“O Futuro e a Qualidade de Vida dos nossos filhos e netos encontram-se nas nossas Ações e no modo como exercemos a nossa Cidadania”

“Falar de sustentabilidade não se pode resumir, ao separar bem os resíduos ou baixar os consumos de água potável”, quem o garante é Joel Nunes Marques, Diretor da RSTJ – Gestão e Tratamento de Resíduos, EIM, S.A., em entrevista à Revista Pontos de Vista. Sobre a temática da sustentabilidade, - tão necessária a todos – muitos são os aspetos relevantes a debater, contudo, o interlocutor afirmou estar otimista com o futuro.

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A RSTJ – Gestão e Tratamento de Resíduos, EIM, S.A., tem como missão gerir e tratar os resíduos sólidos urbanos produzidos em dez municípios. Para contextualizarmos o nosso leitor, como nos pode descrever o contributo da organização nesta que deve ser uma preocupação de todos?

A RSTJ é uma empresa intermunicipal detida em 100% pelos Municípios de Alcanena, Chamusca, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Golegã, Santarém, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha. Apresentamos como objeto social a exploração de resíduos urbanos e gerimos cerca de 85 mil toneladas de RSU (resíduos sólidos urbanos) e 12.500 toneladas de resíduos 3F (vidro, papel/cartão e embalagens) produzidos anualmente por cerca de 210 mil habitantes.

Sabemos que a entidade possui uma matriz de infraestruturas destinadas a assegurar com eficiência e segurança, a recolha, transporte, tratamento e valorização dos resíduos sólidos urbanos. Assim, quais são os maiores desafios nesta que é a arte de comunicar a sustentabilidade?

A RSTJ possui infraestruturas que permitem dar uma resposta célere e alinhada com os desafios propostos, apresentamos uma Unidade de Tratamento Mecânico e Biológico (UTMB), uma estação de triagem e plataformas de valorização, um aterro sanitário, uma estação de águas lixiviantes (ETAL), ecocentros e estações de transferência instalados nos Municípios, viaturas de recolha e transferência e instalações de apoio e equipamentos móveis. Quanto à arte de comunicar a sustentabilidade, tenho para mim que é olhos nos olhos, com proximidade, que a mensagem pode passar, assim como, a chave para o sucesso desta alteração cultural para a sustentabilidade carece de um alinhar entre as políticas nacionais e as vontades dos decisores locais.  Vivemos dois anos em que foi praticamente impossível estarmos próximos da comunidade, mas gradualmente vamos voltando à normalidade, retomamos a sensibilização no terreno na implementação do projeto de recolha dos 3F porta-a-porta nos dez municípios, voltamos a comunicar e a receber a comunidade escolar nas nossas instalações e contamos marcar presença nos mais variados certames da região, levando assim connosco uma mensagem de sustentabilidade, de um estilo de vida saudável e promotor da felicidade coletiva. Sim, estamos presentes nas redes sociais, mas na minha ótica o digital nunca passará de um complemento à comunicação presencial.

De que forma, enquanto Empresa Intermunicipal comprometida em lutar por uma sociedade mais saudável, têm vindo a promover a resiliência climática e a fomentar a inclusão na cultura da organização?

As sociedades estão a tornar-se cada vez mais multiétnicas e multiculturais, a RSTJ está desperta para esta realidade há já um longo período e tem apresentado variadas respostas, sendo um exemplo na região de inclusão e resposta social na geração de emprego estável e no acompanhamento de proximidade aos seus trabalhadores, permitindo assim que se sintam apoiados e valorizados. Embora estejamos a pouco mais de 100km da capital, as assimetrias geográficas geradoras de diferentes oportunidades sociais fazem-se sentir no nosso território. Posso afirmar com certeza que a RSTJ é um exemplo no exercício de boas práticas promotoras da diversidade e inclusão dotando assim a comunidade onde estamos inseridos de uma maior atração e de bem-estar social.

A realidade é que vivemos num mundo de emergência climática. No entanto, não se nega o olhar atento que cada vez mais a sociedade tem para com uma problemática tão importante como a sustentabilidade. É legitimo afirmar que temas como este são hoje uma prioridade na vida das pessoas? Porquê?

A Agenda para o Desenvolvimento Sustentável aprovada em 2015 trouxe a sustentabilidade para a agenda global. Mas é importante realçar que esta transição obriga a uma mudança de comportamentos sociais, a uma alteração dos sonhos que as crianças da minha geração ambicionavam concretizar, uma mudança cultural. Esta mudança é um caminho que demorará algum tempo a percorrer, embora reconheça que paulatinamente os hábitos estão a mudar. Mas falar de sustentabilidade não se pode resumir, ao separar bem os resíduos ou baixar os consumos de água potável, o que já é muito positivo, é ter a coragem de desenhar e implementar políticas públicas que se coadunem com as realidades locais, o que se adequa na cidade de Paris, pode não fazer sentido em Lisboa, o que serve em Lisboa pode não ser possível implementar em Ferreira do Zêzere. É essencial envolver o Poder Local de modo a conjugar estratégias de modo a concretizar e transformar o modelo atual de produção e consumo mais sustentável.

A neutralidade carbónica do planeta é um dos objetivos definidos por diferentes países no mundo, até 2050. Quão longo é ainda o caminho a percorrer até esta meta?

Para verificar o distúrbio climático do planeta basta sair de casa ou abrir uma janela. O Planeta enfrenta para alem do distúrbio climático e perda de diversidade, uma crise de desperdício e de poluição, é o bem-estar e a sobrevivência de milhões de pessoas que está em causa. A resiliência e ação global já permitiu reduzir o buraco da camada de ozono, expandir as proteções para a vida selvagem e ecossistemas, por fim do uso de combustível com chumbo, evitando assim milhões de mortes prematuras, por isso não há tempo a perder, é tempo de agirmos como um só, a humanidade já deu provas que junta é capaz de enfrentar desafios monumentais e este é o nosso maior desafio.

Para o Joel Nunes Marques, onde é que verdadeiramente começa e acaba a responsabilidade social no que diz respeito à sustentabilidade ambiental?

A responsabilidade social sustentável, começa e acaba em nossas casas, nos nossos empregos, nos nossos passeios, em todas as nossas ações podemos dar o exemplo de como devemos utilizar os recursos naturais de modo a evitar o esgotamento que venha a afetar as próximas gerações. Hoje, mais que nunca, o futuro e a qualidade de vida dos nossos filhos e netos encontram-se nas nossas ações e no modo como exercemos a nossa cidadania.

Por fim, como perspetiva o futuro da organização que lidera, bem como do meio ambiente, tendo em conta as constantes transformações do mundo e da sociedade?

Sou um otimista incurável. Embora o Mundo esteja a assistir a um conflito, embora estejamos a viver uma enorme incerteza económica geradora de instabilidade e de incertezas, tenho esperança numa transformação global positiva, com mais emprego, inclusão, com uma economia sustentável e ecológica geradora de um planeta mais saudável para todos. A RSTJ está a trilhar o seu caminho, de modo a ser cada dia, mais eficiente que o anterior, sempre na premissa do bom serviço público e com a ambição de aumentar o seu impacto positivo na vida das populações que serve. Encontramo-nos a desenvolver investimentos nas áreas da segurança e na valorização de resíduos, uma nova linha de afinação de composto e um equipamento de valorização de Combustível Derivado de Resíduos de modo a estarmos preparados na promoção de uma maior circularidade. Prevemos ainda, até ao final do presente ano implementar a recolha porta a porta dos 3F em todos os Municípios que servimos. Destaco, a capacidade, a dedicação, a proatividade e o espírito de missão dos cerca de 300 trabalhadores, são eles os geradores de otimismo e de confiança para que a RSTJ apresente bons resultados, cumpra e supere metas e que caminhe diariamente para um futuro melhor.