A Raquel Oliveira colabora com a MTS Globe Portugal há quase 20 anos, mas foi há oito que decidiu agarrar o cargo de Diretora Geral. Esta é uma marca que serve os principais operadores turísticos em todos os mercados europeus, sendo um dos principais players a nível nacional. Oferece todas as linhas clássicas de produtos de entrada, programas personalizados de ida e volta, programas de grupo e serviços de transporte padrão, o que só pode ser garantido devido aos altos níveis de serviço complementados pela sua própria frota de autocarros. Para além disso, este é também um grupo que aposta fortemente em tecnologia e business intellingence (B.I), o que lhes confere uma grande vantagem competitiva.
Quando questionada acerca da sua realização profissional nesta empresa, a interlocutora não hesita: foi uma escolha de amor. “Decidi rumar ao Algarve em 2000, e nessa altura a área preferencial de trabalho era o turismo, portanto, comecei a trabalhar num hotel, onde fui evoluindo na carreira, até que tive uma proposta da MTS, e comecei a trabalhar nesta área onde ainda hoje estou e que me faz muito feliz”, inicia.
Passado quase uma década a liderar, Raquel Oliveira admite que toda a sua evolução enquanto profissional foi pautada por alguns desafios, que sempre conseguiu ultrapassar porque se há algo que nunca lhe falta é o apoio de uma equipa fantástica e do sócio maioritário do grupo que, felizmente, “é uma pessoa que sempre me apoiou não por ser mulher ou homem mas pelo meu modelo de gestão”, assegura. “Sou uma sortuda porque faço o que gosto e na MTS tenho a oportunidade de poder fazê-lo bem e em paz. Tenho total apoio e liberdade para dar aso à minha forma de gerir e estou rodeada por uma equipa excecional que me percebe e me ouve, sempre pronta a dar tudo sem nunca desistir. Sinto-me muito realizada profissional e pessoalmente, tenho o melhor dos dois mundos”, garante, orgulhosamente, a Diretora Geral da MTS Globe Portugal.
Trabalhar com o coração
A boa relação com as suas equipas e com os clientes, são, para a nossa entrevistada, marcos fundamentais da sua carreira que sem dúvida a conduziram ao patamar onde hoje se encontra. Segundo a mesma, “ter os nossos clientes e parceiros de negócios satisfeitos que em momentos críticos nos deram a sua total confiança, foi crucial. Tal como a equipa, que nos piores momentos, deu tudo de si, foi fundamental também. Por exemplo, 2014 foi um ano muito difícil, tivemos que nos reformular e reorganizar totalmente, e se não tivesse sido o apoio das equipas coesas que temos e dos clientes/parceiros de negócio, não teríamos sido capazes de continuar e ultrapassar esta má fase em tempo recorde”.
Para Raquel Oliveira, nada é mais gratificante do que integrar uma empresa onde a razão de existir é a satisfação dos clientes e a felicidade das equipas. Dois mundos que, quando complementados, elevam qualquer negócio a um patamar de sucesso sem igual. “Os nossos clientes são muito fiéis à nossa marca porque de facto, preferenciamos o bom atendimento e a qualidade, e acima de tudo, entendemos as suas necessidades a atuamos com base na sua satisfação. O bem-estar das nossas equipas é tão importante como o dos clientes porque os próprios clientes sentem o bom ambiente interno que existe, e sabem que esse fator promove também a qualidade do trabalho”, sustenta.
É inevitável falar acerca dos últimos dois anos que em muito assolou os mais diversos setores de atividade. No seio da MTS Globe Portugal, “os dois últimos anos foram extremamente desafiantes. Felizmente não fizemos nenhum despedimento, e desde o início que houve muita compreensão da parte de toda a equipa com a situação que todo o mundo estava a atravessar. Tivemos sempre uma comunicação muito aberta, clara, de forma a que ninguém perdesse a motivação”. A verdade é que manter, durante meses a fio de pandemia, equipas motivadas e a lutar pelo bom nome da marca, não é, de todo, tarefa fácil. A Diretora Geral confessa que só foi possível porque “tenho uma equipa muito unida, preparada, que vive o trabalho intensamente. Este desenvolvimento interno para mim é muito importante”.
A prioridade da interlocutora enquanto líder é, efetivamente, o desenvolvimento das suas equipas. A mesma sustenta que se existir uma equipa motivada, forte e preparada, a empresa enfrenta o que for necessário, acrescentando que “na MTS trabalhamos com o coração. Existe muito respeito, que é também fundamental. Somos família, cerca de 100 funcionários, e apesar de sermos muitos, tentamos sempre manter esta proximidade e cuidado”.
Cada vez mais o mundo acredita que o futuro será escrito com uma liderança no feminino, e a prova disso é que cada vez mais há mulheres líderes no panorama social e laboral. Raquel Oliveira, é um claro exemplo disso mesmo. Mas será que é legítimo afirmar que existe uma liderança feminina e uma masculina ou, de facto, a liderança positiva, de valor e de excelência não é uma questão de género? A entrevistada garante que “Não deveria ser uma questão de género, mas sim de autenticidade. Sermos fiéis a nós mesmos”. Isto porque “as pessoas cometem erros graves quando não são elas próprias. Quando falhamos aos nossos valores, aos nossos princípios, criamos muitas vezes barreiras que nos impedem de avançar. Já errei, e todos estes erros de gestão aconteceram precisamente porque não fui fiel a mim mesma. Acredito numa liderança positiva, independentemente do género, onde prima a autenticidade e a valorização do que cada um de nós tem de bom”.
Raquel Oliveira: a mulher, a mãe e a generosidade
Para além de uma profissional de mão cheia, é, também, uma mulher e mãe orgulhosa das suas filhas, que “têm valores inqualificáveis e um coração enorme”, fruto do exemplo que desde sempre lhes tentou passar. “Eu sou uma mulher com um coração grande, que chora por tudo e por nada. Mas acima de tudo, choro de felicidade, emociono-me pelos gestos de amor. Que é o mais importante para mim. Aquilo que mais gosto de fazer é proporcionar evolução nos outros, e é isso que tento passar às minhas filhas e às minhas equipas, tanto desenvolvimento pessoal como profissional, dar-lhes as ferramentas de que precisam para serem a melhor versão delas mesmas. É isso que procuro em mim própria também”, confidencia Raquel Oliveira.
E se muito já foi o caminho desbravado até à data, a verdade é que, ainda hoje, ser mulher no seio empresarial levanta algumas questões. Isto é, “ainda há empresas que não dão as mesmas oportunidades de carreira e salariais a homens e mulheres. Há países altamente desenvolvidos que têm políticas sociais que sem querer penalizam a mulher”. Por este motivo, e tantos outros, sabemos que o processo é ainda demorado, o que torna preponderante não baixar a guarda por parte das mulheres, nem prescindir da sensibilização à sociedade para esta igualdade tão necessária.
Com os olhos postos no futuro, esta é a mulher que nunca deixa de sonhar. Ambiciosa, sonhadora e generosa, Raquel Oliveira está certa de que ainda tem muito por alcançar, em todas as vertentes em que se desdobra. “A nível profissional, lutar por manter o nosso nível de excelência e competitividade, sempre com amor. Há um projeto que me é muito querido que está agora a ser reativado. É um projeto de desenvolvimento das nossas equipas, e quero mesmo levá-lo a cabo e passá-lo para o resto do grupo MTS”, já a nível pessoal “quero muito aprender mais línguas, visitar imensos países e ler muito. Não devemos nunca de ter medo de ser quem somos, nem de nos darmos aos outros e fazê-lo de coração, sempre com muito respeito. Porque a realidade é que podemos fazer o nosso trabalho com o coração e ser extremamente eficazes e bem-sucedidos profissionalmente”, termina.