Início Atualidade “Os AED Days são já uma “Marca” consolidada, que traz Valor aos seus Participantes”

“Os AED Days são já uma “Marca” consolidada, que traz Valor aos seus Participantes”

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“Os AED Days são já uma “Marca” consolidada, que traz Valor  aos seus Participantes”

Sabe-se que a Aeronáutica, o Espaço e a Defesa constitui um setor de grande importância em Portugal. Como analisa a evolução do mesmo até ao momento?

O Cluster representa, hoje, 1,4% do PIB Nacional e mais de 18 500 colaboradores altamente qualificados, tendo os setores da aeronáutica, espaço e defesa um papel fulcral na nossa economia, catalisando o desenvolvimento tecnológico e a inovação em todo o tecido social e económico. O crescimento deste setor foi bastante acentuado na última década – na ordem dos 12% ao ano – fruto de uma elevada atratividade nacional para estas indústrias, que motivou os mais variados investimentos. Ao nível da aeronáutica, entre um vasto conjunto de excelentes exemplos, elenco os investimentos estratégicos internacionais da Embraer, realizado em 2012, através da criação de raíz de duas modernas unidades fabris, uma dedicada a peças metálicas e outra para peças em compósito, e da Mecachrome, que fabrica hoje peças de metal de alta precisão para aeronaves, fornecendo a partir de Portugal clientes como a Airbus, Boeing e Safran. Existem também vários investimentos nacionais de relevo neste setor, como o do Grupo Salvador Caetano que construiu uma unidade para fabricar peças para aviões – a Caetano Aeronautics – criando a norte uma nova centralidade para o cluster aeroespacial. Estes elementos permitem não só olhar para os últimos dez anos com o sentimento de “trabalho realizado”, como também criaram uma sólida base para almejarmos um forte crescimento para a próxima década. Mais recentemente, temos os investimentos da OGMA em Alverca, através da criação de um novo centro de manutenção de motores num investimento de 74 milhões de euros que levará à criação de 300 empregos, e da Airbus em Santo Tirso, que levou à construção de uma nova unidade industrial para produção de peças para aeronaves. Estes são também uma boa prova da vitalidade de todo o ecossistema e do seu elevado potencial de crescimento. Ao nível do espaço, e sobretudo com a criação da Agência Espacial Portuguesa e o lançamento de novas iniciativas relacionadas com o Atlântico (nomeadamente o Porto Espacial dos Açores, a constelação de satélites Atlântico e o Atlantic International Research Center), vive-se um momento de grande ambição e estamos a trabalhar num patamar de excelência, que já resultou em alguns importantes investimentos externos. Falo do investimento do grupo alemão RFA em parceria com o Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), que vão desenvolver e produzir sistemas de lançadores espaciais em Portugal, e do investimento da empresa norte-americana LEOLABS, que em parceria com a EDISOFT vai instalar dois radares espaciais na ilha de Santa Maria para monitorizar e evitar os perigos do lixo espacial. Este momento de grande dinamismo no setor espacial reflete-se em novas competências e produtos desenvolvidos cá e no crescimento tanto do volume de negócios como de empregos altamente qualificados. Ao nível da defesa, fruto de um maior dinamismo europeu nos últimos anos, este setor enfrenta igualmente um momento único em Portugal, que poderá favorecer o posicionamento da nossa indústria, com um novo perfil de fornecimentos já nos próximos anos. Alavancado pela Lei da Programação Militar (LPM), e pela criação de uma Política Europeia de Defesa, existem hoje oportunidades de desenvolvimento de produtos tecnológicos inovadores que poderão catalisar uma maior integração do tecido industrial português na cadeia de valor europeia. Também o trágico conflito na Ucrânia tem sublinhado a importância deste setor. O reforço de alguns investimentos na área da defesa poderá promover novas oportunidades para esta indústria, às quais estamos atentos.

Certo é, este setor tem vindo a assumir-se cada vez mais basilar na promoção da Inovação, da Formação Especializada ou do Design Moderno e Tecnológico. De que forma a AED Portugal tem adequado, ao longo dos tempos, as suas iniciativas, de forma a manter-se lado a lado com as tendências que emergem?

O trabalho em rede é fundamental. Estamos a falar de uma indústria que evolui a um ritmo muito acelerado, pelo que só é possível mantermo-nos a par das tendências internacionais e, por conseguinte, sermos competitivos ao juntarmos as capacidades e valências de todo o ecossistema. É nesse sentido que temos estimulado a execução de projetos de inovação entre empresas do Cluster e que temos promovido, cada vez mais, a inclusão de entidades de natureza diversa na nossa rede de associados. Também as relações com entidades internacionais de referência, ao nível da transferência de conhecimento, de contratos e parcerias firmadas e, sobretudo, ao nível dos investimentos que têm vindo a ser feitos em Portugal, são de sobeja importância para nos mantermos na linha da frente no que à inovação diz respeito. Neste âmbito, a AED tem tido um papel de relevo ao enquadrar estes atores internacionais na cadeia de fornecimento nacional, facilitando a sua integração em Portugal, como foram os casos dos investimentos já referidos anteriormente. Naturalmente que para entregar produtos e serviços de alto valor acrescentado, estarmos na linha da frente ao nível da inovação e continuarmos a ser um importante catalisador do desenvolvimento industrial, tecnológico e económico do país é necessário matéria-prima humana. Felizmente, em Portugal estamos muito bem servidos, com ótimos engenheiros/técnicos e com formação de excelência. O reconhecimento internacional a este nível é notório, pelo que o desafio está em que as nossas empresas tenham a capacidade de atrair e reter o talento que desenvolvemos no nosso país. Para atingir esse objetivo, a AED tem criado algumas iniciativas com o propósito de estimular a relação entre Indústria e Academia, fazendo chegar as empresas aos jovens e vice-versa. Como maior exemplo, podemos destacar o AED CAREERS, um evento de nível nacional, a realizar-se no âmbito dos AED Days (o certame anual do Cluster), que mobiliza diversas entidades a divulgar vagas de emprego, de estágio e de formação nos setores da Aeronáutica, do Espaço e da Defesa em conjunto com recursos humanos – jovens e não só – à procura de oportunidades de carreira e de novos desafios nestas indústrias, em Portugal.

O evento anual do Cluster Português da Aeronáutica, do Espaço e da Defesa regressa para a sua 9ª edição, que se realizará durante os dias 24 a 27 de maio, em parceria com a Câmara Municipal de Oeiras. Enquanto Presidente da AED Portugal, que significado tem este evento anual no mercado?

É um momento único no ano, em que temos presente todo o ecossistema nacional destes setores em conjunto com os atores mais relevantes da indústria internacional. A par disso, contamos com a participação e atenção de atores políticos de grande relevo, não só do Governo português, como da Comissão Europeia. Os AED Days são já uma “marca” consolidada, que traz valor aos seus participantes e que pretende contribuir para a contínua evolução e desenvolvimento da indústria portuguesa, catalisando a transformação digital e ecológica necessária, ao mesmo tempo que alavanca o seu posicionamento de ator relevante no mercado internacional. É, por isso, um evento onde se assinala a boa imagem de Portugal no exterior, como um país que tem investido fortemente na qualificação dos seus recursos humanos e que possui empresas e institutos com capacidade de competir ao mais alto nível, através do desenvolvimento de produtos inovadores e de elevada qualidade.

A antecipação da edição deste ano tem como objetivo aproximar ainda mais a comunidade estudantil. Quão importante é garantir uma envolvência maior com aquele que é o futuro do setor e do seu sucesso?

É muito claro que para continuarmos nesta senda de crescimento, temos de garantir recursos qualificados nas nossas empresas. O desafio está em mostrar aos jovens o quão dinâmicos e interessantes são estes setores e que existem muitas empresas a precisarem do seu talento e competências. Do contacto que temos tido com os jovens, nas diferentes ações já executadas, fica a ideia de que há um desconhecimento muito grande daquilo que é a realidade dos nossos setores. É preciso que eles percebam que temos uma panóplia enorme de empresas, desde indústria pura a apenas software, e que se criam produtos complexos e serviços inovadores com impacto real no desenvolvimento da sociedade. Temos, por isso, de envolver cada vez mais (e mais cedo) os jovens, captando a sua atenção para estes setores, como nos tempos em que qualquer criança sonhava ser um astronauta.

Quais são as grandes perspetivas, por fim, para a 9ª edição dos AED Days 2022? O que se pretende traçar no futuro?

Todos os anos o evento tem ganho dimensões cada vez maiores e esperamos que essa tendência de crescimento se confirme, de modo a chegarmos à marca dos 1000 participantes. Não obstante, o mais importante para nós é o aspeto qualitativo do evento – ter a certeza que estão presentes os atores certos e que criamos condições para estimular o desenvolvimento do nosso ecossistema. É importante que os participantes cheguem ao final do evento com um sentido de mais-valia, seja porque conseguiram desbloquear um contacto importante que já vinham a perseguir há algum tempo, porque fecharam um contrato ou simplesmente porque abriram uma janela para um negócio futuro. Por fim, mas não menos importante, pretendemos que os AED Days continuem a validar a boa imagem da nossa indústria junto dos grandes players internacionais e dos decisores políticos nacionais e europeus. Temos, neste evento, uma oportunidade única para reforçar a relação das nossas empresas com estes atores, que são de enorme importância para a saúde competitiva das indústrias da Aeronáutica, do Espaço e da Defesa, em Portugal. E, num tempo de grandes desafios – retoma de uma crise pandémica, a aposta clara da Europa na sustentabilidade e na soberania tecnológica e transição digital destes setor -, os AED Days surgem como um relevante fórum de discussão, que irá envolver alguns dos mais predominantes atores deste ecossistema.