Sendo um centro protocolar, o CENFIM diligencia a formação, orientação e valorização profissional dos Recursos Humanos do Setor Metalúrgico, Metalomecânico e Eletromecânico. Tendo, atualmente, 13 Núcleos de Formação, como tem vindo o Centro a diferenciar e a inovar as suas competências ao longo dos tempos?
O CENFIM – Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica foi instituído em janeiro de 1985, por Acordo Protocolar do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), a Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) e a Associação Nacional das Empresas Metalúrgicas e Eletromecânicas (ANEME). A formação ministrada pelo CENFIM, tem por objetivo a promoção e apoio de ações formativas de curta, média e longa duração nos domínios da aprendizagem, qualificação e especialização, no setor metalúrgico e metalomecânico. Tem vindo a desenvolver a sua atividade a nível nacional, através de 13 Núcleos de Formação localizados em Amarante, Arcos de Valdevez, Caldas da Rainha, Ermesinde, Lisboa, Marinha Grande, Oliveira de Azeméis, Peniche, Porto, Santarém, Sines (com polo em Grândola), Torres Vedras e Trofa. Como se pode inferir, as localizações dos nossos Núcleos de Formação, seguem uma estratégia de implantação geográfica nas zonas de maior concentração das empresas do setor metalúrgico, metalomecânico e eletromecânico. Isto permite-nos não só um contacto muito próximo e dinâmico com as empresas do setor, mas também um elevado conhecimento das suas necessidades e expetativas. Aliás, um dos grandes reconhecimentos desta nossa dinâmica e interatividade é a elevadíssima taxa de empregabilidade dos nossos formandos, acima dos 95%. Cumulativamente, todo o nosso trabalho resulta de uma aposta firme num elevado know-how técnico, tecnológico e técnico-pedagógico em todos os domínios do processo formativo, numa perspetiva de inovação e desenvolvimento dos nossos métodos e processos de formação. Complementarmente à aposta na realização de uma formação profissional direcionada para o setor, prestamos também consultoria e apoio técnico e organizacional na implementação de planos integrados de formação e de desenvolvimento estratégico e organizacional. Apostamos também em parcerias consolidadas com Empresas, Organismos e Instituições, Escolas, Politécnicos e Universidades, tanto a nível nacional como internacional, em particular na coordenação e desenvolvimento de projetos de cooperação inovadores. A nossa aposta constante na melhoria contínua dos nossos serviços e processos, permitiram-nos obter diversas certificações nacionais e internacionais, nomeadamente no âmbito dos Sistemas de Gestão da Qualidade, Ambiente, Higiene, Segurança e Saúde, Recursos Humanos e Responsabilidade Social, para alem, naturalmente, de todas as certificações técnicas ligadas às profissões do setor.
Assim, o CENFIM promove formação contínua para trabalhadores, bem como o desenvolvimento organizacional das empresas. Em ambas as vertentes, de que forma se materializa esta missão?
Desde a sua criação, o CENFIM tem como estratégia fundamental procurar responder às necessidades de formação das empresas do setor metalomecânico. Neste sentido, promovemos Formação Contínua para Trabalhadores, na dupla ótica da melhoria das suas qualificações e da manutenção da sua empregabilidade, bem como o desenvolvimento organizacional das Empresas, através de intervenções especificamente dirigidas às PME’s, na ótica da sua modernização e aumento da sua produtividade e competitividade. Para além da vertente ligada à formação contínua de trabalhadores, garantimos também não só a formação e promoção da inserção profissional dos jovens, através da formação desenvolvida no âmbito do Sistema de Aprendizagem, Qualificação Inicial, Cursos de Especialização Tecnológica – CET e de Educação e Formação de Jovens-CEF, como também ministramos cursos de Educação e Formação de Adultos e Desempregados sempre com o objetivo de responder adequadamente às solicitações das empresas do setor da metalomecânica.
Sabemos que, além de ser uma entidade de âmbito nacional, também desenvolve a sua atividade nos países pertencentes à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Como analisa o caminho do CENFIM no espaço lusófono? Quão importante é, para o Centro, posicionar-se também neste meio?
Para além da atividade formativa o CENFIM tem participado ao longo dos anos em inúmeros projetos internacionais, não só na Europa, mas também na grande maioria dos países pertencentes à CPLP, em particular desde 1992, em países africanos de língua oficial portuguesa, nomeadamente Angola, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé, sendo que esta cooperação, de extrema importância para nós, tem vindo a crescer de forma sustentável ao longo dos anos, existindo da nossa parte e dos nossos parceiros, a vontade e o empenho na criação de condições não só para a sua manutenção, mas também para o seu crescimento e desenvolvimento futuros. As áreas em que se têm desenvolvido os projetos de cooperação entre o CENFIM e as diversas instituições parceiras nos países da CPLP, têm abrangido todas as atividades ligadas à formação profissional, não só as atividades formativas, mas também as atividades de apoio técnico relacionadas com a organização e gestão das organizações, nomeadamente:
▶ Apoio técnico à implementação, gestão e coordenação de instituições de formação profissional;
▶ Formação profissional em diversas áreas, de acordo com as necessidades detetadas tanto em empresas/organizações como nas regiões onde estão inseridas, nomeadamente nas áreas da: Produção (soldadores, caldeireiros, tubistas, operadores de máquinas, entre outros.), Organização e Métodos, Orçamentação, Gestão e acompanhamento de Projetos, Recursos Humanos, Manutenção (Eletricidade, Mecânica, Eletromecânica/Mecatrónica, entre outros.), Higiene e Segurança no Trabalho, Sistemas de Gestão (Qualidade, Ambiente, Higiene e Segurança e Recursos Humanos), Comportamental, Tecnologias de Informação, entre outros.;
▶ Apoio técnico à gestão e organização da formação em empresas/ organizações, através da realização dos respetivos diagnósticos de necessidades de formação e da consequente elaboração e implementação dos seus planos de formação.
A CPLP, por sua vez, comemora 26 anos de vida a 17 de julho de 2022. Estando o CENFIM a par destes anos percorridos, qual tem vindo a ser o papel desta Comunidade e da sua união empresarial e formativa, não só para os países integrantes, mas também a nível mundial?
Sendo objetivos da CPLP a concertação política e a cooperação nos domínios social, cultural e económico, onde, para além de outras áreas, há um foco importante na Educação, sendo a língua comum uma vantagem e um veículo por excelência no estreitamento dos laços não só afetivos e culturais, mas também na implementação de projetos de desenvolvimento social e económico, em que os pilares da Educação e Formação Profissionais, são vetores fundamentais. Naturalmente que a dimensão e alcance da língua portuguesa no Mundo complementada com a importância político-económica do universo lusófono e com o papel agregador da CPLP no aprofundamento da cooperação entre os Países integrantes, tem permitido uma maior visibilidade internacional e o potenciamento do seu valor estratégico tanto no plano político, como no plano económico.
Considera que as relações estabelecidas entre os países de língua portuguesa têm vindo a crescer de forma sustentada? No que concerne ao CENFIM e ao setor onde se insere, que resultados têm emergido desta cooperação de longos anos?
Sem dúvida. Apesar de todas as contingências que nos últimos anos têm vindo a afetar o desenvolvimento de planos e estratégias ao nível das relações internacionais, seja na implementação de projetos económicos, ou nas áreas da Educação e Formação Profissionais, essas relações não têm sido afetadas, estando neste momento a notar-se uma retoma já bastante visível de antigos e novos projetos, que permitem ter boas expetativas relativamente ao futuro das relações entre os Países da CPLP. Em relação ao CENFIM, apesar das dificuldades e de alguns ajustamentos aos projetos em curso, estes de facto nunca foram suspensos e, neste momento, temos já em fase de implementação novos projetos, nomeadamente com países integrantes da CPLP.
Em que medida a inovação que o CENFIM estabelece como pedra basilar da sua atividade, tem vindo a ser um valor acrescentado para o sucesso e reconhecimento da CPLP?
De facto, toda a atividade formativa do CENFIM, tem como pilar fundamental, entre outros naturalmente, a Inovação tanto ao nível técnico e tecnológico, procurando acompanhar o que de melhor e mais avançado se projeta e pratica no setor, como ao nível de métodos e processos formativos, nomeadamente: Através da sistematização, interna dos seus processos de I&D, que já decorriam desde a sua origem, criando as Equipas de Conceção e Desenvolvimento (EC&D), com o objetivo de, num trabalho contínuo e integrado, acompanhar, estudar, rever e elaborar novos referenciais de formação, manuais e materiais pedagógicos, desenvolvimento de processos RVCC em consonância com as entidades oficiais, nomeadamente, entre outras, com a ANQEP (através dos CSQ – Conselhos Setoriais de Qualificação); Como resultado de um projeto internacional (a nível europeu) em que o CENFIM foi a entidade coordenadora, que permitiu desenvolver projeto designado OIF- Oficina Individual de Formação, numa primeira fase direcionado para o CNC, estando a ser alargado a outras áreas técnicas e tecnológicas. De salientar que este projeto está já em pleno funcionamento nos Núcleos do CENFIM. De forma sucinta a abordagem OIF (Oficina Individual de Formação) permite assegurar que cada Formando encontrará as condições próprias para a sua aprendizagem, escolhendo os seus horários e adequando-os, dia a dia, à sua disponibilidade. Permite também que progrida na sua formação ao seu próprio ritmo, de forma individualizada, utilizando recursos inovadores, baseados em contextos reais de fabrico, que são introduzidos através de casos de estudo e kits práticos. Salientamos que, apesar de o formando desenvolver a sua formação de forma autónoma, tem sempre que necessário e/ou requerido o apoio de técnicos e formadores do CENFIM. Relativamente à CPLP, o CENFIM tem procurado, em todos os projetos internacionais em que participa, integrar sempre as melhores práticas e os métodos e processos formativos e tecnológicos mais avançados, da mesma forma que os implementa nos seus Núcleos de Formação em território nacional.
Por fim, que projetos a nível nacional e ainda nos países de língua portuguesa estão a ser planeados para o futuro do CENFIM?
Quanto ao futuro, o CENFIM continuará a trabalhar, como tem sido o seu historial, plenamente focado em procurar melhorar continuamente os seus métodos e processos, tanto ao nível organizativo, como dos serviços que presta, tentando inovar e implementar sempre o que de melhor e mais avançado se produz no setor. Naturalmente que não descuraremos nunca a proximidade e a colaboração com o setor empresarial em particular e com todas as organizações em geral (tanto a nível nacional como internacional), seja na formação dos seus quadros e na inserção de novos profissionais qualificados, seja no apoio à organização e inovação, nos projetos para os quais formos solicitados. Quanto a projetos em que estamos envolvidos a nível nacional, destacamos, entre outros, a revisão dos currículos formativos do Quadro Nacional de Qualificações, em colaboração com a ANQEP, e a ampliação da OIF a outras áreas formativas, para alem dos trabalhos das nossas equipas de EC&D. Naturalmente que, a nível internacional, para além dos projetos com os países lusófonos que referiremos em seguida, continuaremos com os nossos projetos no espaço europeu. Ao nível dos Países integrantes da CPLP, continuaremos com os nossos Projetos, nomeadamente com Moçambique cujo Acordo de Cooperação estabelecido e homologado pelos Governos de Moçambique e Portugal tendo como objetivo o apoio à reconversão e funcionamento do Centro de Formação Profissional da Metalomecânica (CFPM), em Maputo, assinado no ano 2000, continua em pleno desenvolvimento. Ainda em Moçambique destacamos também o nosso Acordo de Implementação do projeto + Emprego – Parceria Público-Privada para o Emprego dos Jovens em Cabo Delgado assinado com o Instituto Camões que teve início em 2021 que consiste em dois tipos de atividades: diagnóstico em termos de laboratórios, equipamentos de formação disponíveis e caraterização dos formadores e respetivas competências e Formação Técnica de Formadores das instituições moçambicanas envolvidas (IFPELAC, IICP, UNILURIO) nas áreas da Soldadura, Eletricidade Industrial e Manutenção Industrial/Eletromecânica. Relativamente a Angola, para além da colaboração com o setor empresarial, temos em curso vários projetos de cooperação no âmbito do RETFOP – Revitalização do Ensino Técnico e da Formação Profissional de Angola, cuja entidade promotora é o Instituto Camões, para apoio ao desenho de ofertas formativas de dupla certificação e apoio à melhoria das instalações e equipamentos laboratoriais/oficinais em instituições angolanas abrangidas pelo projeto. Com Cabo Verde temos em curso um Protocolo de Parceria Técnica e Científica para a Formação na área da metalomecânica e CNC, para formação de Jovens cabo-verdianos em instituições de formação em Portugal, celebrado em 2019 com o Governo de Cabo Verde, sendo um dos subscritores o CENFIM, estando planeado o seu início com a realização de duas ações de formação na área do CNC, no CENFIM da Marinha Grande, destinadas a 20 Formandos. Quanto a este projeto realçamos aqui a grande dificuldade e o enorme papel que a CPLP pode ter no âmbito da Mobilidade dos Jovens selecionados, visto que a questão dos vistos tem sido o fator principal no protelar do início das formações previstas. Também com Cabo Verde, o CENFIM mantem desde 2015 um Protocolo de Parceria com o Centro de Energias Renováveis e Manutenção Industrial – CERMI (renovado em 2019), para colaboração nos mais variados domínios da formação profissional em áreas técnicas do interesse das duas instituições.