Segundo a ACAP, no primeiro mês do ano foram matriculados 381 camiões em Portugal – mais 38 do que no mês homólogo de 2021 – tendo a Mercedes-Benz registado 76, crescendo assim 33,3%.
Em sentido inverso está a DAF, que teve agora o pior resultado relativo, representado por uma quebra de 52%, com apenas 24 matrículas, apenas à frente da Fuso – com 9 matrículas – e a Isuzu – com 18. Lembre-se que esta foi a marca mais vendida em Portugal no ano de 2020, tendo sido a segunda mais vendida no ano de 2019.
No topo das vendas de janeiro, depois da Mercedes-Benz, ficou a Volvo com 64 matrículas (com um crescimento de 4,9%) e a Iveco com 55 matrículas. Esta última teve um crescimento de 205,6%. Em janeiro de 2022 a Ford fez 34 vendas, a Renault 31 inscreveu 31 matrículas e a MAN 26. Percentualmente, significa isto que a Ford realizou mais 41,7% de vendas, a Renault mais 47,6% e a MAN menos 33,3% do que no período transato.
Também nos autocarros a marca germânica dominou, vendendo mais unidades (12) do que a MAN (10) e a Volvo (9). Lembre-se que também no mercado dos usados é possível recorrer à qualidade dos irmãos mais pesados da família alemã: os camiões Mercedes dos principais revendedores podem ser encontrados na Truck 1.
Esta subida nas vendas indica o reanimar de um mercado e que os transportes estão de volta depois de um ano difícil para todos. E qual é, afinal, o peso dos pesados?
Transportes: os desafios do setor
Segundo indica o Jornal de Negócios, analisando os dados estatísticos do PorData, o setor dos transportes e da logística representa cerca de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) português.
O setor é importante pela tipologia do serviço prestado e pelo volume de negócio movimentado, que é referente ao valor da mercadoria transportada.
Apesar das quebras acentuadas motivadas pela pandemia da COVID-19, as perspetivas apontam para que o setor continue firme na sua importância.
Para tal, é preciso que as infraestruturas se vão adequando aos desafios logísticos do presente – que são muitos – assegurando uma gestão eficiente dos transportadores e apostando na segurança de produtos – e passageiros.
Da mesma forma, é preciso inscrever novas dinâmicas no setor, apostado em tecnologia e emprego qualificado. A qualidade da frota também é indispensável.
Dados
Os dados que evidenciam a importância dos transportes – e, portanto, da frota que que os suporta – são claros.
A logística externa representa 5,7 % do Valor Acumulado Bruto (VAB) da economia nacional, cerca de 14,7 mil milhões de euros de volume de faturação, com mais de 11.000 empresas e 2,8% do emprego total nacional.
Os dados são referidos por Afonso Jubert Almeida, Vice-Presidente da APLOG, no artigo acima referido, onde se indica também que na economia mundial este setor representa mais de 10% do VAB, apesar de em Portugal esse valor ser menor – embora em tendência crescente.
Perspetivas de futuro
É do contexto atual que se perspetiva o futuro. E esse contexto tem uma marca clara: a sombra da COVID-19. A pandemia foi disruptiva para o setor dos transportes e logística.
À escassez de camiões, motoristas, energia, acresceu-se à escassez de contentores e navios. Resultado? O aumento dos custos das matérias-primas e produtos acabados.
Um problema agravado com a posição periférica do país face aos seus concorrentes. Apesar disso, há uma esperança: o mar, como sempre. O artigo refere – citando a ONE – que a posição geoestratégica do país nas principais rotas marítimas internacionais não tem sido devidamente explorada.
Tendo em consideração que os principais portos do norte da Europa continuarão congestionados nos próximos tempos, pode aqui surgir uma oportunidade.
Beneficiar dessa posição resultará mais de uma visão estratégica de quem nos governa, dos executivos nacionais e das decisões europeias, do que propriamente do empreendedorismo individual de cada empresário neste momento.
Contudo, os números da compra de veículos pesados dizem-nos que estes estão animados com o regresso ao normal – ou com o novo normal.
O tempo dirá se esta tendência se traduzirá daqui um ano em mais vendas de veículos pesados, mais transportes, mais empresas, mais faturação, mais emprego e mais importância no PIB nacional. Se assim for, todos estaremos a ganhar.