Início Atualidade “Temos de acabar com a estigmatização e preconceitos neste setor”

“Temos de acabar com a estigmatização e preconceitos neste setor”

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“Temos de acabar com a estigmatização e preconceitos neste setor”

Construído em Itália, o CBWEED foi criado em 2017, tendo a Cannabis como ponto comum no seu crescimento nos seus usos mais diferentes. No sentido de contextualizar juntamente com o nosso leitor, como é que a marca assume a sua dinâmica e se tornou bem-sucedida no nosso país?

Nerea Reche (NR) – Esta marca nasceu de uma paixão pela utilização desta planta de um ponto de vista terapêutico e saudável. A planta de Cannabis é uma grande desconhecida e vítima de estigmatização social. O facto de ter sido criminalizada e o seu acesso à investigação ter sido limitado durante tantos anos gerou uma falta de informação e, como resultado, aversão social e desconfiança. É por isso que a nossa missão é mostrar e informar sobre a realidade de que tem múltiplas utilizações (têxtil, ambiental, terapêutica, cosmética, entre outros) e inúmeras propriedades benéficas. Existe uma tendência mundial, especialmente em Portugal, para estilos de vida mais saudáveis e naturais que favorece o uso da planta Cannabis e envergonha esta estigmatização sem sentido, razão pela qual está a ter um acolhimento tão grande neste país. Seguindo os exemplos de países como os EUA e o Canadá, cada vez mais pessoas estão a usufruir dos benefícios desta planta.

Sempre com a missão de partilhar os benefícios e alta qualidade da nossa Cannabis, a CBWEED atravessou fronteiras e é agora um dos líderes europeus com mais de 50 franchisados em toda a Europa e mais de 800 retalhistas. Como tem sido realizado este processo de expansão e que impacto tem hoje a marca no mercado português?

NR – Neste momento já temos mais de 90 Franquias CBWEED na Europa, existe uma procura muito grande generalizada que acompanha a tendência europeia para a legalização. Em Portugal abrimos a primeira loja no final de 2020 em Carcavelos e, desde então, a expansão tem sido exponencial. Tem sido um grande desafio e aprendizagem poder acompanhar e participar neste processo até hoje e acima de tudo uma fonte de orgulho e satisfação ter alcançado uma grande parte da sociedade com os valores defendidos pela marca. O facto de termos a nossa própria produção biológica e controlarmos todo o processo de cultivo para garantir a qualidade do produto final é algo que nos tem diferenciado e favorecido a nossa expansão. Temos também excelentes colaborações e a nossa própria vasta gama de produtos, incluindo cosméticos naturais, alimentos, cultivo, acessórios, entre outros.

Malta tornou-se o primeiro país da União Europeia a legalizar a cannabis para cultivo e uso pessoal. A recente aprovação desta fábrica tem sido objeto de debate em Portugal. Qual é a sua opinião sobre esta questão e de que forma poderia esta ser uma excelente oportunidade para a CBWEED?

NR –  Para nós a tendência é absolutamente clara. Malta foi um dos primeiros a captar e regular esta realidade, mas todos os países estão a avançar de uma forma ou de outra no sentido da legalização e regulação do uso e cultivo de cannabis. Os governos não podem continuar a evitar esta questão e têm de começar a trabalhar numa regulamentação real e eficaz do uso e cultivo do Cannabis que reflita a sociedade portuguesa. Ignorância e falta de informação creio ser os nossos maiores inimigos nesta área, a educação sobre esta questão é necessária para que não continuemos com a estigmatização e preconceitos sem sentido. Tudo o que está a ser defendido tem uma base científica, e os estudos estão ao alcance de todos. Para nós e para todas as pessoas deste setor é não só uma oportunidade de continuar a crescer, neste caso com segurança jurídica, mas também no nosso caso um grande passo para a realização do nosso sonho, um sonho que é fruto de uma paixão, e que nos levou a arriscar e apostar em seguir e defender a nossa visão numa sociedade.

Uma das apostas da marca é no franchising. Então, quais são os bens mais valiosos de um franchisado CBWEED? Como é que a marca apoia e acompanha os seus franchisados? Quantos espaços existem em Portugal “feitos em” CBWEED?

NR – Neste momento temos 18 CBWEED Lojas abertas em Portugal desde que abrimos a primeira em novembro de 2020. Gostamos de falar de Família, porque é muito mais do que o franchising que nos une. A partir do momento em que nos contactam para informações, acompanhamo-lo e aconselhamo-lo sobre o negócio. Passamos então à montagem da loja através da montagem, formação e fornecimento de produtos. Este aconselhamento e apoio também se estende à vertente de marketing do negócio, que é essencial nos dias de hoje. CBWEED é sinónimo de qualidade e inovação, o facto de termos as nossas próprias plantações, permite ao nosso departamento de Investigação e Desenvolvimento melhorar as estirpes ano após ano, bem como cuidar da qualidade desde o início até ao fim da produção. Graças a este trabalho e dedicação, ganhámos vários prémios internacionais, como o mais recente para a melhor marca de Cannabis Light 2022. Outra atração do nosso modelo é não só ter a nossa própria marca mas também ter uma vasta gama de produtos naturais que estão constantemente a aumentar com o lançamento de novos produtos que respondem às necessidades dos nossos clientes e do mercado.

Carina Bernardes é um dos líderes e mentores do projecto CBWEED em Portugal. O que o levou a ser acreditado no projeto e de que forma a sua capacidade de liderança foi essencial para levar este projecto ao “sucesso”?

Carina Bernardes (CB) –  Sempre tive muita curiosidade sobre o mundo do cânhamo, de uma forma ou de outra. Adoro ler e como tal sempre li muito sobre este assunto e durante muitos anos tenho viajado, o que me permitiu conhecer diferentes países e culturas e a sua relação com a Cannabis. Sempre senti que tinha muito a contribuir para este mundo e que tinha muito a oferecer à sociedade. Assim, quando o dia chegou e senti a necessidade de me dedicar a algo que realmente me inspirou, não hesitei duas vezes e arrisquei com os meus parceiros para fazer parte deste movimento. Passar à gestão do negócio tem sido um grande desafio, especialmente com o crescimento que temos tido e penso que o mais importante de tudo isto é tudo o que aprendi e a experiência que adquiri. Gerir e dirigir pessoas dentro de uma organização é um dos trabalhos mais importantes e difíceis, mas também um dos mais gratificantes no meu caso.

Que análise perpetua da mulher no universo dos negócios e das empresas nos dias que correm? Sente que ainda existe aqui um longo caminho a desbravar para que a equidade seja cada vez mais uma realidade?

CB – Felizmente, acredito que a presença de mulheres no mundo empresarial está a tornar-se mais comum e importante e o nosso papel mais relevante. A um nível geral sinto que estamos no caminho certo, embora seja verdade que existem setores totalmente controlados ou liderados por homens onde ainda há muito trabalho a ser feito. No nosso caso, temos orgulho em ter mais mulheres em posições de responsabilidade e esta é uma   totalmente normalizada. Também temos cada vez mais mulheres à frente das nossas franquias. Sinto que o caminho está a ficar cada vez mais curto para alcançar esta verdadeira equidade.

Ser mulher, em algum momento da sua vida e carreira, foi impeditivo ou colocou entraves à realização de um objetivo? Se sim, de que forma isso alterou a sua trajetória?

CB –  Tanto no meu caso como no caso de Nerea tivemos a sorte de não ter tido de enfrentar este tipo de situação. E digo sorte porque estamos conscientes de que muitas mulheres têm sofrido estas dificuldades.

Na sua opinião, existe uma Liderança Feminina e uma Masculina, ou a Liderança positiva, inclusiva e promotora de valor não tem género?

CB – Sem dúvida, a liderança positiva não tem género. Acredito que são as qualidades e competências inerentes ao género que moldam esta figura de líder.

Sendo um exemplo claro de liderança feminina, e tendo consigo uma quota imensa de determinação, que mensagem gostaria de deixar a todas as mulheres, que tal como vocês, gostariam de trilhar um percurso de sucesso?

CB – Penso que o mais importante é ser claro sobre para onde se quer ir, ter um objetivo e acreditar no que se faz. Ter uma paixão e defendê-la. A partir daí é uma corrida de longa distância onde terá muitos solavancos, mas estes também ajudam a crescer. Dar o passo não é fácil e envolve riscos, o que, por sua vez, gera medo. Por conseguinte, penso que também é importante saber relativizar nesta vida e dar importância às coisas que realmente importam.

A terminar, o que podemos esperar de si e da CBWEED de futuro? Quais são os grandes desafios para o vindouro?

NR – Temos muitos projetos em curso tanto internacionalmente como aqui em Portugal, não podemos revelar demasiados detalhes, mas este ano trará definitivamente muitas surpresas. Em Portugal continuaremos a fazer crescer a marca e a melhorar a nossa estrutura e organização para sermos mais eficientes a cada dia. Penso que o nosso maior desafio é continuar a adaptarmo-nos ao mercado e continuar a crescer.