A qubIT . Quorum Born IT é uma empresa de Engenharia de Software, focada no Ensino Superior. Sendo de base tecnológica mas com imenso conhecimento funcional e de consultoria, iniciaram-se no mercado no final de 2009. Como têm perpetuado este caminho de sucesso já com mais de 12 anos?
A qubIT incubou-se em pós-laboral a partir do IST, onde fomos alunos e éramos funcionários (na versão FenixEdu originalmente criada no instituto). Versando a solução sobre a Gestão Académica e tendo nós conhecimento desse negócio, bem como ideias concretas de como a evoluir, foi-nos lógico apostar em montar a empresa à sua volta. O objetivo era, e continua a ser, sermos os melhores na nossa área de atuação e com a solução tecnológica e operacionalmente mais avançada do mercado.
Mas tanto ou mais importante que a tecnologia, a chave para o sucesso, é a soma dessa excelência que procuramos ao modo como trabalhamos: fomentamos sempre relações de longo prazo e parcerias, focadas em gerar autonomia aos nossos clientes, sendo que os primeiros ainda hoje estão connosco. É contraintuitivo, mas ao produzirmos soluções melhores, o cliente suporta negócio mais complexo, o que nos impele a reevoluir a tecnologia, novamente suportando mais complexidade. E fazemo-lo sem cedências na integridade, mesmo quando tal nos faz dizer algo que os outros não gostam de ouvir. Quem trabalha connosco, seja dentro ou fora da empresa, sabe sempre com o que pode contar e o valor da nossa palavra.
A qubIT disponibiliza soluções baseadas na plataforma FenixEdu e vislumbra redes interconectadas de instituições de Ensino Superior. Como funcionam estas soluções e quais as lacunas que vêm colmatar?
A principal lacuna a que queremos sempre dar resposta ao longo dos anos deriva do modelo tradicional de produzir software, em que as empresas deixam as empresas excessivamente dependentes de serviços adicionais; mas nós vemos o software como algo que deve fornecer autonomia e empoderamento.
Na qubIT, apostámos sempre em ter a solução o mais abrangente possível, tanto nas vertentes académicas como financeiras, e incluindo também mecanismos de E-Learning; dar tudo numa única plataforma, para reduzir as ilhas de informação que existem espalhadas em diversos sistemas. Mas tão ou mais importante que essa abrangência, é a filosofia de autonomia que visa transformar as funcionalidades da solução, em ferramentas para o cliente utilizar. E vem daqui a diferença no modelo, tanto operacional para o cliente, como de negócio para a qubIT: quaisquer mudanças no negócio podem ser de imediato refletidas na solução pelas próprias instituições, sendo nós maioritariamente um fornecedor de tecnologias, progressivamente melhores e mais avançadas. As instituições ganham a capacidade de alterar o seu negócio de imediato; e nós apenas lhes realizamos serviços se elas o quiserem, não porque não têm alternativa. Queremos gerar valor para todos, não apenas para nós.
E o trabalho em rede que queremos potenciar é uma iteração nesta filosofia; com as soluções a poder comunicar e interagir, as instituições podem fomentar colaborações entre si, sabendo que terão um sistema de informação que dá suporte a esses processos de negócio conjuntos, como por exemplo, a disponibilização de cursos geridos em conjunto.
Afirmam que o vosso ecossistema Fenix está em constante evolução, para apoiar os processos académicos e a comunidade de utilizadores. Podemos assim afirmar que esta é uma solução que responde às necessidades, sempre em constante mudança, da sociedade? Como conseguem estar sempre um passo à frente das novidades?
Olhamos para a tecnologia como um meio para atingir um fim, o negócio a suportar é o mais importante. E quando nos apercebemos de necessidades ou imaginamos ideias para implementar, tentamos sempre construir ferramentas; e se necessário, fazemo-las do zero para depois concretizar novos modos de utilização da solução. Os nossos clientes já são parceiros de muitos anos e sabem que quando fazemos algo novo, é de certeza algo que irá ser útil no dia a dia (mesmo que disruptivo inicialmente). E assim que lhes colocamos essas funcionalidades nas mãos, entramos em ciclos de melhoria contínua, tendo por base o feedback que deles obtemos. No fundo, além de estarmos atentos aos que os clientes dizem, também somos inatamente curiosos e gostamos de produzir tecnologia; acreditamos profundamente que esta pode resolver os problemas se não pararmos de a melhorar e inovar, nem que tenhamos de inventar coisas que não existiam antes.
Essa inovação e tecnologia são, então, valores presentes na qualidade dos vossos serviços. Será isso, aliado às competências e talento da vossa equipa, o fator determinante do sucesso da qubIT e da solução Fenix?
É a soma de tudo. Temos de facto muito talento na equipa, mas também muita experiência (os mais seniores têm mais de 15 anos de experiência, tanto a pensar negócio como a desenvolver tecnologia). E como defendemos que todos os engenheiros e programadores têm de ser fluentes no negócio e estar capacitados a discutir requisitos ou interagir com clientes, atingimos uma profundidade de conhecimento superior ao modelo de ter equipas funcionais distintas das equipas de desenvolvimento.
Quanto à inovação, está sempre presente, pois além de imaginarmos continuamente como melhorar a solução Fenix, desenvolvemo-la com recurso à nossa própria plataforma de desenvolvimento, onde também estamos sempre a produzir novas abstrações para se ser mais eficiente. E fazemo-lo tanto, que outros procuraram-nos para também poder usar essas tecnologias para desenvolver.
O Ensino Superior é, desde sempre, um importante motor de conhecimento e inovação. Contudo, face às cada vez mais exigentes necessidades da sociedade, quão importante é essa área para assegurar melhores soluções tecnológicas? E temos feito caminho no que respeita à sua capacidade de inovação e de criação de valor, tendo hoje Universidades e Politécnicos mais tecnológicos?
Tudo está mais tecnológico porque a sociedade também o está, pelo que é normal ao Ensino Superior acompanhar essa evolução. Mas o que interessa realmente é capacitar as pessoas, sejam alunos, funcionários, docentes ou investigadores. Há que estar consciente que a geração de valor acrescentado é o único caminho possível para evoluir, pelo que temos todos de fazer mais e melhor, seja qual for o nosso papel e trabalho no dia-a-dia. E a tecnologia é uma ferramenta para isso, pelo que temos de a colocar ao nosso serviço, pensar como fazer diferente, interrogar, colaborar, melhorar. E o Ensino Superior deve ser um espaço de inovação e experimentação, pois o erro e o falhanço podem ser mais fáceis de acomodar do que, por exemplo, numa empresa (que tem sempre como objetivos o crescimento e a prossecução do lucro).
Hoje o país acompanha as melhores práticas de várias áreas tecnológicas, muito devido à articulação de esforços por diferentes atores. A qubIT tem sido assim um player indispensável e necessário à melhoria do Ensino Superior e, consequentemente do país. Assim, o que falta ainda desenvolver para que tenhamos um Ensino cada vez mais competitivo e produtivo, que puxe pela sociedade?
Retomo a resposta anterior, aumentar a capacidade e a oportunidade de criar e inovar, experimentar, iterar. Portugal não tem falta de talento, tem é falta de oportunidades que permitam reter esse talento produzido; temos de conseguir melhorar as condições, tanto no Ensino Superior como no país em geral, para que emigrar não seja visto como uma necessidade. Ver mundo e ganhar escala e experiência é fundamental, mas temos de o fazer através de entidades portuguesas que cresçam e deem o salto para o estrangeiro. E se nos falta escala para isso, então que colaboremos; façamos parcerias entre nós, sejamos instituições ou empresas, juntemos esforços aos nossos competidores locais se necessário. A real competição não é apenas no “nosso retângulo”, interessa pouco ser o campeão do nosso bairro… temos é de trabalhar para ganhar no mercado global, ser os melhores tanto aqui como lá fora.
Apesar de serem especializados no Ensino Superior, empenham-se então fortemente a não se limitar a esse caminho?
Apesar de termos consciência que somos uma empresa de nicho, e num setor de mercado longe da dimensão de outros, tentámos nunca ter um caminho limitado pela tecnologia que fazemos. Para tal, ainda desde o pré-qubIT, vimos desenvolvendo em permanência a nossa própria plataforma de desenvolvimento: um conjunto de ferramentas de modelação, geração de código, e serviços cloud-based, a que damos o nome de OMNIS.cloud. É algo que está tanto na base do Fenix, bem como de quaisquer das outras soluções que a qubIT desenvolve. E pelo facto de não criarmos dependências tecnológicas a qualquer área de negócio, sempre pudemos trabalhar noutros segmentos de mercado, como por exemplo no grupo Jerónimo Martins, com aplicações móveis em utilização desde 2011 no Recheio Cash & Carry para suporte a equipas de vendas no terreno.
De uma forma geral, que novidades vossas podemos esperar nos próximos meses?
No Fenix continuaremos a acompanhar várias iniciativas europeias focadas no Ensino Superior, para um eventual suporte aplicacional no futuro: desde o intercâmbio global de informação académica, ao suporte de processos e atividades letivas entre instituições, com as instâncias Fenix a funcionarem em rede trocando informação entre si. Do lado OMNIS, face ao constante crescimento de utilização, estamos a estruturarmo-nos de modo para aumentar a equipa dedicada ao seu desenvolvimento.
Mas o grande objetivo existe na empresa em si, como um todo, na continuação do que sempre quisemos: sem ceder em quaisquer valores fundamentais, não parar de crescer e evoluir. Queremos preparar a futura procura de novos parceiros e expansão a outros mercados, nomeadamente internacionais. Sempre foi pretendido dar o salto além-fronteiras pois, especialmente no software, não há razão para nos limitarmos e pensarmos apenas localmente; desde início devemos ambicionar um posicionamento global. Temos muito para fazer e conquistar; e se tivermos de o fazer em conjunto de modo a aumentar o nível de alcance e de ambição, então é esse o caminho a seguir.