaço de tempo, traduziu-se numa grande vantagem, especialmente para os grupos considerados de risco. Foi imenso o “terreno” que conseguimos ganhar nas muitas comunidades onde nos fazemos representar, quando mais as populações locais de si necessitaram. Consideramos que o maior desafio que o setor da distribuição alimentar terá de enfrentar, nos próximos anos em Portugal, será ativar fortemente o online, ajustar sortidos existentes e estar atento às mudanças da era pós-Covid-19, pois estas mudanças vieram para ficar. Temos, no entanto, perfeita consciência de que os recursos humanos são, e serão sempre, a nossa mais-valia e uma parte fundamental da nossa cadeia de logística.

Sabemos que cada vez mais o futuro é do digital, um conceito que a pandemia veio enraizar na sociedade e principalmente nas empresas. Acredita que esta transformação digital é um contributo diferenciador para a Unimark? O comércio online é uma realidade para a marca?
Encaramos o online como um canal complementar para a venda. O facto de sermos considerados “tradicionais”, não quer dizer que não possamos abraçar a mudança e elencar um conjunto de vantagens para os nossos consumidores e aderentes, ao abrigo das mais inovadoras ferramentas tecnológicas. A aposta no meio digital, sem perder a identidade, permitiu a 15 dos nossos associados lançar um cartão de fidelização de consumidores da insígnia “Aqui é Fresco”, que veio trazer vantagens competitivas aos nossos aderentes, nomeadamente um novo website, mais moderno e apelativo. Com as restrições provocadas pela pandemia, substituímos a Convenção Anual presencial, que envolvia cerca de 1500 pessoas, por uma convenção digital – a primeira na história do retalho alimentar português. Com 80 stands virtuais de fornecedores da indústria, os 700 comerciantes da rede puderam fazer compras e beneficiar das propostas promocionais. Em 2020 superámos as expectativas e em 2021 realizámos as devidas melhorias, quer em termos de organização quer em resultados comerciais. Dito isto, queremos que os comerciantes independentes de pequena e média dimensão estejam nos vários canais enquanto atributos de complemento às nossas lojas físicas. Atualmente temos já retalhistas com capacidade de cumprir as encomendas online, de forma flexível, eficiente e rentável. Estamos, pois, a acompanhar o inevitável crescimento do online, mas sem nunca esquecer o fator humano, caraterística diferenciadora da nossa forma de estar neste mercado.

Certo é, que esta é uma marca que garante apostar num crescimento com consciência e sustentado. Num período que exige a necessidade de retomar o nosso país, quão importante é apostar em valores como a sustentabilidade?
Sempre foi uma preocupação nossa. Acreditamos, no entanto, que a pandemia fez aumentar o nosso foco na sustentabilidade. A consciencialização para a escassez dos recursos naturais tornou-nos mais cautelosos e tudo nos leva a acreditar que, terminada esta fase, a maioria de nós continue a preferir marcas que mostrem compromisso com a comunidade e com um futuro mais sustentável. Seja na formulação do produto em si, ou na forma como se apresenta ao consumidor, com menor presença de plástico e com maior preocupação em incorporar elementos recicláveis.

Neste sentido, no seio da Unimark quais os maiores desafios e oportunidades que a Transição Digital e a Sustentabilidade acarretam? Acredita que é um processo que trará “frutos” a médio e longo prazo?
O plano de recuperação da EU, assenta nestes dois pilares: a Transição Digital e a Sustentabilidade. Sempre estivemos comprometidos nesta matéria e assim vamos continuar. No entanto, apesar da crescente transição digital do mercado, o modelo físico do comércio de proximidade não será abandonado. Muito pelo contrário. A mudança é inevitável, e o futuro aparenta caminhar para o surgimento de um sistema misto de canais, com vista à otimização deste negócio. Ainda assim, e por muitas vantagens que tenha associadas, o comércio eletrónico não vai acabar com tudo o que já existe e conhecemos. Curiosamente, no desenrolar da evolução do comércio digital, o papel da loja física será ainda mais preponderante, com os consumidores que optam pelo online a demonstrar mais confiança quando um determinado operador tem uma loja física aberta. Confiamos naquilo que vemos, é a natureza humana. A capilaridade dos players do mercado e a cobertura geográfica são, portanto, elementos fundamentais para enfrentar, e integrar, esses desafios na atividade quotidiana deste setor. A pandemia fez igualmente aumentar o nosso foco na sustentabilidade. Estamos, por isso, também atentos e comprometidos em continuar a fazer o nosso melhor, em prol, também, do ambiente. Também a otimização das cadeias logísticas, a gestão sustentável dos recursos, com opções de compra mais amigas do ambiente, combate ao desperdício alimentar, vão continuar a fazer parte na nossa estratégia. Por não existir “Planeta B”, este só pode ser o caminho a seguir para este setor de atividade.

A terminar, como perspetiva o futuro da Unimark e da Sociedade “Aqui é Fresco”, neste novo ano que agora inicia?
Vai ser um ano extremamente desafiante. Ao longo do ano 2022 vamos assistir a aumentos de preços por parte dos fornecedores, possível escassez de algumas matérias primas. No entanto, prevemos que será mais um ano promissor para ambas as empresas. Vamos continuar a trabalhar em prol de continuar a ter um serviço de excelência aos nossos clientes, associados e fornecedores parceiros.