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Vitoriosos ou vencidos?

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Vitoriosos ou vencidos?

A Vitamina oferece uma variada gama de serviços, entre eles atividades de tempos livres, formações e dinamização de atividades culturais. Como ocorreu a sua recente entrada na Vitamina e a mais-valia que a sua experiência pode trazer à organização?
A Vitamina cresceu organicamente nos últimos 17 anos a partir da missão pessoal do seu fundador, Francisco Alvim, focada em proporcionar às crianças as melhores ferramentas para o seu desenvolvimento. O melhor da Vitamina, segundo os nossos clientes, é a sua equipa. O Dr. Alvim soube rodear-se de uma equipa de 180 colaboradores que trabalham em 18 escolas, e que partilham a mesma missão e valores, uma grande motivação e envolvimento. A pandemia golpeou fortemente a nossa sociedade e apareceram novas necessidades sociais. Os objetivos da minha incorporação foram, por um lado assegurar o crescimento da empresa e por outro, poder dar resposta a estas novas necessidades da sociedade, desenvolvendo a Vitamina Care, uma área com terapias, orientação vocacional, coaching de desenvolvimento pessoal e retiros espirituais.

Qual o porquê de a Vitamina oferecer retiros espirituais?
Na Vitamina trabalhamos há 17 anos para fazer crianças e jovens felizes e o resultado tem sido muito positivo, com um nível de satisfação de 98%. Pensamos que chegou o momento de contribuir também para a felicidade dos mais crescidos, e oferecer novos serviços que vão ao encontro das necessidades dos pais dessas crianças e dos adultos em geral. Estamos a viver tempos difíceis, guerra na Europa após dois anos de pandemia, crise energética, inflação, aumento dos casos de cancro, de depressão e de ansiedade. São tempos que exigem muito de nós. Todos merecemos ser felizes e todos podemos contribuir para que os nossos sejam mais felizes. Na Vitamina temos as ferramentas certas para ajudar nessa missão.

Um retiro pode ajudar-nos a ser felizes?
A pessoa mais feliz do mundo é um monge budista e explica a sua felicidade através da meditação. Vivemos numa sociedade muito virada para o exterior, muito sensorial e pouco espiritual. Para se ser bom num desporto ou tocar um instrumento musical é preciso treinar; para ser feliz, também. É fundamental treinar as nossas capacidades para sermos felizes e o coaching realizado por profissionais é uma grande ajuda. É possível ser feliz, nunca é tarde para encontrar um caminho melhor.

E há alguma idade para iniciar esse caminho?
Quanto antes melhor, com o livro “Aprende a ser feliz com Ago” as crianças podem iniciar esse caminho conscientemente aos três anos. O principal objetivo do livro é fazer as crianças se divertirem. Para ser feliz é preciso rir, descobrir novos mundos, aprender e partilhar, e essa é a primeira coisa que as crianças vivenciam com os contos do Ago. Além disso, ao longo das viagens do Ago são trabalhados aspetos como a amizade, a gestão da ansiedade, o trabalho em equipa, a pertença social, a identidade, a resolução de problemas, a criatividade e a proatividade. Ago e os seus amigos vão lutar contra o bullying, o etnocentrismo e os preconceitos. Outro aspeto importante é que “Aprende a ser feliz com Ago” faz com que as crianças se vejam no espelho e entendam os riscos do abuso das novas tecnologias e de hábitos e comportamentos não saudáveis. O livro incorpora materiais que promovem a reflexão, individual e coletiva, para poder trabalhar em casa ou na sala de aula, atitudes e comportamentos que ajudarão as crianças a serem mais felizes e a construir um ambiente mais saudável.

Como impede a sociedade atual de sermos felizes?
Segundo Bauman (2017) estamos a viver a “Modernidade Líquida”, um período em que a sociedade moderna se caracteriza pela constante mudança, flexibilidade e adaptação. Isso predispõe os indivíduos a desenvolver uma mentalidade adaptável a qualquer mudança possível, com uma forma de agir individualista e egocêntrica em que não há compromisso mútuo. Cada vez há menos preocupação pelos outros, menos tempo para dedicar às pessoas e menos vontade de amar; pelo contrário, há mudanças de valores, de trabalho, de estilos de vida, de posição social, numa insatisfação constante provocada por uma necessidade de consumir insaciável. Algo que é injetado digitalmente pelo neuro-marketing. Também há uma falta de valorização de tudo aquilo que temos, perante a promessa audiovisual de algo melhor, com que somos bombardeados constantemente pelos nossos dispositivos móveis.

Quais podem ser as consequências da “modernidade líquida”?
Algumas das consequências mais negativas poderão ser a progressiva morte do amor na sociedade atual, anunciada por Byung-Chul Han (2014), a falta de propósito e sentido na vida, o desaparecimento da espiritualidade em prol da racionalidade instantânea e individualista (enquanto irracional socialmente a longo termo), o sentimento de vazio, a ansiedade existencial, a destruição da nossa própria felicidade e a progressiva destruição do planeta.

Como podemos mudar isso?
Segundo Sztompka (1991) as mudanças sociais resultam da interação dinâmica entre dois níveis da realidade social: o nível da individualidade (indivíduos e grupos sociais: pessoas, coletivos, associações, movimentos, comunidades, entre outros) e no nível da totalidade (estruturas sociais: culturas, sistemas sociais, sociedades, grupos socioeconómicos, entre outros). A interação entre os indivíduos que atuam (mobilização) sobre os constrangimentos das estruturas (sociais) existentes torna-se a agência (práxis), que detém as potencialidades para a mudança. O Modelo de Interações Líquidas da Forest Therapy Hub entende as respostas de exposição à natureza como catalisadoras de ações que potencializam atitudes pró-sociais e pró-ambientais, influenciando o bem-estar dos indivíduos, da sociedade e do meio ambiente. Os banhos de floresta são uma componente importante dos nossos retiros, e também fazem parte das atividades que realizamos em algumas das escolas onde está a Vitamina.

Como ajudam os banhos de floresta no caminho da felicidade?
Os banhos de floresta, ou shinrin yoku, são umas técnicas japonesas que têm como missão promover a interação entre os seres humanos e a natureza para contribuir a saúde e o bem-estar das pessoas e do planeta. Quando contemplamos as montanhas, os oceanos, o céu estrelado e sentimos o vento a atravessar a floresta, percebemos que a modernidade líquida é na realidade uma miragem. A nossa existência passará rapidamente, e as montanhas, os oceanos, o céu estrelado e as florestas irão permanecer; não vamos viver mais por fazer tudo a correr, não conseguiremos ter mais por ter medo de perder. Às vezes quando se perde, ganha-se, é importante saber largar. Faz parte da nossa natureza sermos felizes, para isso devemos recuperar a nossa intuição. Se o nível da totalidade domina a nossa mente, e nos deixamos ir à deriva na modernidade líquida, esta nos arrastará como as cheias levam tudo o que encontram no seu caminho. Aí seremos vencidos, acabando afogados e, quem sabe, em que estado deixaremos as montanhas, os oceanos e as florestas. Em sentido contrário, se desacelerarmos neste fluxo descontrolado, e pararmos a contemplar a permanência das montanhas, dos oceanos, das florestas e nos conectarmos com o nosso interior através das atividades do shinrin yoku, deixaremos de ser controlados pela totalidade. E aí poderemos agarrar as rédeas da individualidade e conectar o nosso interior com a natureza e com a humanidade. Se nos permitimos amar, sentir a vida e dar valor ao que verdadeiramente importa, encontraremos o sentido da existência, redescobriremos o equilíbrio interior, seremos felizes e mudaremos o rumo da história, para ser vitoriosos em vez de vencidos.

E o yoga, como pode contribuir?
A ciência tem demostrado que o yoga pode efetivamente aumentar a nossa felicidade, a sua prática estimula o desenvolvimento de emoções positivas como a serenidade, a paz interior, a calma, o humor, a compaixão e a gratidão, emoções essas que contribuem para que a pessoa se sinta mais feliz. Também há um aumento da autorregulação, em que conseguimos identificar e gerir de forma mais eficaz os pensamentos, emoções e comportamentos. E o melhor é que esta capacidade, com o tempo, transforma-se num verdadeiro hábito, levando a um menor sofrimento e ao aumento da sensação de felicidade. Basta uma hora de prática para aumentar os níveis de GABA no cérebro, sendo que uma maior concentração desta substância reduz os níveis de depressão.

Em que consistem os retiros YIN?
Os retiros YIN (Yourself In Nature) realizam-se em locais únicos na natureza onde pode encontrar a paz e a calma que precisa para se encontrar com a sua essência e descobrir a natureza mais pura do ser. A beleza das paisagens onde nos encontramos alimentarão e inspirarão o seu espírito. Trata-se de um programa holístico de orientação no caminho da felicidade, através de coaching da felicidade personalizado com profissionais da área da psicologia, práticas de yoga e meditação, deliciosas refeições de alimentação consciente, banhos de floresta com orientadores certificados pela Forest Therapy Hub e outras atividades opcionais como reiki, coaching com cavalos (em colaboração com a Horsepower Balance), massagens, caminhadas, canoagem, entre outras. São retiros intensivos, a partir de três dias, em Portugal, para encontrar o caminho da vitória pessoal através da natureza e do encontro com o nosso interior, destinados àqueles que não duvidam em seguir o caminho da felicidade.

Para terminar, o que espera que a Vitamina traga ao cidadão em geral e que pode este projeto fazer pelo bem-estar e saúde mental dos portugueses?
A Vitamina tem uma função essencial na sociedade: contribuir para que as crianças e os jovens possam construir um futuro melhor. Nos retiros Yourself in Nature as nossas atenções estão viradas ao presente. Portugal está entre os três países europeus com maior prevalência de depressão e ansiedade. Dizíamos que a meditação é um caminho para a felicidade; a dependência tecnológica, tão presente nos nossos dias, representa o oposto; não desligar nunca, não dedicar tempo nenhum a cultivar o nosso eu interior, não só reduz a nossa perceção de felicidade, também nos desumaniza e aumenta a nossa ansiedade. Vivemos num mundo onde a imagem está sobrevalorizada e há uma grande falta de espiritualidade. A espiritualidade é o caminho para a bondade, a paz e a felicidade. Os retiros Yourself in Nature são uma solução para aqueles que querem sentir-se melhor e não sabem como e para aqueles que querem fazer do mundo um lugar melhor.