Início Atualidade “Vejo Futuro na Pedra Natural em Portugal”

“Vejo Futuro na Pedra Natural em Portugal”

0
“Vejo Futuro na Pedra Natural em Portugal”

A António Galego & Filhos – Mármores, S.A. foi fundada no início dos anos 80 pelo atual administrador, que iniciou a sua atividade na transformação de Rochas Ornamentais Portuguesas, dedicando-se nessa altura apenas à serragem e comercialização de Pedras Naturais oriundas do anticlinal de Borba, Vila Viçosa e Estremoz, destinando a sua produção apenas ao mercado Português.
Caracterizada por uma forte estratégia e aposta de investimento e crescimento sustentável, a empresa, com as suas instalações fabris e pedreiras situadas em Bencatel (Vila Viçosa), acompanhou sempre as exigências evolutivas dos mercados que integrava, permitindo-lhe o alargamento e a conquista de importantes quotas de mercados a nível mundial, conseguindo dar resposta em tempo real às diversas especificidades e exigências colocadas pelos seus clientes e colaboradores.
Segundo o fundador, “em 1995, quando o meu filho se juntou à empresa – sabendo que poderia ter comigo o pilar e futuro da empresa – decidi inovar. Optámos por criar investimento com tecnologia e acompanhar aquilo que é hoje o desenvolvimento, a nível mundial, deste setor. Porque as empresas que não investirem e não acompanharem o mercado tecnologicamente, vão ficar para trás”.
Certo é que, aos dias de hoje, adotar estratégias de inovação, é um fator crítico no seio de qualquer entidade. Isto é, resolver problemas de formas diferentes, procurar acrescentar valor aos mercados onde a empresa se insere. “O último investimento que fizemos é mesmo inovador. Adotámos uma nova tecnologia em termos de aproveitamento e transformação de Pedras Naturais, e daí estarmos hoje no mercado, e podermos ter alguma competitividade com os parceiros mundiais, porque a concorrência hoje é a nível global. Sei que aquilo que nos acrescenta valor é fortalecer os laços com os parceiros europeus. Criar mão de obra especializada, tecnologia de ponta na exploração e transformação. E o futuro o dirá porque hoje o mundo tem convulsões que não conseguimos prever nem antecipar. Antigamente era possível fazer uma previsão a longo prazo, isto é, de uns anos para os outros. Hoje sei que não é possível fazer essas previsões”, sustenta António Galego.

Inovação como foco principal

As Pedreiras da empresa estão localizadas na zona da Lagoa, em Vila Viçosa, e constituem uma importante fonte de matéria-prima devido à conjugação de meios humanos especializados e de maquinaria pesada tecnologicamente avançada. Esta adaptação às constantes mudanças no mercado e primazia pela inovação, levou a que a marca conseguisse dar resposta em tempo real às diversas exigências impostas pelos mercados do setor da pedra natural. Quem o garante é António Galego, “o investimento na inovação veio ajudar-nos no sentido de aproveitarmos muita matéria-prima que antes não conseguíamos aproveitar. Temos novos equipamentos e de facto, havia muita matéria-prima que ficava nas pedreiras porque tinham defeitos que não lhes conseguíamos tirar e os equipamentos que tínhamos antigamente não eram próprios. Atualmente aproveitamos tudo. Podemos considerar que esta foi uma das grandes mais-valias que conquistámos”.
Por outro lado, se a tecnologia é importante, mais importante ainda são as pessoas, para que trabalhem com ela. E este é um dos fatores que a AGF Mármores nunca descurou. Para a marca, a aposta nos recursos humanos e formação está no topo das prioridades, isto porque, sem pessoas, não se produz. “em relação à formação dos operários, devem ser as próprias empresas a oferecer aos operários. Até porque este setor está a ficar desprovido de pessoas que tinham muita prática a trabalhar no mesmo, e as camadas mais jovens são pouco vocacionadas a entrar dentro destes setores. Nós, como empresa, não nos podemos queixar nessa vertente operária. Temos conseguido captar jovens e a nossa massa operária ronda os 40 anos. E todos são formados por nós. Na pedreira é mais difícil, porque com chuva e com sol, embora o operário já não tenha muito trabalho físico, tem que lá estar. Há pouca vontade nos jovens na adesão às pedreiras, mas nós temos conseguido, porque criámos condições para tal, daí a importância deste lado dos recursos humanos”, afirma o interlocutor.
Para além da estrutura em Bencatel, a marca conta já com duas filiais: em Braga e no Algarve. Localizadas em zonas de fácil acesso e onde os clientes têm à disposição um vasto stock de Mármores, Calcários, Compactos e Granitos. Estas unidades possuem uma escolha adequada e conveniente a todos os tipos e vertentes da arquitetura, o que por si só, é uma mais-valia.

Crise energética: os problemas e as soluções

Com o mundo ainda em recuperação da pandemia que assolou todos os setores durante dois anos, vê-se agora confrontado com uma crise energética. Quem não fica indiferente é o setor da Pedra Natural, que em muito se mostra afetado com o aumento dos preços da energia, eletricidade e combustíveis. António Galego confessa, “este ano começou muito bem, tínhamos previsões de que o ano de 2022 iria ser melhor do que o ano pré-pandemia, só que neste momento, já não tenho assim tanta certeza”, acrescentando ainda que “estamos a ser muito sobrecarregados com custos inesperados: os custos da energia e dos combustíveis. E este setor não é um daqueles em que podemos aumentar os preços do dia para a noite”.
Num setor em que a energia representa quase metade dos custos diretos de produção, baixar os braços não é opção. Isto porque, o interlocutor garante que procura não falta, “mas este fator energético e dos combustíveis, têm também feito com que algumas explorações encerrem”. Neste momento a esperança está nas mãos do governo. O setor aguarda um olhar mais atento, e que, finalmente, se perceba o quão impactante é esta fileira na indústria e na economia portuguesa. “A Indústria da Pedra Natural devia ser olhada com mais atenção, ter mais apoios e mais fiscalização no setor para aconselhamento, isto é, a fiscalização devia ajudar os empresários”, sustenta o fundador.
“O nosso setor merecia ter um combustível como têm os nossos parceiros europeus, isto é, apenas para as máquinas industriais que estão na exploração das pedreiras, porque essas é que gastam cerca de 20/30 litros de gasóleo por hora. No que diz respeito à eletricidade, chamava a atenção à nossa Associação para que negociasse um pacote a nível nacional para todas as empresas usufruírem de um preço mais económico. Ao negociarmos a eletricidade isoladamente não temos peso nenhum e acaba por ser muito dispendioso. Quero acreditar que esta mudança vai acontecer, penso que as autoridades competentes irão ouvir-nos e perceber que realmente precisamos de um apoio. Não é fácil para nenhuma empresa adaptar-se a esta inflação”, quem o garante é António Galego que, apesar da instabilidade que o setor vive, acredita na mudança.

O Futuro da Pedra Natural em Portugal

Ainda que muitas sejam as adversidades, o setor da Pedra Natural tem-se caracterizado ao longo dos anos, pela aposta no conhecimento, na tecnologia e na internacionalização, numa maior preocupação com a sustentabilidade ambiental e coesão territorial.
A Pedra Natural, representa atualmente uma das melhores matérias primas do mundo, o que é um grande trunfo que acaba por garantir um futuro coeso. “Eu vejo futuro na Pedra Natural em Portugal. Dentro do nosso país temos tido cada vez mais procura. O mercado do Norte tem muito marmorista, apresenta mais oportunidades. Na filial que temos em Braga só vendemos o nosso próprio produto e as vendas estão praticamente equiparadas. Portanto, tenho boas expectativas no mercado nacional das Pedras, porque estão agregadas à construção civil, ou seja, se a construção civil continuar a bom ritmo,  existirá também um aumento da procura da rocha ornamental”, garante António Galego.
E por falar em futuro, quem não prescinde de investir a médio e longo prazo é mesmo a AGF Mármores que acabou de colocar uma nova pedreira a trabalhar, dois anos após a tentativa de aquisição de licença. O fundador salienta, “esta é uma mais-valia e uma conquista para a empresa, porque daqui a dois meses, será uma grande ajuda em matéria-prima”. Para além disso, “temos também uma qualidade e cor de pedra nova, que é muito procurada e desejada. Conseguimos introduzi-la, portanto está tudo alinhado”.
Para o nosso entrevistado, “o ano de 2022 espera-se ótimo, porque temos todas as condições reunidas. Em termos de investimento em equipamentos de transformação, estamos com tudo o que precisamos. Havendo investimento e saúde, tudo flui”.
Para rematar, e porque se trata de um momento de reflexão para o setor, António Galego deixou a todos uma mensagem de alento para os momentos que se aproximam, “quero dizer a todos os empresários deste país, de todas as áreas, que tenham força e coragem e que não desistam. Em particular, aos empresários do setor das rochas ornamentais quero dizer-lhes para nos unirmos, fazermos força, sermos coesos com a nossa Associação, para conseguirmos alavancar o setor e tirar benefícios e apoios disso”.