A Associação para o Desenvolvimento de uma Economia Solidária e Sustentável (AESS) é uma Organização que atua no sentido de disponibilizar a toda a população informações e ferramentas úteis que promovam o consumo consciente e hábitos financeiros saudáveis. Ao completar nove anos de existência, como nos pode descrever a evolução da Associação até ao momento?
Dulce Forte (DF) – Tal como no ser humano, que vive nos primeiros anos de existência um período muito intenso de aprendizagem e desenvolvimento, também a AESS teve o seu tempo de crescimento, adaptação e integração no mercado nestes nove anos de atividade.
A AESS começou a sua atividade com foco num projeto relacionado com a Literacia Financeira. Este projeto que se iniciou com as crianças e para o qual foi concebido um livro específico (Curso de como Gerir o meu Dinheiro) foi sendo desenvolvido, à medida das solicitações, e conta atualmente com programas destinados a todos os públicos que vão desde as crianças do 1º ciclo aos jovens do ensino universitário, as famílias, os cidadãos com necessidades educativas especiais, os cidadãos de países estrangeiros acolhidos em Portugal, os cidadãos em risco de exclusão, nomeadamente jovens reclusos e famílias beneficiárias do RSI. De salientar que, alguns destes programas de Literacia Financeira, foram sendo complementados com módulos de empreendedorismo, empowerment, procura ativa de emprego e mentoria no desenvolvimento de ideias para criação da própria empresa ou negócio.
Para a AESS enquanto organização, em consequência da pandemia, possivelmente resultou uma posição mais resiliente. Em nove anos, face a todos os desafios e oportunidades que surgiram no seu caminho, a AESS é hoje uma Associação mais firme e consciente das metas que pretende alcançar? De que metas estamos a falar?
DF – Sim. Em nove anos de atividade muitos foram os momentos em que tivemos que repensar e redefinir os nossos objetivos, mas isso deu-nos mais sustentabilidade e consolidou o nosso caminho.
Atualmente concentramos as nossas atividades nos projetos e públicos, referidos anteriormente, em Portugal e vamos iniciar intervenções no exterior, nomeadamente nos PALOP, nas mesmas temáticas. Estamos focados na promoção e implementação dos nossos programas integrados e na internacionalização que estamos a fazer com passos pequenos, mas bem seguros. Estas intervenções no exterior começaram a ser preparadas há vários anos, mas devido à pandemia foram interrompidas e recomeçaram no corrente ano. Por outro lado, começámos também a estar integrados como parceiros em projetos europeus e pretendemos, além de manter estas parcerias, evoluir para projetos em que somos os promotores e líderes.
Mas a nossa principal meta é sermos reconhecidos como uma entidade de referência em Literacia Financeira e Empreendedorismo.
Ao longo dos tempos a AESS tem promovido e desenvolvido programas e projetos direcionados para toda a população, independentemente do estatuto, idade ou género. Neste sentido, que programas ou candidaturas estão a ser planeadas para o futuro a curto/médio prazo? Que temas, nestes programas, serão prioridade?
Aldina Costa (AC) – A AESS tem uma candidatura em avaliação, no programa Erasmus+, que se integra especificamente na promoção da inclusão social de jovens em situação de exclusão social devido a comportamentos de risco. Neste programa pretende-se trabalhar o tema da literacia financeira nas várias vertentes: como instrumento de capacitação, de desenvolvimento pessoal, social e profissional e como contributo para consolidar uma geração economicamente mais consciente. Os níveis de literacia financeira da população portuguesa em geral são bastante baixos, tal como foi noticiado, no início do ano de 2022 pelo próprio BCE pelo que o tema continua a ser pertinente e primordial na educação dos jovens.
Vamos ainda no decorrer deste ano, apresentar uma outra candidatura ao mesmo programa direcionada para adultos, na vertente aprendizagem ao longo da vida, também focada na literacia financeira. Continuamos a acreditar que este é um tema prioritário na economia nacional e europeia e, no entender da AESS, é também um dos pilares da sustentabilidade individual e consequentemente da sociedade e do futuro.
É também com grande satisfação que podemos revelar a aprovação de um simpósio de cariz nacional e internacional sobre Empreendedorismo a realizar no início de 2023. Este simpósio tem como objetivo apresentar as várias dimensões do empreendedorismo por variados especialistas da economia global.
Quão gratificante é, para a AESS, capacitar os indivíduos para a inserção na sociedade e num mercado de trabalho cada vez mais competitivo e, sobretudo, valorizar todas as pessoas e os seus objetivos?
AC – Num dos nossos programas, designado por “Matriz AESS” desconstruímos a nossa sigla (AESS) num conjunto de palavras transformadoras: A de Agir; E de Empreender; S de Selecionar e S de Sustentabilizar. Nesta matriz trabalhamos a capacitação dos indivíduos, nas suas variadas facetas, pelo desenvolvimento de competências. Preparamos as pessoas para enfrentar situações desafiadoras; munimo-las de conhecimentos e possibilidades de serem criativos, de solucionar problemas, de criar sugestões que se apresentem como possíveis alternativas. Trabalhamos a autonomia, a autoconfiança e simultaneamente estimulamos o desenvolvimento de habilidades e talentos, independentemente da personalidade da pessoa. Ao desenvolvermos estas competências estamos a capacitar. É muito gratificante observarmos os resultados do nosso trabalho. São inúmeros os projetos que apoiamos e acompanhamos, assistindo à evolução das competências individuais na gestão desses mesmos negócios. Também na preparação de pessoas em situação de desemprego para o regresso ao mercado de trabalho, ou nos momentos de reflexão e de maximização do seu potencial, através de programas de coaching/mentoria sentimos que cumprimos o nosso papel. Não temos palavras que descrevam o quanto nos regozijamos pelo trabalho que desenvolvemos na AESS e também do retorno que recebemos dos que capacitamos.
São nove anos a realizar sonhos e a construir futuros. Assim, que mensagem comemorativa nesta data especial gostaria de deixar a todos os intervenientes internos e externos do projeto?
DF – A mensagem que deixamos a todos os que nos acompanham internamente (colaboradores, associados, consultores e formadores) e externamente (parceiros, clientes, beneficiários das nossas intervenções formativas e de coaching/mentoria) é que por muito difícil que nos pareça o caminho há sempre uma estrada para o fazer.
Deixamos também a certeza de que o propósito da nossa existência se mantém inalterado: criar cidadãos financeiramente saudáveis. Por isso à questão “Dar o peixe ou ensinar a pescar?” respondemos desde o primeiro dia, e continuaremos a responder, que ensinamos a pescar!
Por fim deixo uma mensagem de agradecimento e gratidão a todos os nos apoiam de forma direta e indireta porque sem esse apoio seria mais difícil fazer todo este percurso.