High-Performance Teaming: Um Unicórnio em Contexto Organizacional?

Os desafios atuais que as empresas enfrentam exigem cada vez mais um trabalho de cooperação entre os seus colaboradores, no sentido de se dar resposta a problemas cada vez mais desafiantes. Assim, a formação de grupos de pessoas com competências diversas tem sido uma prática comum, implicando uma alteração da gestão dos recursos humanos e dos seus processos inerentes. Não obstante, um grupo é diferente do conceito de equipa. As organizações podem necessitar de grupos de advisory sobre um tema específico, grupos responsáveis pela tomada de decisão num contexto específico, sendo que o trabalho é desenvolvido por outros, ou até grupos que se juntam para se focarem numa tarefa específica, como alguns working-groups/Task-Forces.

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Face à crescente complexidade e mutabilidade dos mais variados contextos, são as estruturas baseadas em equipas que conseguem dar resposta a este cenário, através de soluções ágeis e criativas. Ao contrário dos grupos, as equipas têm um elevado potencial ao nível da adaptabilidade, produtividade e criatividade, através de abordagens compreensivas que possam trazer soluções nunca antes testadas para os problemas organizacionais. No entanto, o trabalho em equipa não acontece de um modo espontâneo e processos como o planeamento e a comunicação têm de ser trabalhados. Assim, podemos considerar a definição de equipa dos autores Katzenbach and Smith (1993), que consideram que equipa é um grupo relativamente reduzido de pessoas, que apresentam competências complementares entre si e estão comprometidas a um propósito comum, a um conjunto de objetivos de desempenho e a uma abordagem partilhada pela qual se consideram mutuamente accountable pela decisão e responsáveis pela execução. Esta abordagem comum inclui formas de comunicar que aumentam a aprendizagem, moral e alinhamento da equipa, com um envolvimento eficaz de todos os interlocutores da equipa.

Sabemos que as empresas atuais se deparam continuamente com um ambiente instável e turbulento, em que a mudança parece ser a única constante. Perante este desafio procuram-se novas formas de alavancar o sucesso da organização, as equipas devem ser capazes não só de mostrar e manter um elevado desempenho, mas precisam também de se ir ajustando e adaptando à mudança numa aprendizagem contínua de novas, e mais eficazes formas de desenvolverem o seu trabalho no sentido de procurar negócio acima das expectativas que os clientes das empresas valorizam em cada momento. Este contexto exige equipas de elevado desempenho, as chamadas High-Performance Teams (HPT).

As HPT e as suas características têm vindo a ser estudadas em variados contextos, desde o mundo desportivo, artístico e empresarial, apresentando fatores em comum, independentemente do contexto empresarial. Uma equipa de elevado desempenho, ou High-Performance Team (HPT) é uma equipa que entrega consistentemente resultados. É uma equipa que se sente confortável quando a tarefa é complexa, multifuncional e exige compromisso, qualidade, descoberta e criatividade. Quando o trabalho a implementar requer colaboração de outros e não sendo claro o processo de a realizar, exigindo uma permanente e rápida aprendizagem de modo a ter o uso mais eficaz dos seus conhecimentos. Vista de fora, uma HPT é uma equipa em que cada elemento faz a sua parte e estas encaixam perfeitamente umas nas outras como num puzzle. As pessoas estão comprometidas e motivadas, partilham o mesmo propósito, olham uns pelos outros e adquirem conhecimentos de forma evolutiva. Quando há uma crise ou um problema, discutem mas não se culpabilizam, humilham ou envergonham outros, e conseguem sempre entreajudar-se e procurar de forma incansável o seu sucesso. São equipas com agilidade mental que se adaptam à mudança e estão sempre a evoluir entregando frequentemente o que procuram.

Então, qual é o segredo destas equipas? Por que razão cinco pessoas numa sala podem não ser uma equipa? Há vários estudos que descrevem desde cinco a 15 atributos das HPT. Vamos focar-nos nas sete características fundamentais destas equipas: Propósito: Toda a equipa sabe para que existe, o seu ponto de partida e tem um propósito claro, partilhado por todos. Valores e Princípios: Os valores que regulam o modo como os membros da equipa se relacionam e operam são acordados entre todos e evoluem. A partir destes são criados princípios a respeitar e a coragem para cumpri-los. Cultura de compromisso: A equipa compromete-se e responde como um todo perante uma missão. Papéis e responsabilidades: Cada elemento da equipa sabe o seu papel, o que fazer e quando fazer na sequência do trabalho a ser feito e o que esperar dos outros a cada momento. Cada elemento tem a sua especialidade, mas ensina os outros para eliminar dependências. Comunicação eficaz: A informação circula dentro da equipa de forma a garantir que todos sabem o mesmo e partem dos mesmos dados para cada tarefa. Respeito e confiança são dois valores pilares da equipa. Existe segurança psicológica na equipa. Todos os elementos da equipa estão confortáveis em partilhar as suas ideias e sentem-se ouvidos. Os erros/falhas são discutidos abertamente sem culpabilização, mas no sentido da sua resolução e não repetição. Aqui falamos do erro inteligente! Decisões partilhadas: As decisões dentro da equipa são feitas tendo em conta a posição de todos e focadas no objetivo final da missão ou propósito, respeitando os valores e princípios acordados. A liderança é partilhada e toma uma postura de servidor procurando que sejam unidos pela conquista do propósito que lhes deu origem. Cultura de desafio e aprendizagem: A equipa pratica e revê regularmente a sua forma de trabalhar, procurando e dando feedback entre si no sentido de serem sempre melhores no trabalho conjunto e de cada um dos seus elementos. Reconhecem as suas falhas e procuram adquirir competências para colocar a fasquia a um nível nunca antes alcançado. Ser bom já não chega!

Conseguimos visualizar assim, o percurso possível desde um indivíduo ou grupo de indivíduos, uma equipa e uma HPT. Tomando como exemplo o que apresentámos como definição de equipa, poderíamos considerar que uma HPT consiste num grupo de pessoas que reúne todas as condições de uma equipa, e que estão também profundamente comprometidos com a aprendizagem, o sucesso e o desenvolvimento pessoal uns dos outros. Perante a conjugação destes “ingredientes”, uma HPT revela um desempenho excecional, que ultrapassa as expectativas dos próprios membros da equipa, elevados níveis de entusiasmo, diversão e energia, um compromisso pessoal que disponibiliza a vontade de ir para além do esperado (“extra mile”), resultando em narrativas e histórias galvanizantes que permanecem na memória coletiva como momentos de viragem em que se superaram.

É certo que o mundo precisa cada vez mais de HPTs, no entanto, elas não são a panaceia para todos os males e exigem, sem sombra de dúvidas, um investimento emocional e temporal significativo por parte dos seus elementos. Assim, alcançar uma HPT implica uma jornada de evolução e manutenção que obriga à estabilidade da composição da equipa e ao empenho da gestão na criação das condições para que esta se forme. As HPT são ainda raras, mas não são um “unicórnio” inatingível para empresas e equipas que pretendem investir a sua energia e mindset em cultivar ambientes e promover competências para que elas floresçam em contexto organizacional. Como saber o que não sabes, antes da tua concorrência, dos teus clientes, das possíveis ameaças do mundo digital?

É com vista à importância do desenvolvimento destas equipas que a Agile Thinkers, consultora portuguesa especializada em novas formas de trabalhar, com serviços de consultoria, formação e eventos, traz a Lisboa no próximo dia 17 de maio um evento único e que visa promover o crescimento de 12 grupos em equipas de alta performance. O evento começa com 12 equipas e 12 facilitadores profissionais. Cada equipa com a orientação do seu respetivo facilitador, irá resolver ao longo do dia diversos desafios. Estes desafios foram especialmente desenvolvidos para testar as capacidades de cada grupo e que no final nos dirão a equipa vencedora. O evento é gratuito e aceita inscrições até dia 13 de abril. Exige apenas seis a dez elementos inscritos no link do site. Não esquecer que a escolha das equipas será mediante a sua motivação descrita quando o registo. O vencedor terá acesso a prémios como entradas para a conferência eXperience Agile e formação gratuita dada pelos formadores da Agile Thinkers Academy.

Autoras

Soraia Jamal – Consultora e Psicóloga Organizacional com 20 anos de experiência, especializada em Comportamento Organizacional e Fatores Humanos. A sua vasta experiência no setor militar e aeronáutico, em particular com tripulações de alto desempenho, permite-lhe avaliar equipas e treinar competências psicológicas ao nível individual e coletivo, no sentido da otimização do desempenho e bem-estar.”

Mónica Lopes da Silva – Após 20 anos a trabalhar como Engenheira de projetos de Telecomunicações, enveredou pela área da qualidade e desenvolvimento de pessoas no âmbito mais alargado das tecnologias da informação. Voltou à universidade especializando-se em psicologia e certificando-se em coaching. Nos últimos 14 anos tem exercido as funções de Coach Lean e Agile. Desde do início do ano realiza consultoria nestas áreas em paralelo à sua prática clínica.

The Agile Thinkers

A Agile Thinkers tem como missão apoiar as empresas em melhorar o seu negócio, ensinamos negócio e ambicionamos que todas as pessoas numa empresa possam gerar valor. Através das práticas ágeis das quais temos mais de 15 anos a realizar, criamos academias e eventos para ser simples conhecer comportamentos, atitudes, valores e princípios desta mentalidade e ferramentas, para fazer um negócio prosperar para os seus colaboradores e clientes. Médicos, psicólogos, engenheiros, gestores, marketeers, fotógrafos, designers, entre outras funções, temos uma diversidade que permite o know-how testado em garantir o seu negócio crescer 40% e uma melhoria do compromisso dos seus colaboradores em 30%. Criamos o World Agility Forum, O Agile Human Factors, o Experience Agile, e agora o High-Performance Teaming Challenge.