O Município de Porto de Mós é, como sabemos, essencialmente industrial, predominantemente na indústria da calçada portuguesa – a que tem levado, ao longo dos anos, o seu nome a percorrer mercados internacionais. Mas a realidade é que tais conquistas, em muito se devem ao facto de Jorge Vala, se mostrar um parceiro ativo das empresas promovendo a sua dinâmica. O mesmo garante que, “este é um setor economicamente muito importante. A exploração e transformação da Pedra são fatores determinantes para o desenvolvimento económico e social do Concelho, portanto, temos naturalmente que estar ao lado destes empresários”. E como é que a entidade acompanha estes empresários? “Num primeiro momento no setor da extração, definindo bem as zonas que podem ser exploradas, de que forma explorar, e durante quanto tempo é que o podem fazer. Este processo está concluído, que são os chamados Planos de Intervenção em Espaço Rural, e não nos podemos esquecer que aqui estamos a trabalhar dentro de um parque natural com rede natura 2000, com reserva ecológica, e ainda assim, o setor da pedra tem condições para poder explorar com potencial. Sob o ponto de vista da transformação temos algumas empresas de topo nacional que são as principais exportadoras, algumas delas aqui do concelho”, sustenta.
A verdade é que este é um município que está em fase de ampliação da sua zona industrial, um investimento de cerca de 5 milhões de euros, com o propósito de instalar várias empresas quer do setor da Pedra, mas também da sua vertente tecnológica e da sua transformação. O que, para quem trabalha na área, significa um grande alento e apoio da parte da Câmara Municipal, até porque, “temos efetivamente algumas empresas que estão interessadas em adquirir os lotes para se poderem instalar e expandir nesta zona industrial que é geograficamente muito interessante porque estamos ligados aos principais eixos rodoviários do país e esta ligação abre portas para que rapidamente esta zona industrial tenha a totalidade dos seus lotes ocupados”, afirma o interlocutor.
No reverso da moeda, o maior desafio do setor, continua a ser a falta de mão de obra, o que levou a que as suas grandes apostas, nos últimos anos, tenham vindo a ser na vertente tecnológica, criando laços com a academia, com o intuito de tornar o setor mais atrativo sob o ponto de vista daqueles que têm formação académica, porque a verdade é que “a evolução leva a que os equipamentos sejam cada vez mais digitais e necessitem de especialização”.
STONE – Feira da Pedra Natural
A STONE, é a feira de referência no setor da Pedra Natural, escolhida como palco para os fornecedores do setor apresentarem ao mercado as suas soluções e propostas, o que beneficia não só os mesmos, mas a região onde se realiza, uma vez que atrai pessoas ao local. Jorge Vala assegura que, “a dinâmica do setor está muito aqui, na região centro, portanto faz todo o sentido que a feira se realize aqui. É fundamental sobretudo porque atrai novos visitantes, novas pessoas para a economia local, naturalmente que trazendo empresários ligados ao setor, quer estrangeiros, quer do país. Estamos com certeza, a acrescentar valor ao nosso território”. Depois de dois anos de paragem, o acontecimento do evento em 2022, torna-se fulcral, não apenas para “se mostrar”, mas principalmente, porque se vive uma altura em que é essencial discutir o futuro do setor, as sua políticas de win-win, a economia circular, e ainda, “para se debater a conjugação de um setor que é altamente estigmatizado pela sociedade sobretudo sob o ponto de vista ambiental e poder, de alguma forma, desmitificar esta problemática e trazer o setor até ao comum cidadão”, sustenta Jorge Vala. Certo é, que o percurso do setor da Pedra Natural, se mostra longo. Principalmente porque ainda hoje, não é tão valorizado quanto devia. Para o Presidente da Câmara de Porto de Mós, “esse percurso tem que ser feito essencialmente pelos empresários, que precisam de se unir e de abrir portas de dentro para fora, mostrar às pessoas que o impacto deste setor pode ser negativo durante o período de exploração, mas a partir de determinado momento podemos dar-lhe uma vida diferente, corporizar arte através da pedra, e integrar a arte no todo do território. A arte pode mesmo ser o ponto de viragem do setor”.
Esta é já a 5ª edição do certame e a verdade é que a aposta, anualmente, no acontecimento do mesmo, em muito contribui como alavanca ao setor da Pedra. Isto porque, “o setor tem sempre a ganhar quando mostra, sobretudo quando mostra a mais, do que apenas aos seus clientes e esta é a oportunidade para fazê-lo e sobretudo é um momento importante em que todos se conhecem. Todos conhecem o produto de todos e as suas inovações, e, portanto, participar numa feira, quer como expositor, quer como visitante, é sempre algo de importante porque acabamos por estar aqui todos a abrir as portas a todos”, sustenta o entrevistado.
O Futuro
É de conhecimento geral que Portugal é um dos principais players mundiais no negócio da Pedra, o que incita a perspetivar um futuro risonho. “Penso que o setor está a evoluir caminhando para processos de economia circular, em que todo o produto extraído pode ser rentabilizado e tem mesmo que ser assim. Porque cada vez mais os custos de exploração aumentam e, portanto, os processos têm que tendencialmente, melhorar. O setor tem, inevitavelmente, que estar todo ligado porque se não estiver todo ligado, o futuro é mais complicado, até porque os recursos são esgotáveis, o território é gerador de cada vez mais condicionantes. É necessário que estejam juntos e empenhados em ter um ponto de vista comum e é a partir daí que se iniciam processos conjuntos”, garante Jorge Vala.
No que diz respeito ao Município de Porto de Mós, as novidades também não tardam, e os próximos tempos, prevêem-se de uma positiva agitação. Orgulhosamente, o Presidente, confidenciou que “temos mais alguns projetos culturais ligados a esta arte da Pedra. O grande projeto que temos é a inauguração da central das artes, que é uma antiga central termoelétrica que foi reabilitada para um espaço ligado à cultura. A inauguração irá acontecer no dia 25 deste mês, junho, com uma exposição precisamente de pedra, do escultor Luís Amado”. Com a certeza de que este é um caminho inesgotável, “é este o trajeto que estamos a delinear, sem nunca deixar de ser um parceiro ativo do setor e de todos”, termina.