Início Atualidade “Somos um Ponto de Encontro dos temas Decisivos e Mobilizadores da Transformação para o Digital”

“Somos um Ponto de Encontro dos temas Decisivos e Mobilizadores da Transformação para o Digital”

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“Somos um Ponto de Encontro dos temas Decisivos e Mobilizadores da Transformação para o Digital”

A APDC nasce em 1984 com o propósito de promover o convívio entre os profissionais na área da comunicação. Com cerca de 38 anos de história, como nos pode descrever a evolução desta instituição?
Ao longo dos seus 38 anos de vida, a APDC tem vindo a ajustar-se às profundas e sucessivas transformações que o mercado das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e media, registou e vai continuar a registar. Se em 1984, quando a Associação foi criada, se viviam tempos de monopólio, com operadores de telecomunicações públicos que dividiam entre si o mercado, não existiam redes móveis nem internet e as comunicações de dados estavam a dar os primeiros passos, com velocidades de transmissão muito baixas, hoje vivemos num mundo cada vez mais digital e disruptivo, onde tudo e todos estão à distância de um clique. Com o espírito pioneiro, inovador e empreendedor que sempre caracterizou este mercado e a própria Associação, soubemos sempre acompanhar e fazer a diferença, debatendo todos os temas que têm marcado esta cada vez mais acelerada evolução do setor, mas também da economia e da sociedade como um todo. Desde sempre reunimos no seio da APDC os profissionais e as empresas que fazem deste setor o que ele é hoje: uma alavanca fundamental para o presente e futuro das empresas, das organizações, das pessoas e do Estado. A Associação sempre se assumiu como um fórum, um espaço de troca de ideias e de pontos de vista, congregando empresas concorrentes em torno do debate e reflexão dos temas e problemas comuns e procurando novos caminhos e formas de atuação. Somos um ponto de encontro dos temas decisivos e mobilizadores da transformação para o digital, envolvendo todos os stakeholders e marcando a agenda de uma indústria que cada vez mais horizontal e crítica. Considerando as TIC um indutor de modernidade e de competitividade da economia e um exemplo de inovação, a Associação tem ainda vindo a promover a criação de iniciativas que promovem e potenciam o ecossistema, centrando-se agora e cada vez mais, nos temas ligados à revolução digital, acelerados ainda mais pela pandemia de Covid-19.

A contar já com um longo caminho percorrido, e com um mundo em constante mudança, de que forma a APDC se tem vindo a adaptar às novas realidades?
Como já foi referido na resposta anterior, sendo a APDC a plataforma das TIC e Media para o debate dos temas do digital, sempre tivemos como missão responder e dar voz às preocupações e necessidades dos nossos Associados. Estes são os profissionais e empresas que estão a trabalhar ativamente no mercado e que, num panorama cada vez mais imprevisível e disruptivo, precisam de refletir sobre o presente e antecipar o futuro. Vivemos de e para os players deste setor, num mundo onde os temas do digital têm vindo a impactar cada vez mais a vida de todos. Porque a nossa missão passou sempre por antecipar o futuro, soubemos sempre evoluir nesse sentido.

Sabemos que a aposta nas redes de nova geração e tantas outras que simbolizam o progresso das comunicações em Portugal e no mundo, é um dos maiores focos da APDC. Assim, enquanto Diretora Executiva, que importância tem esta contínua ligação à inovação?
O setor das TIC, aliás como os demais setores de atividade, tem que apostar cada vez mais na inovação, porque vivemos num mundo global onde o futuro só se garante com maior criação de valor, diferenciação, soluções à medida, estratégias certas e operações rentáveis. Tudo isto só se consegue garantir através da utilização, que terá de ser cada vez mais massiva, das ferramentas e das soluções tecnológicas adequadas. O nosso setor e as nossas empresas sempre souberam responder e até antecipar as necessidades do mercado, apresentando múltiplas soluções à medida, que permitem a todos os setores evoluírem e reajustarem-se a uma realidade que está em mudança acelerada. Não só dispomos das redes de comunicações mais avançadas da Europa, quer fixas quer móveis, como temos players nas TIC com capacidade de transformar os negócios através da tecnologia. Não é por acaso que Portugal continua a captar cada vez mais centros de competência de excelência, de base tecnológica, de grandes grupos mundiais que aqui investem. Temos um ambiente inovador e empreendedor de exceção e temos talento de grande qualidade. Agora, é saber tirar partido dos fundos estruturais que já estamos a receber, nomeadamente do PRR, do PT 2020 e do futuro PT 2030, para garantir uma transformação estrutural e sustentada da nossa economia e da nossa sociedade.

“A APDC assume-se como plataforma de debate e reflexão de todos os temas decisivos e mobilizadores da transformação para o digital”. Que trabalho tem vindo a ser feito neste sentido da transição digital a que cada vez mais assistimos?
Se a transformação para o digital já era um caminho obrigatório antes da pandemia, desde há dois anos que se assume como absolutamente urgente e essencial, para as pessoas e para as organizações. Vivemos uma revolução digital sem paralelo, em intensidade e velocidade, que vai continuar a definir a vida das empresas e dos negócios. Porque nos assumimos como um parceiro ativo das empresas nossas Associadas, temos vindo a promover um vasto conjunto de iniciativas que lhes dão voz e respondem às suas preocupações nas mais variadas áreas. Nomeadamente, realizamos eventos para promover o debate e a reflexão sobre os temas do digital mais relevantes e damos eco das preocupações dos nossos Associados junto dos decisores políticos. Sendo o talento à medida das necessidades das empresas um problema crescente, à medida que se aprofunda a digitalização, apostámos mais recentemente em programas de requalificação e qualificação profissional em tecnologias digitais. O Programa UPskill – Digital Skills & Jobs, que resultou de uma parceria da APDC com o IEFP e a Academia, foi lançado poucos dias antes de ser declarada a pandemia em Portugal, em março de 2020, e já contribuiu para a formação de muitos recursos, sendo que a maioria foi contratada pelas empresas envolvidas. Contribuímos desta forma para dar resposta à falta de talento qualificado nas empresas e, em paralelo, para a requalificação de pessoas para áreas de enorme procura. Desde o seu arranque, em março de 2020, o UPskill já lançou uma 1ª edição, nesse ano, abrangendo 340 formandos e tem em curso agora a 2ª edição, que arrancou em 2021 e decorre por ciclos de candidatura, de acordo com as necessidades de recursos qualificados identificadas pelas empresas. O número de recursos pretendidos pelas empresas nesta 2ª edição já ultrapassa os 1000 e o Programa já disponibilizou mais de 850 vagas nesta 2ª edição que está a decorrer. Em paralelo, assinámos um Memorando de Entendimento com o IEFP, com vista à criação de um Centro de Gestão Participada para Formação Especializada na área Digital, uma medida prevista no PRR. A APDC tem também a seu cargo, desde abril do ano passado, a responsabilidade de gerir a atribuição de 5.000 certificados profissionais da Google, em Portugal, em resultado de uma colaboração com a Google, que conta com o apoio do IEFP e da Fundação da Juventude. O interesse nestas certificações profissionais foi enorme e registámos mais de 16 mil candidatos. Temos igualmente promovido iniciativas como o Digital with Purpose, que foi lançado a nível mundial na Web Summit, em 2021. A APDC foi uma das primeiras organizações portuguesas a juntar-se a este movimento mundial, que une entidades públicas, privadas e organizações não governamentais com o objetivo de criar valor empresarial através da aceleração do poder de utilização da tecnologia digital, para cumprir o Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, minimizando externalidades negativas que possam surgir. Consideramos que é fundamental combinar a competitividade e o crescimento económico, potenciado pela tecnologia, com valores e compromissos orientados que garantam um crescimento sustentável.

Sendo transversal a todas as áreas de atividade, a transformação digital trouxe consigo inúmeras vantagens. Para a Sandra Almeida, enquanto Diretora Executiva da APDC, qual é a relação que existe entre um serviço bem-sucedido e eficiente e a digitalização?
Para todos nós – consumidores e fornecedores, sem exceção, termos um serviço bem-sucedido e eficiente depende em muito do seu nível de digitalização. Claro que é preciso definir a estratégia certa de negócio, ter uma estrutura organizacional eficiente e com capacidade de resposta, ter talento à altura das necessidades, ter uma cadeia de valor adequada… Mas hoje, quase sem exceção, todas as ofertas têm imperativamente de ter uma componente digital, numa realidade que foi amplificada exponencialmente pela pandemia, que ainda vivemos neste momento, e que nos levou a todos a usar de forma muito mais intensiva os meios digitais para trabalhar, para estudar, para comunicar, para socializar, para fazer compras, para fazer negócios… Hoje, não vivemos sem o digital.

Vivemos há já dois anos um acumular de momentos excecionais provocados pela Covid-19. No seio da APDC, em que medida esta pandemia foi uma porta aberta de oportunidades para a revolução do digital?
Desde março de 2020, a APDC, tal como todas as organizações, tem vivido uma situação verdadeiramente inédita e sem precedentes, na sequência da pandemia de Covid-19. Nesse mesmo ano, depois de aprovarmos o Plano de Atividades, tivemos de apostar na sua redefinição e numa nova estratégia, assente quase integralmente no digital, que foi aprofundada em 2021. Também no nosso caso estamos a aproveitar todas as oportunidades da revolução para o digital, uma vez que passámos a realizar iniciativas apenas online para dar visibilidade ao papel das TIC ao serviço das pessoas, da sociedade e da economia. Apostámos em múltiplos formatos de eventos virtuais, inseridos em vários ciclos distintos, desde o ‘Covid-19 Digital Reply,’ para mostrar como é que as TIC e Media estavam a dar resposta à conjuntura pandémica; aos ‘Webmornings’ sobre os temas da atualidade; até às ‘Talkcommunications’, centradas num tema também ele disruptivo, “O Futuro com 5G”. Até os nossos jantares-debate com personalidades do setor e da economia passaram a assumir um formato digital, que chamámos ‘Point of Preview’. Para fazer chegar a informação mais longe, reformámos ainda a aposta na nossa presença nas plataformas digitais, nomeadamente no YouTube, além do Facebook, LinkedIn, Instagram, Twitter e Flickr. Também a nossa revista, a “Comunicações”, assumiu um formato apenas digital, descontinuando-se desta forma a versão em papel provisoriamente. Ainda antes de estarmos todos atentos ao Metaverso, criámos uma nova Secção na APDC dedicada à Realidade Virtual e Aumentada (RV/RA) em maio de 2020, passando a integrar para o nosso universo associativo, o capítulo nacional da VRARA, a VRARA Portugal, que foi criado em 2017. A sua integração na APDC garantiu a continuidade das atividades que vinham sendo desenvolvidas no que respeita à promoção do ecossistema das tecnologias imersivas e veio potenciar novas iniciativas, de que é exemplo, o ‘Programa de Capacitação de Introdução à Realidade Aumentada e Realidade Virtual’ que estamos a organizar a pedido da AICEP. Decidimos adiar a realização do nosso congresso anual em 2020 mesmo antes da chegada da pandemia porque tínhamos intenção de reposicionar este evento para o primeiro trimestre do ano. Assim, o ano passado realizámos pela primeira vez o congresso em formato híbrido e foi um sucesso, reconhecido como um dos nossos melhores congressos. O facto de termos podido convidar oradores e participantes localizados em qualquer geografia acessível digitalmente, permitiu-nos ter vários oradores de renome e com agendas difíceis, bem como, registarmos participantes oriundos de vários países. Tem sido uma profunda transformação, que não vai certamente ficar por aqui. Estamos em constante transformação.

O conceito do Mandato 2019-2021 era dedicado ao “Futuro dos Negócios” e ao “Futuro da Governação e da Cidadania”, com um quadro de aprofundamento da transformação digital. Em 2022, quais são as metas delineadas a médio e longo prazo pela APDC?
O atual mandato da APDC, de 2019-2021, está prestes a terminar. No final de março, na nossa Assembleia Geral anual, vamos realizar eleições para um novo triénio, sendo que as listas candidatas terão que ser apresentadas até 1 de março. Mas, tendo em conta a história da APDC e a sua evolução, enquanto Associação de referência no panorama nacional, os órgãos sociais deverão adotar uma estratégia de continuidade do trabalho que está em curso. Temos vários projetos em desenvolvimento, outros em criação (como o Centro de Formação na área Digital já referido) e a ambição de mudança de instalações em 2022. Temos uma história de constante reinvenção do nosso papel e não tenho dúvidas de que se acelerará, porque o futuro de tudo e todos será cada vez mais digital e assente em tecnologias mais e mais disruptivas. Criar ecossistemas e parcerias cada vez mais fortes, com crescente colaboração e cooperação entre todos, assume-se como o caminho para diferenciar e posicionar Portugal no xadrez mundial.